terça-feira, 30 de maio de 2017

O Progresso...

Antigo Hotel Reis Magos




O Progresso...

O progresso chegou,
Derrubamos o Machadão,
O progresso não para...
Derrube-se o antigo Hotel Reis Magos,
O progresso continua...
imploda-se o Teatro Sandoval Wanderley...
O progresso...
Faça-se uma urbe sem memórias!
(Luciano Capistrano)


Foto: acervo A Republica - Monumento aos Atletas -  Estádio "Castelão".





sábado, 27 de maio de 2017

Diante das adversidades da vida, o que fazer? Eu escrevo, eu paro e olho o pôr do sol!!

Foto: Luciano Capistrano - Parque da Cidade


A vida requer ...

A vida requer esperança
Esperanças alimentam o querer viver
A vida requer amar
Amores alimentam o querer viver
A vida requer felicidade
Felicidades alimentam os dias
A vida requer saudade
Saudades alimentam os dias
A vida requer amizade
Amizades alimentam os “eus” “
A vida requer sonho
Sonhos alimentam os “eus”
A vida requer coragem!
(Luciano Capistrano)

Foto: Luciano Capistrano - Parque da Cidade


Foto: Luciano Capistrano - Santuário de Santa Rita de Cássia


Foto: Luciano Capistrano - com o celular, um olhar sobre a UFRN

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Araceli e o Brasil das infâncias perdidas

Araceli e o Brasil das infâncias perdidas
Luciano Capistrano
Professor: Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador: SEMURB/Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte

Ruas vazias de gente
Ruas vazias de gente
Cadê as cadeiras na calçada?
Cadê a conversa na esquina?
Cadê as brincadeiras de tica?
Cadê as ruas de minha infância?
Ruas vazias de gente
Onde o medo fez morada
Do transeunte indiferente
Dos lobos solitários
Se fez lugares de perigo
As ruas vazias de gente!
(Luciano Capistrano)

Há 44 anos, em um 18 de maio, era violentamente assassinada a criança Araceli Cabrera Sánchez Crespo, vitima do mundo obscuro das drogas, com a complacência dos desmandos do submundo dos órgãos de segurança alimentados pelas relações promiscuas, entre parcela das policias e setores da elite, alçados ao poder com o golpe civil militar de 1964.
Aos oito anos de idade, Araceli, teve seu corpo desfigurado por ácido e com marcas de extrema violência e abuso sexual. O crime chocou o Brasil, a noticia da menina desaparecida e encontrada morta seis dias depois, extrapolou as fronteiras do Espirito Santos. 
Paulo Constanteen Helal e Dante Michelini, seus algozes, saíram impune.
Amigo velho, guardo as noticias deste caso, na memória, eu criança,recordo das conversas dos meus pais sobre este assunto, o rádio e a televisão com as reportagens e tempos depois o livro relato deste trágico homicídio,  "Araceli, Meu Amor", José Louzeiro, em seu livro reportagem, apresenta o passo a passo do calvário vivido por Araceli. Segundo Louzeiro, como decorrência deste caso, ocorreram 14 homicídios, uma verdadeira "chacina" das possíveis testemunhas aptas a revelar os assassinos, queimaram os arquivos, tudo fizeram para levar o caso a triste estatística da impunidade.
         A Lei N° 9.970, sancionada em 17 de maio de 2000 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, instituiu o dia 18 de maio como o  Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Deste modo, por iniciativa originária da Deputada Rita Camata, o dia da morte de Araceli, o 18 de maio, passou a ser um dia de mobilização contra a exploração sexual de crianças e adolescentes.
Ao trazer essa temática a baila, faço uma provocação para refletirmos sobre a situação das crianças e adolescentes em nosso país, de maneira que antes da critica ao Estatuto da Criança e ao Adolescente, vejamos as condições posta quando nos referimos a proteção integral dos jovens, como anuncia o Primeiro Artigo do ECA: "Esta Lei dispões sobre a proteção integral à criança e ao adolescente". 
Ao afirmar "proteção integral", já se faz uma significativa diferenciação entre o ECA e o antigo Código do Menor. O novo instrumento legal, não deixa duvidas, a finalidade é garantir todos os direitos para abranger todas as necessidades para o pleno desenvolvimento da personalidade da  criança e do adolescente.
Infelizmente em nossas cidades, ainda, existem diversas "Aracelis", meninas e meninos em situação de riscos. Nesta guerra com a triste cifra de quase 50.000 homicídios anuais, uma considerável parcela de vitimas, são as crianças e adolescentes das periferias, em sua maioria, retrato da situação de crescimento do tráfico que tem nos jovens as maiores vitimas, seja atuando para o tráfico, seja como usuário.
Finalizo, dizendo ser preciso ESPERANÇAR, não podemos perder nossas "aracelis" para as "bocas", hoje, não mais exclusivas das grandes cidades, mas, espalhadas por todo o território nacional, do menor município até a metrópole.  Este "Araceli e o Brasil das infâncias perdidas" é apenas um convite em forma de provocação, para deixarmos de criticar, algumas vezes criticas até pertinentes, o ECA, para fazermos acontecer de fato a PROTEÇÃO INTEGRAL DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES, seja uma realidade de todos, das áreas centrais das cidades e das periferias, o movimento tem de ser da INCLUSÃO e não da EXCLUSÃO.,





domingo, 14 de maio de 2017

Arquivos públicos e privados: uma reflexão!

