Da
morte do estudante
Edson Luís ao
famigerado AI5:
Sangra-se
as liberdades.
Luciano
Capistrano
Professor:
Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador:
Semurb/ Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte
No
dia 28 de março de 1968, um jovem estudante secundarista, Edson Luís
de Lima Souto, foi morto em um conflito entre estudantes e a Polícia
Militar. O cenário de “guerra” aconteceu no restaurante
Calabouço, o uso de armas de fogo, por parte das forças de
segurança pública, causou a morte de um jovem, em meio ao agitado
ano de 1968. Nesta
época,
os “ventos” vindos de diversas partes da Europa, principalmente
da
França, incentiva, em todo Brasil uma reação de parte da sociedade contraria ao rompimento do
processo democrático ocorrido com o golpe militar civil de 1964.
O
ano de 1968 é um capítulo importante na mobilização contra o
golpe, as praças são ocupadas, o grito por democracia ecoa em
diversos lugares do país. A morte de Edson Luís, causa uma comoção
em setores, antes silenciados, a classe média vai as ruas protestar
contra as ações autoritárias implantadas com os generais
presidentes. Conforme o Historiador Carlos Fico:
O impacto na opinião pública foi muito grande. A censura rigorosa da imprensa ainda não havia sido implantada, de modo que os jornais puderam noticiar o ocorrido, inclusive com fotos dramáticas do cadáver do jovem morto. […] Uma faixa exibia frase contundente para a classe média: “mataram um estudante: podia ser seu filho.” […] A morte de Edson Luís gerou protesto pelo Brasil afora […] O governo decidiu reprimi-las. No dia 4 de abril, a polícia montada atacou as pessoas que saíam da missa de sétimo dia de Edson Luís na igreja da Candelária, no centro do Rio de Janeiro. (FICO, Carlos. São Paulo: Ed. Contexto, p. 63-64, 2015).
A
livre manifestação é reprimida, em uma demonstração de força
autoritária, os militares impunham a “paz” das baionetas, muitos
foram os casos de ataques, como o ocorrido durante a missa de sétimo
dia, quando o as escadarias da igreja de Nossa Senhora da Candelária,
na cidade maravilhosa, testemunhou a truculência, como salientou
Carlos Fico.
A
palavra
Silenciada
Não
é Palavra
É
calabouço.
(Luciano
Capistrano)
A
sociedade brasileira viveu dias de idas e vindas, nas veredas das
liberdades, os movimentos sociais, espalharam por todas as regiões
ações de mobilização contras as atitudes repressivas, abria-se
uma “fresta” nas portas do arbítrio. O mês de junho é marcado
por um dos mais fortes atos em defesa das garantias individuais, a
“Marcha dos Cem Mil”. Sobre este momento, o Historiador Jacob
Gorender, em Combate nas trevas, faz a seguinte observação:
O dia 26 de junho marcou o momento de auge com a Passeata dos Cem Mil, que se concentrou na Cinelândia carioca e percorreu a avenida Rio Branco, até a Praça Quinze. […] Presentes vedetes da música popular, da televisão e do teatro, escritores, jornalistas e políticos, professores e líderes sindicais. Tal a repercussão que o Presidente Costa e Silva se dispôs a receber em Brasília a comissão representativa dos organizadores da passeata. Nada resultou do diálogo, mas esta foi a única e última vez que um general-presidente concedeu a uma comissão popular. (GORENDER, Jacob. Combate nas trevas. São Paulo: Ed. Ática,p. 148, 1997)
O
ano de 1968, com março marcado com o sangue do jovem Edson Luís,
e, junho com a grande marcha dos Cem Mil, não terminou bem para o restabelecimento da democracia. Em
13 de dezembro, o governo do general-presidente, decreta o Ato
Institucional n. 5. Este famigerado AI-5, dotou o general-presidente
de poderes ditatoriais. Fecha-se o Congresso Nacional, faz escuro a
democracia.
1964…
sangra-se liberdades!
Memórias
das noites sombrias
Sob
o manto do medo
Tortura-se
Prende-se
Exila-se
Silencia-se
Desaparecidos
políticos.
Memórias
das noites sombrias
Sob
o manto do medo
Censura-se
O
pensar
Mordaça-se
A
fala
Democracia
interrompida
1964…
sangra-se liberdade!
(Luciano
Capistrano)
Nestes tempos de democracia em risco, façamos o bom diálogo, lembrar para não repetir. Finalizo,
com essa provocação: Da morte do estudante Edson Luís ao
famigerado AI5: Sangra-se as liberdades.
A mesma sociedade que apoiará o Golpe de 64,agora se manifesta contra o autoritarismo do governo Costa e Silva,mas era tarde demais.
ResponderExcluirExatamente, quando sangrou-se as liberdades os golpistas já estavam estabelecidos no Poder
ExcluirHouve manifestação contra o Regime Militar em Natal?
ResponderExcluirAtt: Francisco das Chagas
Sim, ocorreram manifestações em Natal!
ExcluirQue texto, professor, que texto!
ResponderExcluirObrigado Paulo, muito me anima suas palavras!!
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