Não quero uma rede e brisa, quero ser valorizado como PROFISSIONAL
Luciano Capistrano
Professor: Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador: Parque da Cidade
Em 2007 fui nomeado historiador da Secretaria de Meio Ambiente do Município de Natal, momento de muita alegria e de uma boa aflição, pois, eu, naquela época era professor do da rede de ensino estadual e da prefeitura de Parnamirim. A boa dúvida: o que fazer? Não assumir o cargo da SEMURB ou pedir exoneração da prefeitura de Parnamirim? Uma das questões era o salário, a prefeitura de Natal, pagava ao profissional de nível superior um pouco mais do que o salário mínimo, e, com um agravante, ainda tinha o tal do abono. Como professor de Parnamirim, existia o rateio do FUNDEB, um bom complemento salarial.
E o encanto de exercer o oficio de "historiador"? Me encantava o fato de pode ser professor e historiador, bem, nessa feliz "peleja", quem me apontou o caminho a seguir foi o Professor / amigo, Francisco Carlos, meu antecessor no cargo de historiador. Francisco Carlos me fez ver ser importante para minha formação e para o meu bem-estar, conciliar o meu ofício do magistério com os caminhos de Clio. Feliz decisão, optei em ser Historiador.
HISTORIADOR
Clio memórias
Descortina ações
Constrói histórias
Leituras documentais
Vestígios rupestres
Papéis, oralidades
Historiadores
Interpretes de passados
Esquecidos
Nos corredores obscuros
Do poder
Ofício de dizer
O esquecido por muitos!
(Luciano Capistrano)
Amigo velho, ao fazer essas referências inicias sobre minhas escolhas profissionais, me move a certeza de não ser resultado de mim mesmo, sou muitos. Trago tatuado em meu ser, os encontros e os desencontros da vida. Do labutar diário nas lides do magistério a trincheira aberta por Heródoto.
Sou professor
Sou baile de favela
Sou ritmos
De saberes dialógicos
Sou Karl Marx
E seus caminhos sobre a mais-valia
Sou Santo Agostinho
Das suas cidades
A cidade de Deus
A cidade dos homens
Me fiz Freinet
Em sua pedagogia construída
Me fiz Freire
Na sua pedagogia do oprimido
Me fiz historiador
Nos extremos
Do Hobsbawm
Aos caminhos coloniais
De Capistrano
Nesse ofício
Me fiz professor
Ao sabor
Dos africanos
Dos europeus
Dos indígenas
Das lições
De Darcy
Da Casa Grande e Senzala
De Freyre
Das Raízes do Brasil
Me fiz Sérgio
Nesse fazer pedagógico
Verso a escola plural
Não doutrinária
Da escola sem partido
Me fiz crítico
Da poesia
Sem rimas
Faço meu planejamento
Diverso
Dialógico
Contrário à pedagogia
Bancária
Não crítica
Me fiz professor
Crítico.
(Luciano Capistrano)
Na SEMURB, vivi a alegria de participar de belos e importantes projetos: o Anuário Natal; Natal Cidade Memória, projeto que virou livro e uma exposição itinerante; Circuito Histórico, cartilhas, Cidade Alta/Ribeira e Alecrim; Da Sala a Praça, projeto de Educação Patrimonial; Memória Minha Comunidade, projeto de pesquisa histórica sobre os bairros de Natal, produzimos um importante acervo sobre o Conjunto Cidade Satélite, o Alecrim e o bairro Lagoa Azul, entre outras ações, fruto do trabalho em equipe. Uma verdadeira "especialização" sobre a história urbana de Natal.
Continuo. Continuo nessa jornada de aprendiz, procurando me inspirar em bons profissionais, em bons seres humanos: Samya Maia, Fernando Medeiros, Vilma Lucia, Jamila Lorena, Carlos da Hora, Andréa Garcia, Victor, Matheus, "Gabrielas", Tyego, Thaiany, Gustavo, Marina, Monaliza, Daniel, "Anas", Joab... Poxa, são tantos os companheiros e companheiras de labuta nos corredores da SEMURB, a todas e todos meu agradecimento.
Na ESCOLA ESTADUAL MYRIAM COELI, me vi diante de uma equipe de professoras e professores comprometidos, ousados e plantadores da utopia. Lá, no conjunto Nova Natal, zona norte de Natal, uma escola pulsa as alegrias e as tristezas do fazer pedagogico, tenho certeza que muito aprendi e aprendo diariamente. Não citarei nomes, seria injusto, foram muitos, a memória pode me trair, então, prefiro agradecer a todas e todos, dessa bela comunidade escolar onde estou desde 2008.
Sou servidor público, apesar de tudo, acredito no serviço público de qualidade, assim, busco contribuir ou melhor, retribuir para a sociedade, com meu trabalho, a oportunidade de pertencer aos quadros efetivos da SEMURB e da ESCOLA ESTADUAL MYRIAM COELI. Diante dos ataques, das ações sofridas ao longo dos anos, ainda creio ser possível e necessário a valorização do profissional do serviço público.
Finalizo com a esperança de quem, já a caminho, ainda um pouco distante, da aposentadoria, crer no serviço público, luta por valorização profissional e exerce o oficio de forma comprometida com o bem fazer, o bem servir. Não quero uma rede e brisa, quero ser valorizado como PROFISSIONAL.
Nenhum comentário:
Postar um comentário