Arquivos públicos e privados: uma reflexão! ¹
Luciano Capistrano - lulahisprofessor@gmail.com
Professor: Escola Estadual Myriam Coeli 
Historiador: SEMURB/ Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte 



Na pesquisa histórica, a relação do historiador com o documento não é uma ação de neutralidade. A fonte histórica fala com a voz do pesquisador, com toda a subjetividade de quem olha o passado com o olhar do presente. Aqui não é nossa intenção fazer uma reflexão historiográfica, e, sim, trazer a reflexão, sobre nossos arquivos e seus acervos, para a ordem do dia. Compartilhar das angústias, de quem se sente impotente, diante do descaso que teima em persistir quando o assunto é preservação de vestígios do tempo passado. Este é o objetivo deste artigo. 
O historiador, por seu ofício, dialoga permanentemente com o passado. Este fazer histórico o leva a andar entre arquivos públicos e privados, buscar construir os caminhos e descaminhos das gerações passadas é a tarefa primeira. Um labutar, por entre, poeiras, revirando velhos manuscritos, documentos, hoje, fontes que dizem mais do que uma carta de amor ou um balancete comercial. O objeto pesquisado não exerce a mesma função de outrora. No tempo presente o olhar do historiador, dá “voz” ao passado através de sua interpretação do documento selecionado.  
O encontro do documento é um dos momentos de maior felicidade do historiador. Como bem lembrou o professor Carlos Bacellar (2006): “o trabalho com fontes manuscritas é, de fato, interessante, e todo historiador que entra por essa seara não se cansa de repetir como os momentos passados em arquivos são agradáveis”. 
Realmente, a descoberta, o encontro com o passado através dos achados realizados nos arquivos é de uma imensa alegria. Saber que um álbum de fotografias, pode dizer muito dos valores constituídos de uma determinada sociedade, em uma determinada época, são fundamentais na construção da história.  
Nossa cidade Natal, como o Brasil, carece de uma política de valorização dos arquivos, como espaços guardiões de nossa memória. Nestes lugares, apesar da boa vontade dos seus funcionários, falta infraestrutura e equipamentos adequados para a conservação do acervo. 
Um exemplo, bem ilustrativo, da situação destes lugares de memória, são o arquivo Público Estadual e o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Volto a repetir, meu caro leitor, nossos arquivos contam com profissionais comprometidos na preservação da documentação pertencentes aos seus acervos.   
Acervos em situação de risco. Coleções de jornais, manuscritos, fotografias, livros de óbitos, diversos tipos de documentos, enfim, encadernados, mas impossibilitados de serem consultados, pois, o estado em que se encontram correm riscos de abertos, se desmancharem, virarem pó. 
Urgente faz necessário, desenvolver políticas públicas referentes a preservação dos acervos guardados nestes lugares de memória. Os arquivos públicos ou particulares, não podem ser tratados como, “lugar de mortos”, e sim “lugar de vivos”. Espaços em que encontramos o pulsar das gerações passadas, fazedores do amanhã. Aos órgãos de preservação da memória nacional, resta efetivar uma política de salvaguardar os acervos deixados por nossos antepassados. Uma política que contemple dois vieses: a organização dos arquivos e o desenvolvimento de Educação Patrimonial. Deste modo, o indicativo infraestrutura e educação caminhando de mãos dadas na guarda dos “tesouros da história”. 

  Não deixemos, então, as traças devorarem a nossa memória.



Em um dos momentos no Arquivo Publico Estadual - Natal/RN 


1. Artigo publicado originalmente no "Café História" , hoje (2017) o IHGRN, está passando por uma reforma, temos esperança de melhoras nas adequações do acervo, e, o arquivo estadual continua a espera de uma ação nas instalações acervo, o que passa pela instalação em um prédio próprio.

sábado, 13 de maio de 2017

FEIRA - Meu Olhar Sobre a Feira de Nova Natal

Foto: Luciano Capistrano - Meu Olhar sobre a Feira de Nova Natal


FEIRA¹

Domingo é dia de feira
Corre Chegança
Entre bancas
Cabloquinhos
Escorrem vidas
De Boa Esperança.
(Luciano Capistrano)


Foto: Luciano Capistrano - Meu Olhar sobre a Feira de Nova Natal



Foto: Luciano Capistrano - Meu Olhar sobre a Feira de Nova Natal



Foto: Luciano Capistrano - Meu Olhar sobre a Feira de Nova Natal






1. Obs: Sonho, exposição poética e fotográfica!!

domingo, 7 de maio de 2017

Cidade lugar da topografia do impossível: uma reflexão

Cidade lugar da topografia do impossível: uma reflexão
Luciano Capistrano
Professor: Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador: Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte



