domingo, 30 de junho de 2019

Uma história de dores: enxergo através das memórias


Uma história de dores: enxergo através das memórias 
Luciano Capistrano 
Professor e Historiador 

"Enxergo a vida através da memória". 
(Socorro Paiva Capistrano) 



      Tem dias que me pego com o passado, tempos de infância/adolescência inquietam meus pensamentos. Neste domingo, amanheceu chuvoso, 30 de junho, último dia do mês das quadrilhas, milhos, fogueiras, forró... bem, domingo, chuva, mês junino, não sei se essa mistura de alguma forma atiçou um baú de recordações. E neste caldeirão de sensações e simbolismos, abro a página do Facebook, e, encontro uma frase de Socorro Paiva Capistrano, pessoa querida, já encantada. 

      “Enxergo a vida através da memória” , leio a frase de Socorro Paiva, mãe dos meus queridos primos, Pablo Capistrano e Rosa Morena, em uma postagem do Facebook com uma foto das minha idas ao arquivo, em uma rotina do oficio de historiador. A foto do meu fazer como historiador e a frase, me fizeram olhar a estante, vê os livros. Neste instante, me deparo com, Sem Paisagem: memórias da prisão, livro de Moacyr de Góes, ex- secretario de educação, um dos idealizadores da Campanha de Pé no Chão Também Se Aprende A Ler, ação de educação desenvolvida durante a administração do Prefeito Djalma Maranhão. Folheio o livro e:

Agora, sentado na janela do comando do QG, eu esperava. Da janela via a Catedral, a Praça André de Albuquerque. Mulheres, carregando suas tristezas, chegavam para as missas. Pensei em minha mãe. Lamentei não ver a Igreja de Santo Antônio porque sempre gostei do galo que guarda o campanário. Sabia que se atravessasse a Praça, da calçada da Igreja do Rosário, veria o Rio Potengi. Lembrei de minha mulher, pois, ali, muitas vezes namoramos. Era um dos nossos recantos preferidos pela beleza do rio e pela discrição do lugar que permitia abraços e beijos. Oito anos de namoro. (GOÉS, Moacyr de. Sem paisagem: memórias da prisão. Natal: Sebo Vermelho, 2004, p.43-44)

    Foto Luciano Capistrano - Pôr do Sol / Rio Potengi

            A dor da saudade descrita pelo professor Moacyr de Goés, preso, impedido de ver o por do sol e o rio Potengi ao lado de sua amada. Na narrativa de suas memórias paisagens de uma cidade, memórias de um tempo de restrição as liberdades democráticas. Os lugares narrados, cheios de sentimentos, por Moacyr são “testemunhas” deum período em que o obscurantismo fez se “Senhor do Poder” nas terras potiguares. Página triste de nossa história. Hoje ao caminhar pela Praça André de Albuquerque não encontramos mais os vestígios das administração do prefeito Djalma Maranhão, não foi apenas as memórias afetivas de Moacyr de Goés que foram confinadas a uma cela fria do Quartel do Exército, as gerações pós abril de 1964, foram ceifadas das Praça de Culturas, foram ceifadas da Galeria de Artes da Praça.

Eis o que esta Galeria de Arte vale para nós, como representação do passado. Bem queria que os novos alunos de hoje também passassem por ela sonhando e cantando. Não se extinguiu, na verdade, o instinto norte-rio-grandense de poesia. E mais uma vez, para confirmar a predestinação histórica, os poetas confluem para esta praça, possuindo agora a sua Academia democrática, tendo agora a oportunidade de expor aos olhos do povo sua inspiração viva. (BARBOSA, Edgar. Imagens do tempo. Natal: Edição Imprensa Universitária, 1966. p. 98)

        As novas gerações de estudantes não conheceram a Galeria de Arte, uma galeria aberta, uma espécie de “corredor das artes”, construída na parte da Praça André de Albuquerque próxima ao hoje Tribuna de Justiça, um lugar escolhido para ser “passagem”, aberto para todas as classes sociais. Comerciários, sapateiros, moradores do Passo da Pátria, transeuntes da Cidade Alta, atravessavam por entre cultura. Hoje um vazio, nada a lembrar a Galeria de Arte.

     Acervo: http://www.dhnet.org.br/djalma/galeria.htm - Galeria de Arte.

