Em
2022 desejo um tsunami de democracia!
“Agosto
de 1939: o mundo entra em pânico. Nas embaixadas e cancelarias nos palácios
presidenciais e ministeriais, portas são batidas diante da guerra iminente. O
acordo de Munique foi ratificado no ano anterior, sem que a tensão entre as
nações diminuísse de maneira duradoura. Após invadir a Áustria e o território
dos Sudetos, Hitler ameaça a Polônia. Em 23 de agosto, para espanto geral, ele
assina um pacto de não agressão com Moscou”.(FRANK, Dan. Paris ocupada: os aventureiros
da arte moderna (1940-1944). Porto Alegre: L&PM Editores, 2017, p. 11).
São tempos estranhos, estes que
vivemos, quando pensamos na história e observamos o avanço do nazismo sobre as
nações. O totalitarismo ganhou o espaço da democracia. A década de 1930
testemunhou o crescimento e fortalecimento do obscurantismo nos quatro cantos
da terra. Uma invasão bélica, o caso polonês, apenas coroou o imaginário de
milhares de adeptos do nazismo liderado por Adolf Hitler e companhia. A lógica do
totalitarismo provocou uma onda a devastar, como um tsunami, os governos democráticos.
Atualmente essa onda totalitária lança
seus tentáculos nos diversos grupos sociais, em uma verdadeira explosão de ódio
contra os ideais democráticos/humanistas. Faz necessário ficarmos em alerta. Diante
das ameaças a democracia, não podemos tergiversar. Não se negocia princípios democráticos.
Neste sentido surfar nas ondas totalitárias é contribuir para a construção de
novas “câmaras de gás”. O historiador norte-americano Timothy Snyder, sentencia:
Se
os advogados tivessem seguido a norma que proibia execuções sem julgamento, se
os médicos tivessem obedecido à regra que proíbe cirurgias sem consentimento,
se os executivos tivessem endossado a proibição da escravidão e os burocratas
tivessem se recusado a processar a documentação que envolvia os assassinatos, o
regime nazista teria enfrentado muito mais dificuldades para dar cabo das
atrocidades pelas quais é lembrado. (SNYDER, Timothy. Sobre a tirania: vinte
lições do século XX para o presente. São Paulo: Companhia das Letras, 2017, p.
39).
Esse é nosso papel de ficamos
atentos aos ataques contra as instituições democráticas. O nosso tempo é um
tempo de risco. Tempos que nos fazem lembrar o “Admirável mundo novo”.
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O ensino pelo sono chegou a ser proibido na Inglaterra. Havia uma coisa chamada
liberalismo. O Parlamento, se é que os senhores sabem o que era isso, votou uma
lei contra ele. Conservaram-se as atas das sessões. Discursos sobre liberdade
do indivíduo. A liberdade de ser ineficiente e infeliz. A liberdade de ser um
parafuso redondo num buraco quadrado. (HUXLEY, Aldous. Admirável mundo novo. São
Paulo: Globo, 2020, p. 69).
Aqui, apenas uma inquietação em
busca de uma onda de resistência democrática no ano que se avizinha. Venha
2022, venha e traga um tsunami de DEMOCRACIA.
Professor
Luciano Capistrano