Cidade

Neutralidade não há,
Transeuntes do tempo,
Agito, multidões, mobilidade urbana,
Sons incompreendidos,
Pedestres sem ruas,
Trânsito ordenado/desordenado,
Espaço público/privado,
Camelôs, calçadas dormitórios,
Moradores de rua, plena barbárie humana,
Dizem progresso, gritam modernidade,
Ciclovias sonhos possíveis,
Planos, reformas urbanas, especulação imobiliária,
Ocupação desordenada/ordenada,
Praças, áreas verdes, sonhos de preservação imagináveis,
Logradouros de memórias, dizem de história,
Patrimônio cultural em risco de tombamento,
Cidade lugar da topografia do impossível.
(Luciano Capistrano)

A cidade tem se transformado em lugares de medo, a muito perdermos o direito de conversar nas calçadas, das crianças brincarem nas ruas, de andarmos a qualquer hora do dia ou da noite. Diante dessa situação, erguem-se as "cidadelas", condomínios fechados, onde a "muralha" trás para quem pode pagar, o direito de caminhar, pedalar, conversar de portas abertas, e, até deixar na área aberta a bike depois de uma hora de exercício pedalando nas ruas do condomínio.
Fui criança na Vila Mauricio, nas Quintas, margem fronteiriça com o Bairro do Alecrim, corri na rua em dias de chuva ou de sol, brinquei nas imediações da linha férrea, joguei bola, o velho mirim, na avenida 12, uma infância sem o medo de "balas perdidas", o que nos assustava era um tal de carro preto a pegar as crianças com o objetivo de tirar o figado dos inocentes e levar para uma tal de Viúva Machado. Tempos das inocências, hoje, perdidas.

Carrinhos de latas

Carrinhos de latas
Me fizeram criança
Feliz na feira do Carrasco
Sonhava ser caminhoneiro,
Motorista de ônibus ou de ambulância.
Lá corria, as latas pesadas com areia
Puxadas por cordões
Me faziam alegre menino
Aos berros mamãe dizia:
Não corre menino, tu vai cair menino!!
E o menino?
O menino ficou na vila Maurício
Lá na 12 do tempo do seu Albano,
Seu Kerginaldo, dona Neném,
Lourdinha e tantos outros
Adultos do tempo de minhas criancices,
Bola de gude, amarelinha, tô no poço ...
Há meus tempos de criança, hoje (Ah!)
Memórias, apenas memórias!
(Luciano Capistrano)

O viés da segregação espacial tem contribuído para a situação de agravamento da ideia de "superioridade" social, étnica e cultural, o que acredito ser um fator, não determinante, mas gerador de um terreno fértil para o crescimento da violência. As áreas distantes dos centros economicamente importantes da urbe, geralmente são caracterizadas pelo abandono do poder público, são lugares marcados pela falta de infraestruturas, cenário de ausência do estado, basta vê as quadras esportivas e praças entregues ao abandono, e, deste modo facilitando a entrada de drogas ilícitas no seio da juventude, aumentando, assim, a insegurança vivida nas cidades. 
A uma movimentação em busca dos espaços fechados, o sonho é deixar as cidades "abertas" e ir para os "enclaves fortificados".Sobre essa situação, nos esclarece a professora Maria Sposito:

Essa dinâmica de afastamento socioespacial [...] tem gerado, também, piora da situação geográfica dos mais pobres, que tendem a se afastar mais e/ou a se precarizar no processo de encontrar uma solução para seus problemas de moradia. Em grande parte, seja pelo afastamento espacial, seja pela piora das condições residenciais, essas lógicas de produção do espaço convergem para situações em que [...] a segregação socioespacial pode se estabelecer ou se aprofundar. [...] A delimitação do grupo dos "de cima" ou dos "de baixo" é sempre relativa, por isso as duas faces - os que segregam aos outros e os que, por opção, segregam-se - compõem um mesmo processo. (SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão. Segregação socioespacial e centralidade urbana In A cidade contemporânea: segregação espacial. Organização VASCONCELOS, Pedro de Almeida; CORRÊA, Roberto Lobato; PINTAUDI, Silvana Maria. São Paulo: Editora Contexto, 2013, p.69)

A ocupação urbana transformou-se ao longo do tempo, e, claro a delimitação territorial sempre determinou este processo, o valor da terra é um fator importante na construção socioespacial, o historiador Câmara Cascudo em sua História da Cidade do Natal, chamava a atenção dos gestores publico para o mercado de terras do Alecrim, na década de 1940, pois, segundo Cascudo, a supervalorização dos terrenos expulsaria daquela localidade a gente mais humilde, já o professor/urbanista Pedro de Lima, em seu Natal século XX: do urbanismo ao planejamento, afirma da tendencia excludente dos planos de intervenção urbana implantados em Natal a começar pelo Plano Polidrelli, ao criar o bairro de Cidade Nova, hoje Tirol e Petrópolis, aponta a segregação espacial urbana.
O desafio é construir caminhos inclusivos, quebrar este viés segregacionista, e, fazer da cidade o lugar do CIDADÃO, como fazer? Esta é a questão colocada na pauta do dia, pois, é na cidade que moramos, claro é óbvio dizer isso, agora amigo velho, as vezes nos falta olhar justamente para o óbvio, as ações de ocupação das praças, ruas, quadras esportivas, calçadas, em muitos casos necessitam de pequenas atitudes, então, ou fazemos o traçado diferente da exclusão, ou, viveremos nos "enclaves fechados", com medo de andar nas ruas, pois as cidades estão sitiadas.