      Retorno a Socorro Paiva, "Enxergo a vida através da memória", e, faço este exercício de “enxergar “a cidade através destes memorialistas, cronistas, que nos fazem ver. Ver uma cidade silenciada, por forças obscuras alçadas ao Planalto Central numa quartelada com pés fincados em setores antidemocráticos, setores da sociedade conservadores responsáveis por interromper uma das administrações das mais exitosas que Natal já viu. Djalma Maranhão não desceu as escadarias do Palácio Felipe Camarão por ter cometidos atos ilícitos de corrupção. 
       Desceu de cabeça erguida. Preso, exilado no Uruguai, morreu de saudades de sua cidade de sua gente, mas, morreu com a consciência tranquila de quem fez o melhor por sua cidade. 
       Já chegando ao fim dessas minhas inquietações, olho novamente a estante e meus olhos marejam, lagrimas escorrem pelo rosto. Mãos tremulas, abro o livro, Assim foi Auschwitz: testemunhos (1945-1986):


Fui deportado da Itália, em minha qualidade de judeu, em 20 de fevereiro de 1944 e cheguei à estação de Auschwitz na noite de 26 de fevereiro de 1944 [...] Assim que desci do trem, na plataforma da estação deu-se a primeira seleção; tive a sorte de ser julgado suficientemente jovem e ainda apto para o trabalho, enquanto minha mulher (que estava comigo e da qual fui brusca e violentamente separado) foi enviada nessa mesma noite para a câmara de gás, como soube depois da libertação por algumas de suas companheiras que sobreviveram [...] (LEVI, Primo. Assim foi Auschwitz. São Paulo: Companhia Das Letras, 2015, p. 68-69).

    Fonte: http://fortune.com/2019/05/09/redbubble-holocaust-fashion-imagery-auschwitz/

      Finalizo esse meu percurso, por memórias afetivas ditas em momentos de dores individuais em cenários de um Brasil pós 1964, e, em uma época mais anterior, a década de 1940, tempo da Segunda Guerra Mundial. Nos fragmentos extraídos das memórias de Moacyr de Góes e de Primo Levi, a dor comum de todos nós humanos, a dor das injustiças sofridas, por perseguições nazifascistas. Dores de saudades. 
     Parafraseando Socorro Paiva Capistrano: Uma história de dores: enxergo através das memórias. Façamos das nossas inquietações, sempre um diálogo democrático.









terça-feira, 25 de junho de 2019

Natal: entre poetas, memorialistas... a urbe!


Natal: entre poetas, memorialistas... a urbe!
Luciano Capistrano
Professor e Historiador

Uma cidade não se abre fácil,
como um guarda-chuva,
a quem sequer não a tem.
Uma cidade é como a luva:

sem o gesto e a medida
exatos de quem a calça,
jamais se entrega a alguém
por mais força que se faça
para tê-la ou possuí-la.

Pode tê-la, mas sem uso.
simples adorno ocultando
a sua alma ao intruso.

Mas possuí-la, através
de um exercício constante
de amor e contemplação,
é ver o quanto de amante
uma cidade esconde em si.

Ao menor gesto, qualquer,
Que venha de quem a ama,
Ela transcende: mulher.

Mulher lânguida que, amada,
mais ama, além, sobre a dor.
E nos devolve em silêncio
O que lhe damos de amor.

Silêncio que pensa no homem
o seu ingênito pasmo,
como a paz que nos oferta
a mulher depois do orgasmo.

Natal não foge à regra
Que a experiência assinala.
Íntima, entre o rio e o mar,
se estende. Convém amá-la.
(Nei Leandro de Castro – Romance da Cidade de Natal)

            A poesia de Nei Leandro de Castro é um convite ao leitor para conhecer a cidade desbravar seus rincões, adentrar em seus mistérios. Nascido na terra de Santana, em uma Caicó de 1940, desde cedo, sua vocação para a escrita aflorou, estudante do Externato São Luís, Atheneu Norte-rio-grandense, Faculdade de Direito de Natal, percorreu sua vida escolar do fundamental ao ensino superior, acompanhado das letras.
Sua escrita é uma grande contribuição para a produção literária do Rio Grande do Norte, com uma vasta obra, da prosa a poesia, entre seus livros, “As Pelejas de Ojuara”, ganhou destaque nacional ao ser adaptado para o cinema em 2007. Como não é objetivo deste artigo, fazer uma análise da literária, me, restrinjo a chamar a atenção do leitor para as possibilidades de utilização da poesia de Nei Leandro de Castro, no livro já citado, para conhecer a cidade de Natal e seus lugares de memórias.
Um circuito histórico lírico na companhia de poetas, memorialistas, personagens narradores da urbe, a apresentarem as ruas e becos, este é o que proponho neste artigo. Guias de turismo, arquitetos, geógrafos, geólogos, historiadores, e, todos os profissionais que de um modo ou de outro, tem a cidade como objeto de estudo e trabalho, tem um acervo aberto na nossa literatura para partir dela embrenhar-se na identidade do natalense.
A cidade é uma página para ser lida, o transeunte, o habitante ou o visitante, ao caminhar pela cidade faz também uma leitura dos seus espaços, ou, dos “eus” que a cidade comporta. O historiador José D’Assunção Barros, faz uma narrativa sobre a cidade como um texto aberto a ser desvendado por seus habitantes. Diz Barros:

