quinta-feira, 18 de abril de 2019

Do Museu Nacional à Catedral de Notre-Dame: Uma dor renovada.


Do Museu Nacional à Catedral de Notre-Dame: Uma dor renovada.
Luciano Capistrano
Historiador e Professor

         Eram por volta das 15:30, intervalo das aulas, quando meu amigo Professor Bartolomeu, mostrou a imagem da Catedral de Notre-Dame em chamas, impactante, sem palavras, fiquei por algum tempo a olhar a triste cena das labaredas a consumir oito séculos de história. Eu e o mestre, Bartolomeu, nos lamentando a perda para a humanidade de tão importante Patrimônio Cultural. No mesmo instante nos lembramos do incêndio do Museu Nacional, ocorrido na noite do dia 2 de setembro de 2018. As cinzas consumiram anos de história, naquela noite quente do Rio de Janeiro, agora, na segunda feira, do dia 15 de abril de 2019, as cinzas consomem a Catedral de Notre-Dame.
387 degraus, a cada degrau memórias afetivas, culturais, religiosas. Diversas eram as marcas impressas em cada um indivíduo, feito tatuagem, que viveram a experiência privilegiada de conhecer a Igreja erguida, entre 1166 e 1245, belo templo cristão, de estilo gótico a subir nas alturas dos céus de Paris. Lugar da fé católica, dedicada à Virgem Maria. Lugar de grande importância para o mundo católico.
          Catedral de Notre-Dame, para além do religioso, uma referência cultural para a humanidade. Seu altar, seu piso, suas paredes... testemunharam a coroação de Napoleão Bonaparte, a beatificação de Joana D’Arc e a coroação de Henrique Vi da Inglaterra.  Momentos que fazem parte da história da para além das fronteiras da França.
        O Corcunda de Notre-Dame, escrito por Victor Hugo, “nasceu” nos arrabaldes da Catedral, o cotidiano parisiense, descrito pelo grande escritor, confundia-se com a presença da edificação, de estilo gótico, cenário para o clássico da literatura universal. 

“A catedral já se encontrava deserta e na penumbra. Nas laterais da nave, as lamparinas das capelas começavam a brilhar, com as abóbadas mergulhadas em plena escuridão. Somente a grande rosácea da fachada, com seus mil coloridos banhados ainda por um raio horizontal de sol, reluzia na sombra como um punhado de diamantes, projetando no outro extremo da nave seu espectro deslumbrante.” ( https://sanderlei.com.br/PDF/Victor-Hugo/Victor-Hugo-O-Corcunda-de-Notre-Dame.pdf, p. 292, acessado em 16/04/2019)

            A Catedral de Notre-Dame, é personagem importante na trama tecida por Victor Hugo, inclusive a repercussão de seu livro contribui para, de certo modo, a proteção da Igreja, pois , as “chamas” da Revolução Francesa são contidas quando se lançam sobre a monumental construção gótica .
            As cinzas vistas nos céus de Paris, reacenderam a chama de alerta com relação dos Patrimônios Culturais, ao pensar a Cidade Luz, Paris, passando por uma dor sentida, por todos nós, quando do incêndio no Museu Nacional, na Cidade Maravilhosa, o Rio de Janeiro, faz necessário uma política rigorosa com relação a preservação destes lugares de memórias.

    Foto: Marcelo Sayão/ El País - Museu Nacional, no triste 2 de setembro de 2018.

    Imagem: AFP - Catedral de Notre-Dame , no triste 15 de abril de 2019.
            A dor sentida no triste 2 de setembro de 2018, reapareceu com as labaredas do dia 15 de março de 2019, finalizo este curto artigo, escrito com os olhos cheios de lágrimas, evocando a sociedade potiguar, visitemos nosso lugares de memórias, façamos esforços no sentido de valorizar estes espaços e lutemos por uma política de preservação. Do Museu Nacional á Catedral de Notre-Dame: Uma dor renovada.

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