Cidades sitiadas

Cidades sitiadas o perigo anda ao lado,
 viver com medo de ir e vir, 
 no caminho da padaria uma morte anunciada,
 pedras, cracks, tráfico, sistema em rota de colisão.

Lugares de medo, uma simples caminhada
 encontra um algoz, uma bala, um corpo
 no asfalto, vidas interrompidas.

Cidades sitiadas, erguem se muralhas
 cercas elétricas, falam nas esquinas
 bandido bom é bandido morto,
 se alvoroçam grupos de extermínio, 
 ilusões de dores que sangram vidas,
 cidadãos encurralados procurando saídas.

50. 000 mortes violentas, país descendo a vala,
 palavras sem poesias, cruas, como cruel é a vida,
 reverter os números de tanta brutalidade,
 justiça eficiente, ágil; polícia inteligente, equipada.

Cidades sitiadas, cidadãos indignados gritam:
-  Paz, paz, queremos paz, queremos
 construir uma cultura de paz, utopia?
(Luciano Capistrano)

Enfim, façamos o dialogo sobre nossas cidades, sobre a ocupação de nossas praças e ruas, sobre "cidades abertas" ou "cidades fechadas", Afinal, Cidade lugar da topografia do impossível, tem de florescer nos diversos espaços, as "ágoras" tem de se multiplicarem, não mais como centro de participação dos "iluminados", dos tempos da antiga Grécia, mas aberta a livre participação do cidadão, para além do calendário eleitoral. 

sábado, 6 de maio de 2017

Meu olhar - Escola Estadual Myriam Coeli

Foto: Luciano Capistrano - Meu olhar sobre a Escola Estadual Myriam Coeli

Meu olhar - Escola Estadual Myriam Coeli

Uma escola
Não uma escola qualquer
Minha escola
De sua patrona
Se fez poesia
Crua, viva
Feito
Palavras-poemas
Ditos por Myriam Coeli
Em corredores
De dores
E alegrias.
(Luciano Capistrano)

Foto: Luciano Capistrano - Meu olhar sobre a Escola Estadual Myriam Coeli






Xanana e a urbe

Xanana e a urbe

Xanana flor símbolo
De Natal
Do canteiro
Dos cantos de muros
Resistente
Brota jardins
Entre matos e afins
Cresce na cidade
Da neutralidade inexistente.
Dos interesses
Para além do
Centro e periferia,
Existem os obscuros
Planos de víeis excludentes
Organiza-se Polidrelli , Palumbo e cia
Vias de idas e vindas
Ao sabor dos confrontos
A urbe se descortina
Enquanto a Xanana
Abre-se em cada esquina.
(Luciano Capistrano)

Foto: Luciano Capistrano - Xanana flor simbolo da cidade de Natal

Sábado é dia de feira:
Alecrim cheira jasmim

Sábado é dia de ferira, Alecrim cheira jasmim
Multidão em sintonia quase uma arritmia cardíaca
Carros atônitos entopem as ruas/avenidas
Pedestres perdidos ouvem sons de buzinas.
Sinal fechado, cuidado há vozes na esquina
Camelôs aflitos buscam o pão nosso de cada dia
Entrechoque de interesses validos/inválidos
Comerciantes gritam: espaços livres de ambulantes,
Intrusos sobreviventes da economia globalizada.
Corre, corre, gente de todos os lados,
Pois é sábado dia de feira, Alecrim fervilha
É goma peneirada, rolo de fumo, cabeça de porco,
Na feira do Alecrim tem de tudo.
Suor escorre no rosto, corpo cansado, angustiado
Geme sobrevivente do sistema hostil.
Entre as bancas escorre vida,
Simples humanidade pulsando utopias,
Contínuo tempo sem fim, pois ...
Sábado é dia de feira, Alecrim cheira jasmim!!
(Luciano Capistrano)
Foto: Luciano Capistrano - Um olhar, um celular, uma feira a descortinar-se  - Feira do Alecrim


quinta-feira, 4 de maio de 2017

A leitura nos transforma em muitos

A leitura nos transforma em muitos

Graciliano Ramos, Jorge Amado,
Raquel de Queiroz, Machado de Assis,
Guimarães Rosa, Euclides da Cunha,
José Lins do Rego, Nei Leandro de Castro,
Policarpo Feitosa, Moacyr de Góes.

Vidas Secas, Capitães de Areia,
O Quinze, Memórias Póstumas de Brás Cubas,
Grande Sertão: Veredas,
Os Sertões, Menino de Engenho,
Dunas, Gizinha, Chão das Almas.

A leitura nos transforma em muitos,
Baleia, Professor, Conceição, Vigília,
Diadorim, A Terra, Ricardo, Lauro Lago,
Adalgiza, Quitéria do Olho de Vidro.