[...] A cidade também fala aos seus habitantes e aos seus visitantes através dos nomes próprios que abriga: dos nomes de ruas, de edifícios, de monumentos. O grande texto urbano aloja dentro de si textos menores, feitos de placas de ruas que evocam memórias e imaginários, de cartazes que são nas avenidas para seduzir e informar, de sinais de trânsito que marcam o ritmo da alternância entre a passagem permitida e os interditos aos deslocamentos no espaço. A cidade é um grande texto que tece dentro de si uma miríade de outros textos, inclusive os das pequenas conversas produzidas nos encontros cotidianos. (BARROS, José D’Assunção. Cidade e história. Petrópolis: Editora Vozes, 2012, p. 45)

            Os cronistas, poetas e memorialistas, são porta vozes dessa cidade/texto, assim, aponto neste curto artigo, além do já citado Nei Leandro de Castro, o poeta de Areia Branca, que adotou e foi adotado por Natal, Deífilo Gurgel, pesquisador de primeira linha das manifestações culturais do Rio Grande do Norte, o mestre Deífilo também cantou em versos os encontros e desencontros da cidade de Natal. Em Ribeira Velha de Guerra, poema dedicado ao pesquisador Gutemberg Costa, o poeta faz uma narrativa sentimental sobre o antigo bairro que não mais existe:


Ribeira Velha de Guerra
 A Gutemberg Costa

Na Campina da Ribeira,
o poeta Itajubá
- sentimental, mas viril,
empina nos céus de agosto
(o suor escorre no rosto),
um tremendo “papagaio”,
o maior que já se viu.

Mestre Cascudo passeia
na antiga Rua das Virgens.
Na casa número tal
nasceu um super-herói.
(O super-herói é ele,
vencedor de tanta guerra,
tanta luta cultural).

Hidroplanos alçam vôo
na barra do Potengi.
São aves da Latecoere,
enfrentando as intempéries,
pelas mãos de Exupéry.

Em frente ao “Cova da Onça”,
Perrepistas, Liberais
trocam mais que insultos, tiros.
Morre o povo, corre o povo,
que todos somos mortais.

“Tabuleiro da Baiana”,
“Fumaça” serve cartolas
- banana, queijo e canela –
para a fome dos bacanas.

[...]

Sentam todos na calçada
do “Carneirinho de Ouro”
em velhas mesas da “Antártica”
e, entre sorrisos e abraços,
e muitas “louras” geladas,
vai começar a função.
(Deífilo Gurgel – Ribeira Velha de Guerra)

            Na poesia de Deífilo Gurgel, encontramos uma Ribeira existente apenas nas memórias de quem viveu a Natal do passado, em cada verso o poeta descortina o tempo de outrora, deixando para nós, através dos seus versos, o cotidiano de Natal, seus lugares, sua gente e os fatos ocorridos ao longo do tempo na cidade baixa. Uma narrativa poética fazendo submergir memórias do fazer. São os caminhos percorridos pela urbe.
            Conhecer a cidade implica em fazer escolhas, traçar rotas. Não tem como não pensar a cidade sem enfrentar o labirinto no qual ela é desenhada, continuamente, afinal, não se trata de algo estático, parado no tempo, pelo contrário a urbe urge modificações, algumas de difícil percepção, mas estamos andando em um terreno dunar e um tanto pantanoso. Para não me perder nessa caminhada, faço das pegadas deixadas  por escritores e escritoras, das coisas da cidade, a trilha mais segura a seguir. Como por exemplo, ir no passo de Clementino Câmara e conhecer dos primeiros momentos do terceiro bairro de Natal, Cidade Nova, hoje TIrol e Petrópolis:

