Preservar o Patrimônio Histórico: além do centro histórico
Luciano Capistrano
Professor/Esc. Est. Myriam Coeli
Historiador/SEMURB / Parque da Cidade
O Brasil possui desde 1937, uma legislação referente à preservação do Patrimônio Histórico. O Decreto-Lei nº 25 de 30 de novembro, do ano supracitado, assinado pelo Presidente Getúlio Vargas e o ministro da educação Gustavo Capanema. O objetivo deste Decreto é organizar a proteção do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Desde, então, avançamos num arcabouço jurídico preservacionista do nosso Patrimônio Histórico. Nas esferas estaduais e municipais, também contamos com instrumentos jurídicos de proteção patrimonial.
Tudo legal, então, se contamos com instrumentos legais protetores do nosso Patrimônio Histórico a memória não está ameaçada. Ledo engano. O Patrimônio Histórico corre, sim, riscos, muito são os entraves para a efetivação de uma política de valorização dos nossos ‘lugares de memória’.
Neste artigo buscamos tratar desta temática apresentando alguns monumentos históricos localizados na Zona Norte de Natal. Lugar importante para a cidade Pouco se tem dito sobre o Patrimônio Histórico localizados naquela região. A Zona Norte de Natal, não poderia ser diferente, possui um rico Patrimônio Cultural, necessitando, então, ter um olhar, um cuidar, através de políticas públicas voltadas para a preservação da memória.
A Redinha praia da cidade no lado norte, tem neste acervo cultural duas manifestações do mundo imaterial bem enraizadas e simbólicas daquela localidade, me refiro ao bloco carnavalesco Os Cão e a iguaria Ginga com Tapioca, tradições genuinamente da Redinha. Aproveitando o balanço de suas ondas, caro leitor, destacamos ainda o mercado, a capelinha dos pescadores, a igreja de pedras, o clube da Redinha, o cemitério dos ingleses e a festa do caju, como monumentos culturais fundamentais na preservação da memória da urbanização desta praia. Entender a Redinha e seus moradores e veranistas, é compreender seus lugares de memória.
Ao passar pelo rio Potengi, atravessando a antiga ponte velha, nos deparamos com uma estrutura de ferro, ainda sobrevivente das intemperes do tempo e da ação humana. Construída em 1916 tem a marca de um momento de desenvolvimento da capital, simbolizou a ligação do centro político e econômico do estado com as regiões distantes, possibilitando um meio rápido de transporte de passageiros e mercadorias. Hoje significa muito para a memória, não apenas, da estrada de ferro, pois "a parte sobrevivente" transforma-se no tempo presente num lugar de memória, em que as gerações atuais e futuras poderão conhecer melhor o processo de expansão da capital potiguar.
Enfim amigo leitor, que ecoe, nos órgãos de defesa do Patrimônio Cultural - IPHAN (Instituto Histórico e Artístico Nacional), Fundação José Augusto, FUNCART (Fundação Capitania das Artes) e a SEMURB (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo) - , e na sociedade, a recomendação da Convenção da Unesco/1972 referente a Salvaguarda do Patrimônio mundial, cultural e natural, em seu Art. 4º: " Cada um dos Estados-partes na presente convenção reconhece que a obrigação de identificar, proteger, conservar, valorizar e transmitir às futuras gerações o patrimônio cultural e natural, situado em seu território, incumbe-lhe primordialmente." Eis o desafio, proteger nossa memória além do centro histórico.
Foto: Tyego Franklim - Antiga Ponte de Igapó
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