Seca, retirantes, terra propriedade distante,
Praia, mar, litoral, meninos, ruas livres,
Famílias, abandono, moral, amores proibidos,
Realismo, sociedade pura/impura,
Fazendas, matas, rios, costumes, porteiras, currais,
Luar, histórias gerais, sol, caatinga, coronéis, conselheiro,
Volantes, videntes, fé cega, faca navalha,
Moleque, canavial, açúcar, mãe de leite, família patriarcal,
Internato, mistura racial, intervenção, pão, liberdade, rebelião,
Gente, urbano, prostíbulo, guerra, revolução, amores, prisão,
A boa leitura nos transforma em muitos.
(Luciano Capistrano)



Qual é a cidade que queremos?
Qual é a Política Municipal de Preservação de nossa memória? 
Luciano Capistrano
Professor da Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador do Parque da Cidade

Memórias:
preservadas/esquecidas

Abandono de memórias esquecidas
Desejo de restaurar histórias da urbe inexistente
Cidade respirando identidades mortas.
Paisagens silenciosas dizem muito de 
Trajetórias de “gentes”, aflições, conflitos de “eus”,
Marcas construídas por gerações inteiras,
Erguidas, demolidas, ao longo do tempo.
Preservar significados cheios de testemunhos
Ver o cotidiano ser construído nas esquinas
Entre alegrias, tristezas, construções oportunas/oportunistas
Erguem muros de exclusões
Em vias contrarias nascem utopias
Erguem pontes de inclusão,
Caminha a urbe deixando pegadas
Preservadas ou esquecidas!!
(Luciano Capistrano)

        Em minhas andanças pelos sebos da cidade, encontrei com meu amigo Lisboa, do sebo Lisboa, localizado no mercado de Petrópolis, um “GUIA DA CIDADE DO NATAL”, uma edição de 1958/1959, organizada por J. A. Negromonte e Etelino Vera Cruz. Uma boa surpresa, sempre é bom, entre as pilhas de livros, poeiras, e ácaros, nos depararmos com estes achados.
Neste Guia da Cidade do Natal, duas informações me chamaram atenção, pois, me fez lembrar dos nossos descasos com os vestígios de nossa memória. A publicação indica a existência de algumas placas comemorativas de personagens e feitos de nosso passado. Uma das informações sobre as placas traz a seguinte citação:

“Daqui partiram a 14 de janeiro em ‘RAID’ pedestre, Natal – Rio – São Paulo, os escoteiros andantes, J. A. Pessoa, Humberto L. da Câmara, Henrique D. Borges, Agnaldo Vasconcelos e Antonio G. da Silva. Homenagem do Centro Operário Natalense, pelos associados do Rio Grande do Norte. 2/8 Rio 1923 – 2/9 São Paulo”.

Os escoteiros andantes, hoje, nomes de ruas, representam um grande feito realizado na década de 1920, foram 8 meses de uma jornada por estradas, matas, territórios ainda a ser desbravados. Vale lembrar, em uma época onde não havia o auxílio do GPS, era preciso conhecer as técnicas de localização, “ler o céu”, as estrelas e, assim, os andantes chegaram a São Paulo. Importante registro do movimento escoteiro, próximo anos celebra-se o centenário escotismo em solo Potiguar.
Infelizmente a placa, antes exposta na avenida Rio Branco, em uma loja de eletrodomésticos, numa edificação onde funcionou o Natal Clube, esquina com a Praça Kennedy, desapareceu, desejo que esteja salva em algum deposito público ou privado e volta a ser colocada num lugar público para conhecimento de todos deste grande feito.
Outra placa, diz o Guia da Cidade do Natal:

 “Nesta casa faleceu a poetisa AUTA DE SOUZA, em 7/2/1901”. A placa não existe mais, a casa cedeu seu lugar a um estacionamento, enfim, memórias ... apenas memórias.

Amigo velho, gosto de andar por sebos, o universo dos livros empoeirados me fascina, herdei este vicio, bom vicio, de papai, bem, trago este relato, para refletirmos sobre nossa política de preservação da memória, a urbe avança, o tempo não para, já cantava Cazuza, então, faz necessário termos uma política efetiva de preservação de nossos espaços de memórias. 
O exemplo das duas placas, são apenas ilustrativos da ausência de uma ação eficaz do Poder público e da sociedade na defesa do nosso patrimônio histórico, não basta as Leis de Preservação, é preciso ir além, com uma ação de educação patrimonial, o fortalecimento dos órgãos responsáveis em desenvolver políticas preservacionistas, como também, o fortalecimento da fiscalização e analises de projetos que impliquem nas áreas de interesses históricos.
Em Natal existem os seguintes órgãos: o IPHAN, a Fundação José Augusto, a FUNCART e a Semurb, este último, na reforma administrativa do município, teve o Setor de Patrimônio Histórico, extinto, na minha opinião um equívoco.
Em referência ao Patrimônio Histórico, nestes tempos em que se fala em desenvolvimento econômico, com a possível derrubada do Teatro Sandoval Wanderley para em seu lugar ser erguido um Centro Comercial, precisamos dialogar com os membros da Câmara Municipal e do Palácio Felipe Camarão sobre um Plano Municipal de Preservação do nosso Patrimônio, antes que virem pó, e, sejam apenas memórias! Fica, assim, a questão: 
Qual é a cidade que queremos? Qual é a Política Municipal de Preservação de nossa memória?
Foto: Lucileide Góes - 03/11/2015 - Circuito Histórico sobre Natal em 1935

Foto: Dagmar/Ecotur -  03/11/2015 - Circuito Histórico Sobre Natal em 1935

terça-feira, 2 de maio de 2017

A sociedade brasileira precisa de uma overdose de DEMOCRACIA e não de um novo 13 de dezembro: AI-5 Nunca Mais!