O terreno não era uma mata: era um mato de jurubeba, camboim, mangabeira, cajueiro, caboatã, guabiraba, ubaia. Aqui e ali alguns mocambos, distanciados, e entre eles o do negro Paulo, onde havia aos domingos zambê puxado a puíta e fartamente regado a cachaça. Com frequência davam-se conflitos de soldados do Exército, que não primavam naquele tempo, pelo amor à ordem. [...] Só uma ruazinha lá se encontrava – a do Morcego, que depois veria a ser Vai-quem-quer. [...] No local reservado para a futura matriz uma casa de farinha, e a rua João Pessoa era chamada do Sarmento. (CÂMARA, Clementino. Década. Natal: EDFURN, 2018. p. 77).

            Faço deste “Natal: entre poetas, memorialistas... a urbe”, uma provocação para dialogarmos sobre as possibilidades, dos livros, alguns empoeirados nas estantes, em contribuir para a construção de roteiros sobre a cidade. Lembro do Alvissareiro, descrito por Câmara Cascudo, em sua História da Cidade do Natal, que lá do alto da torre da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação testemunhou o crescimento da cidade. Neste artigo ouso, repito como provocação par ao diálogo, o caminho dos versos e memórias, de poetas e memorialista da cidade de Natal. Façamos o diálogo.

    Foto: Luciano Capistrano - Olhar de Câmara Cascudo sobre a cidade.



domingo, 2 de junho de 2019

Inquietações: "o outro lado da questão"; “o outro lado da história ...”.

Inquietações: "o outro lado da questão"; “o outro lado da história ...”.
Luciano Capistrano
Professor e Historiador

            Costumo finalizar meus escritos com “Façamos de nossas inquietações, sempre, um diálogo democrático”, este não será diferente. Mas, confesso, algo me incomoda no tema que apresento para nosso diálogo neste curto artigo. A negação da história. Sim, nestes últimos anos, dizem que resultado do pós-modernismo, existe uma onda “revisionista” da história. Antes de me acusarem de fundamentalista, sim apenas os fundamentalistas, não aceitam o caráter falível, como historiador, meu ofício é a ciência histórica, compreendo ser a história passível de revisão. Agora, claro, a partir de pesquisa histórica e não “revisões” fundamentadas em simulacros de documentação histórica analisadas, em simulacros de análises historiográficas. 
         Como exemplo dessa onda negativista, perigosa , recorro a um acontecimento ocorrido no estado de Illinois, EUA, em 1990, conforme A Cronologia da Negação do Holocausto: 

Em 1990: Após Illinois se tornar o primeiro estado norte-americano a obrigar o ensino do Holocausto em escolas públicas, os casais Ingeborg e Safet Sarich fazem um protesto público retirando sua filha de 13 anos da escola. Os Sarich também remeteram 6.000 cartas a autoridades públicas, acadêmicas, jornalistas e sobreviventes do Holocausto, atacando o registro histórico como sendo “rumores e exageros”. (Acessado em 02/06/2019, no sitio: https://encyclopedia.ushmm.org/content/pt-br/article/holocaust-denial-key-dates

        “Rumores e exageros”, diziam grupos familiares sobre o Holocausto. Críticos da obrigatoriedade do ensino do Holocausto em escolas Públicas norte-americana, defendiam a tese da liberdade, e, transformavam as vítimas em culpados. Infelizmente essas famílias “beberam” nas “fontes” de ódios antissemitas produzidas por grupos de extrema direita, tipos “Ku Klux Klan a skinheads”, desejosos de restaurar o legado nazifascista de Adolf Hitler. Neste caso específico, chamo atenção para os cuidados que temos de ter ao nos posicionarmos com relação a dois temas bem presentes na agenda, o ensino domiciliar e as liberdades individuais. O desafio é garantir o estado democrático sem ter o processo democrático minado por uma extrema direita desvairada. 
       Estes casos de negacionismos do Holocausto se fundamentam, em muitas das vezes, em pretensas pesquisas cientificas. O caráter científico é buscado a todo custo numa operação, digamos pitoresca, das teorias da conspiração. A formula parece simples, pretensos especialistas, apresentam estudos, pareceres, documentos... uma série de fontes, num emaranhado obscuro de teorias que partem do principio de desqualificar a produção cientifica consolidada e aceita pela Comunidade Cientifica, já adianto, não digo isso para reforçar a defesa da Autoridade inconteste do Cientista, não é isso. Repito a ciência requer crítica, a ciência é falível. O problema reside no argumento que foge do campo da ciência e envereda por caminhos sinuosos das conspirações “terraplanistas”. 
         O caso de negação das ações nazistas é muito emblemático e faço essa referência para não nos deixarmos levar pelo “canto encantado” das “redes sociais”, este mundo que se quer paralelo, mas é um espaço, mesmo virtual, a ser regido por questões éticas e leais. A internet não é um mundo sem lei. A internet e o ciberespaço é um lugar de chão batido fértil para a propagação de grupos de ultradireita e suas ações saudosistas dos ideais nazistas. O historiador Dilton Maynard aponta para a ocupação da rede mundial de computadores por grupos revisionistas da direita radical: 

