sexta-feira, 14 de abril de 2017

A vida é bonita ... apesar de tudo


A vida é bonita ... apesar de tudo!¹
Luciano Capistrano
Professor: Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador: Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte

 

Vida
Errante,
Vida Inteira,
Nômade sem destino,
Viver, sofrer, morrer,
Labirinto de ilusão,
Tempo finito.
(Luciano Capistrano)

          Enfim, sobrevivemos a 2016, um ano de muitos sobressaltos, foram tantas emoções, opa, isso é privilégio de 2016? Não, claro que não, viver é assim, um rio de correntezas incertas, em alguns trechos águas agitadas, em outros, córregos de pura tranquilidade, é a vida, como disse Gonzaguinha:

" ... E a vida? Ela é alegria ou lamento?
O que é? O que é, meu irmão?
Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo,
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo, ...
Ele diz que a vida é viver,
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é, e o verbo é sofrer...
Fico com a pureza das respostas das crianças:
É a vida! É bonita e é bonita!
É a vida! É bonita e é bonita!"
(O que é, o que é? Gozaguninha)

          A folha do calendário, já, nos apresenta o novo ano, 2017, um tempo de novos/velhos desafios, crise política, econômica, uma onda de intolerância, a nos assustar, pelo menos a mim, aquém pense o contrário, que bom, existe o outro. Não gostaria de crer ser o dono da verdade. Penso, e, desejo, ser alguém receptivo ao diálogo, neste sentido, apto a mudar de opinião.
         A época não estar muito afeta a democracia, aqui, e no restante do mundo, presenciamos o crescimento do ódio étnico, lideres propagando a "construção de muros", assistimos o aumento de ataques terroristas, discursos e atos, faces de uma mesma moeda; a intolerância. Meu amigo velho, sou a favor da democracia, não acredito na força autoritária como caminho de resolução para os nossos problemas sociais.
         Me causa espanto, ver grupos de cidadãos brasileiros levantarem bandeiras: "Intervenção Militar Já", para estes, afirmo: o Brasil precisa de uma overdose de democracia. Faz necessário, que a "multidão" silenciosa, participe, crie novos espaços de participação nas formulações das políticas públicas do Estado Brasileiro. É necessário ouvirmos a voz, vinda do passado, a voz de Rousseau, quando dizia, o pensador iluminista, ser fundamental que o cidadão se importasse com as "coisas do estado".
         Vivemos um desdém com a política, existe uma onda perigosa de desmoralização da política, digo, da Política com P maiúsculo. E, amigo velho, corrente ditas de direita e de esquerda, contribuem para o descrédito com a política, e, este descrédito é perigoso, sempre que aconteceu o desdém com o fazer político, abriu-se espaço para "salvadores da pátria", geralmente inescrupulosos construtores de governos autoritários. Ditadura nunca mais!
         Quando faço essas divagações, ouço notícias sobre o caos do sistema penitenciário brasileiro, facções dominam presídios de "segurança máxima". Triste realidade de um país de tantas riquezas, infelizmente temos uma elite política sem nenhuma, na sua maioria, vocação republicana, no sentido estrito da palavra.
         O pior, é termos embarcados nessa onda, como nos tempos do velho Ademar de Barros, "rouba mas faz", nesta lógica, construíram um "mundo esquisito" de penitenciárias com pisos, paredes, que se esfarelam igual a grãos de areia, hospitais onde falta de tudo, pacientes de câncer em listas de espera, intermináveis, para fazerem cirurgias de prostras, ciclovias que caem ao serem banhadas pelo mar, obras intermináveis superfaturadas... Triste realidade.
          Como pode? Estados e municípios, quebrados?
          Sediamos grandes eventos esportivos e religiosos, a "Jornada da Juventude", "Pan Americano", "Copa do Mundo", "Olímpiadas", sim o Brasil foi rota dos grandes eventos mundiais, nossas cidades viraram verdadeiras "babilônias". Me parece que o dinheiro gerado com estes eventos desceu pelo ralo da corrupção.
         E o caos continua em nossas cidades, aumento do desemprego, déficit de habitação, aumento do tráfico, índices alarmantes da violência, viver ficou perigoso. Não andamos nas ruas sem medo. As cidades estão sitiadas, perdoe-me o tom pessimista.
         Finalizo com o canto de Gonzaguinha: "... a vida é bonita, e é bonita..." Apesar de tudo.

1. Artigo publicado originalmente, em janeiro de 2017.

Foto: Luciano Capistrano - Um olhar, um celular, uns clicks - Da UFRN, eu vejo a cidade.

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