A sociedade brasileira precisa de uma overdose de DEMOCRACIA e não de um novo 13 de dezembro: AI-5 Nunca Mais! 
Luciano Capistrano
Professor: Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador: Parque da Cidade

Tempos Sombrios

Tempos agitados, revoluções,
Utopias, ações repressivas, mundo da Guerra Fria, 
América Latina, ebulição, reformas de base,
Intervenção, quartéis, civis, democracia ferida, 
Tudo em abril, Generais Presidentes,
Torturas, prisões, exílios, sonhos perdidos.

Ato Institucional número 5, 1968, não há liberdade,
Pau de arara, calabouço, corpo estendido no asfalto,
Simulações, mortos desaparecidos, silêncio necessário,
Falar é um perigo, cale-se, DOI/CODI, Fleury e CIA,
Casa dos horrores, infernos, telefone, choque elétrico,
Gritos, choros, corações partidos, suicídios não cometidos.
(Luciano Capistrano)

O 13 de dezembro, não é apenas uma data na folhinha pendurada em um prego na parede da cozinha, e, nem é tão pouco uma data qualquer no calendário, o 13 de dezembro, amigo velho, traz para a sociedade brasileira a lembrança do ano de 1968, um ano de agitações sociais, políticas, o ano do famigerado Ato Institucional Número 5, o AI-5. 
Vivemos um momento de muitas apreensões, temos uma Presidenta afastada da presidência, uma das nossas maiores empresas, a Petrobras, envolvida em um dos maiores escândalos de corrupção de nossa história republicana. Uma operação de investigação, capaz de desnudar as entranhas dos podres poderes, são políticos das diversas matrizes ideológicas envolvidos em inúmeras delações, as chamadas “delações premiadas”.

Pátria mal-amada

Pátria mal-amada
Lama no Planalto Central
Enredo dissonante do Hino Nacional

Brasil Res-pública, velhas raposas oligarcas, Estado 
Patriarcal, lapidam o tesouro nacional. 
Pátria mal-amada
Lama no Planalto Central
Enredo dissonante do Hino Nacional

Ordem e Progresso
Positivismo vão, filhos da Casa Grande e Senzala 
Constroem uma nação e lá fora dizem:
Democracia racial.

Pátria mal-amada
Lama no Planalto Central
Enredo dissonante do Hino Nacional

Falsas ilusões, transas não republicanas
Lava Jato, Zelotes, público é privado
Financiamento de campanhas eleitorais,
Ratos saem dos esgotos, e
Transformam em privada nosso pátria amada
Salve, salve, Brasil.

Pátria mal-amada
Lama no Planalto Central
Enredo dissonante do Hino Nacional
(Luciano Capistrano)

A situação atual do Brasil, para além das incertezas econômicas e dos escândalos de corrupção, ainda enfrenta uma onda conservadora com um forte odor neonazista. O movimento “Escola Sem Partido”, os atos fascistas com bandeiras de “Intervenção Militar”, amigo velho, estes discursos escondem o ideal de uma sociedade obscura. Vivemos 21 anos de ditadura civil-militar, conhecemos esta solução da caserna, tempos das torturas, das ações policiais sem base legal, prisões e desaparecimentos políticos, neste jogo, não entra o cidadão democrático.
O Brasil, mais do que nunca, precisa de uma overdose de DEMOCRACIA, a saída da crise não pode ser a força das baionetas, este receituário já foi utilizado no Brasil de 1964, sabemos, basta ler a história, para verificar o perigo de se ter um governo autoritário onde a Lei do silêncio impera. 

A palavra

A palavra
Silenciada
Não é palavra
É calabouço!
(Luciano Capistrano)

O AI-5, significou o fim das mínimas garantias individuais, ceifou-se o pouco de liberdades existente no pós-abril de 1964, é necessário, que as gerações atuais, nascidas nos tempos de relativa democracia, onde a o direito da fala livre, da crítica sem medo, das manifestações do “ocupa”, do “fora Temer” e até do “fora Dilma”, compreenda o sabor necessário das liberdades, algo impossível de saborear nos tempos indigestos dos generais presidentes. É, preciso saber dos tempos obscuros dos generais presidente, onde com:

[...] o lema “Segurança e Desenvolvimento”, Médici dá início, em 30 de outubro de 1969, ao governo que representará o período mais absoluto de repressão, violência e supressão das liberdades civis de nossa história republicana. Desenvolve-se um aparato de “órgãos de segurança”, com características de poder autônomo, que levará aos cárceres políticos milhares de cidadãos, transformando a tortura e o assassinato numa rotina. (BRASIL Nunca Mais. Vozes, 1995, p.63)

      Na leitura do “Brasil nunca mais”, encontramos depoimentos dos horrores praticados por aqueles que deveriam garantir a integridade dos cidadãos brasileiros. Um destes depoimentos, é do estudante Augusto Galvão. Em seu relato, descreve alguns dos aparelhos de tortura utilizados nos interrogatórios dos presos políticos, feitos nas dependências dos Órgãos de Segurança.

[...] O pau de arara consiste numa barra de ferro que é atravessada entre os punhos amarrados e a dobra do joelho, sendo o “conjunto” colocado entre duas mesas, ficando o corpo do torturado pendurado a cerca de 20 ou 30 cm, do solo. Este método quase nunca é utilizado isoladamente, seus “complementos” normais são eletrochoques, a palmatória e o afogamento[...]
[...] O eletrochoque é dado por um telefone de campanha do Exército que possuía dois fios longos ligados ao corpo, normalmente nas partes sexuais, além dos ouvidos, dentes, língua e dedos [...](BRASIL Nunca Mais. Vozes, 1995, p.34-35)

          Os órgãos de Segurança, que formavam a Comunidade de Informação, agiam à margem do aparato legal, realizando prisões sem que a autoridade judicial competente fosse informada.
Aos poucos o aparelho repressivo do Estado adquiria autonomia e dele surgiam personalidades inescrupulosas, como a do ex-delegado Sérgio Fleury que comandou o DOI/CODI, em São Paulo, um dos principais centros de tortura do país.
          A eliminação física de presos políticos no Brasil, tornou-se sistemática a partir de 1971, quando sobe o número de “desaparecidos”. Mas em 1969 este já era um expediente utilizado pela repressão.
          As prisões eram verdadeiros infernos, para alguns uma experiência enlouquecedora. Além das sevicias sofridas, os presos políticos tinham que se adaptar em ambientes insalubres. Casa dos horrores, esta deve ser a denominação mais correta para essas prisões. Na verdade, construíram nos 21 anos de governos militares, uma estrutura repressora, com instrumentos de torturas que lembravam os calabouços medievais. Saber deste passado, é não permitir sua repetição, pois, viver em liberdade é o direito fundamental de todas e todos os cidadãos deste imenso país.
        Este artigo, tem o objetivo de fazer o bom diálogo, o diálogo das ideias, fundamentado em um saber histórico de nosso passado. Negar as torturas, as prisões ilegais, os desaparecidos políticos, é no mínimo não ser honesto intelectualmente, não existe espaço para outras versões históricas. A ciência histórica produziu um vasto acervo documental que diz dessa época dos “calabouços”. Apenas faço meu dever de historiador, lembro aquilo que foi esquecido ou fez esquecido pelos “donos do poder”.
      A sociedade brasileira precisa de uma overdose de DEMOCRACIA e não de um novo 13 de dezembro: AI-5 Nunca Mais!






segunda-feira, 1 de maio de 2017

Bairro Candelária: algumas considerações

Bairro Candelária: algumas considerações
Luciano Capistrano
Professor de História:  Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador: Semurb /  Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte

A década de 1970 é caracterizada por uma expansão da habitação. Eram diversos projetos habitacionais que ganhavam formas. O Banco Nacional de Habitação (BNH), e as parceiras locais financiavam empreendimentos imobiliários com o objetivo de atender a uma crescente demanda por moradia. As cidades, principalmente as capitais, viviam as tensões sociais em decorrência da migração em virtude da busca por emprego em centros mais desenvolvidos. Em Natal, este processo de aumento a população também foi verificado. A capital potiguar é, então, palco de ações desenvolvidas pela Companhia de Habitação do Estado e o Instituto de orientação às Cooperativas Habitacionais (INOCOOP), fazendo surgir um novo cenário urbano. A cidade de Câmara Cascudo se expande para além da “corrente. ”
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Estádio Presidente Humberto Castelo Branco (Castelão) ,início dos anos de 1970 – Cartão Postal.

O final dos anos de 1960 -  ainda na administração do ex Prefeito Agnelo Alves -, já apresenta uma outra Natal, com a inauguração do Estádio de Futebol, o antigo Castelão. Marco na arquitetura da cidade, a nova praça esportiva, aponta a direção do caminho a ser ocupado pela urbanização. O antigo caminho da base área americana, via nascer um novo espaço: inseriam-se cada vez mais antigas granjas, sítios, matas, dunas, lagoas, no perímetro urbano. Como assinalou no Hino, “poema”, de Natal o professor Waldson Pinheiro:
Natal, Cidade Sol
tu representa tanto para mim!
No inicio, Forte dos Reis Magos,
Cidade Alta, Ribeira e Alecrim.

Daí,  sempre a crescer –
um cajueiro, galhos a estender,
brotou em Morro Branco e Bom Pastor,
em Candelária, Felipe Camarão;
do morro do Careca
em Ponta Negra, vem rolando até o chão.
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Vista da Av. Pres. Prudente de Morais no final dos anos 1970. Fonte: Acervo ‘‘A República’’.
Faz necessário lembrar que, a cidade de Natal vivenciou na década de 1940, um grande impacto com a instalação da base área americana, e toda uma intensa movimentação de atividades relacionada aos esforços de guerra Olhar sobre este fato é fundamental para compreendermos os caminhos delineados na urbanização. Neste sentido é interessante a analise da professora Maria do Livramento Miranda Clementino, ao afirmar ser:
[...] preciso no entanto observar que embora em pequeno número, porem significativo em termos de área, inicia-se no pós guerra, a ocupação de locais distantes do centro da cidade. Para isso, muito contribuem terrenos cercados e ocupados pelas forças armadas brasileiras, que, dadas as suas dimensões oneram a implantação da infraestrutura e serviços urbanos na cidade, criam enormes vazios urbanos e impõem a característica de cidade horizontal que Natal apresenta.

A cidade de Natal, tem de certo modo, como afirmou a professora Maria do Livramento, sua expansão urbana delineada nas rotas, digamos assim, das instalações militares. Ao olhar exemplos como o do conjunto habitacional Neópolis, tudo fica bem nítido: no fim da cidade, nas terras longínquas, como se dizia á época, foi construído esta unidade habitacional.
Neste contexto nasce Candelária, sobre as brancas dunas, numa Natal que olhava o seu caminhar em direção a Parnamirim, o conhecido Trampolim da Vitória. Esse movimento de ocupação urbana, já tinha um marco inicial, o Conjunto Neópolis, entregue a população em 1970, seu empreendimento representou uma ocupação de terras “distantes”, Candelária, então, tem uma concepção que segue a mesma lógica, ocupar, “espraiar” a cidade e deste modo os “espaços”, vazios aos poucos eram ocupados por novos empreendimentos comerciais, resultado das demandas advindas dos conjuntos habitacionais.
Em 1976, quando Candelária foi inaugurada, durante o governo de Tarcísio Maia, os primeiros moradores, enfrentaram diversos desafios, principalmente referentes ao acesso. A avenida Presidente Prudente de Morais, por exemplo, foi inaugurada em 1979. Nestes primeiros anos de morada nova, não era fácil vencer o “areal” e a “mata” .  
Antigos moradores relatam a felicidade de receberem a chave de suas novas casas, como percebermos em algumas correspondências realizadas neste início do conjunto. A dona de casa Aline de Farias Capistrano, uma das primeiras moradoras, contemplada com uma casa na rua Bernardo Dória, na época uma rua vizinha a um “matagal”, onde tempos depois foi erguido o Bairro Latino, próximo a fabrica T Barreto, deixa claro a felicidade de ter uma nova morada: “ Betinho [...] está animado para ir morar em Candelária [...] vou receber a chave da casa de Candelária no dia 27 deste [...] no dia 30 que será sábado nos mudamos. ” A Candelária dos tempos de Dona Aline mudou, transformou-se, seguiu o trilho do progresso, como bem assinalou o professor Pedro de Lima:
Verifica-se uma tendência para a constituição de um espaço metropolitano em torno de Natal; o litoral, ao norte e ao sul da cidade, passa por um intenso processo de urbanização, relacionada predominantemente com o turismo, mas também com a criação de novos espaços residenciais das classes média; observa-se a proliferação de centros comerciais e empresariais, shoppings centers e condomínios residenciais, além de hotéis e outros equipamentos de suporte a indústria do turismo.

O bairro Candelária foi criado, oficialmente, através da Lei nº 4.330 promulgada em 5 de abril de 1993. Bairro que nasceu conjunto, empreendimento realizado pelo Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais (INOCOOP/RN). Entregue em 1975, não foi nada fácil os primeiros tempos. Erguido no alto, sobre dunas, Candelária sofria com a falta de transporte coletivo, e parte de seus moradores tinham de enfrentar o areal, da hoje avenida Prudente de Morais, via de acesso ao conjunto.
O conjunto cresceu e virou bairro. Quanto a origem de seu topônimo, a ex-diretora do INOCOOP, Maria do Rosário, segundo Itamar de Souza em “ Nova História de Natal, estar na adaptação do nome Candelário, estação de sky, visitada por ela quando esteve na Espanha.
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Av. Pres. Prudente de Morais (final dos anos 1970), no bairro Candelária.
Fonte: Acervo A República.
O bairro Candelária, longe de ser aquelas “desérticas” dunas do passado, guarda a história da expansão urbana de Natal. Candelária tem limites com Lagoa Nova, Capim Macio, Neópolis, Cidade da Esperança, Cidade Nova e Pitimbu, em seus limites encontra-se parte do Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte, assim, o bairro incorpora papel importante na preservação da fauna, flora, e, o aquífero barreiras, fonte fundamental para a manutenção do abastecimento de água da cidade de Natal, a cidade das brancas dunas.  Como assinalou a professora Marise Duarte, “... a área dunar existente nos bairros de Pitimbu, Candelária e Cidade Nova pode ser considerada uma das mais importantes do ponto de vista da proteção ambiental no município de Natal”.  
Enfim, Candelária e o Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte, representam momentos diferentes de uma cidade chamada Natal.
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Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte – Fotos do autor

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