Com a emergência de diferentes portais na World Wide Web, desenhou-se um oceano de informações. Afloraram daí múltiplas memórias e tentativas de reescrita da história. Entre tais projetos de reconstrução historiográfica, está o uso feito da rede mundial de computadores por grupos de extrema-direita. Espaços virtuais destinados a servir como suportes pedagógicos, encontrando um ambiente atraente e de baixo custo, neofascistas de diferentes países construíram sites que tem sido veículos para divulgação de seus ideais, oferta de um diversificado merchandising e para a apresentação de supostas revisões da história. Nelas o navegante pode encontrar verbetes, artigos, vídeos, imagens e participar de fóruns voltados a, por exemplo [...] rever seus conceitos sobre figuras como Adolf Hitler (1889-1945), Benito Mussolini (1883-1945), transformados em estadistas benevolentes e Martin Luther King (1929-1968), descrito como um “agitador racial”. (MAYNARD, Dilton Cândido Santos. Escritos sobre história e internet. Rio de Janeiro: Editora Multifoco, 2011, p. 44-45) 

            Uma onda de empoderamento neofascistas neste oceano de águas turvas e agitadas da rede mundial de computadores, fica bem nítida quando em uma pesquisa rápida encontra-se “páginas e páginas” com o caráter ultra conservador a jogar nos ares o “lixo” da história, que pensávamos já fazer parte do cemitério do passado, enterrado junto com a queda dos regimes nazifascistas liderados por Mussolini e Hitler. As trevas foram abertas. 
           A Historiadora Deborah Lipstadt, desnuda os negacionistas do holocausto, a autora do clássico, A Negação do Holocausto, é enfática: 

Eles afirmam que os nazistas não assassinaram seis milhões de judeus, que a noção de que havia câmaras de gás para matar em massa é um mito, e que qualquer morte de judeus ocorrida sob o domínio nazista foi resultado da guerra e não de uma perseguição sistemática e assassinato em massa organizado pelo Estado. ( Acessado em 02/06/2019, https://www.bbc.com/portuguese/salasocial-44897985

          Deborah Lipstadt, historiadora norte-americana, enfrentou os que negavam o holocausto, e, procuravam dá um significado cientificista aos argumentos apresentados. Uma situação de risco para as liberdades, pois enaltecer ou no mínimo dizer que é "mimimi" o ocorrido nos campos de concentração nazistas ou chegar ao cumulo dos “terra planista”, de afirmar não ter existido os campos de concentração e nem tão pouco as câmaras de gás, onde foram executados milhares de centenas de judeus. Como nos alertou do perigo Lipstadt. Levemos a sério essas asneiras, pois, narrativa do ódio nasce disfarçada de "burra".
           Finalizo este artigo citando o fundador do Facebook Zuckerberg, mesmo na condição de judeu, mesmo condenando os conteúdos negacionistas do Holocausto,  defende o direito a livre expressão, nas redes sociais: 

Acho isso profundamente ofensivo. Mas, no fim das contas, não acho que nossa plataforma deva excluir (esses usuários), porque creio que existem coisas sobre as quais as pessoas se equivocam. Não acho que estejam intencionalmente interpretando os fatos de forma errada", disse Zuckerberg. (Acessado em,   02/06/2019,  Acessado em 02/06/2019, https://www.bbc.com/portuguese/salasocial-44897985 ) 

            Das minhas Inquietações: "o outro lado da questão"; “o outro lado da história ...”, das  nossas inquietações, sempre, um diálogo democrático.

A esperança se vestiu de cinza.

  A esperança se vestiu de cinza.               Aqui faço um recorte de algumas leituras que de alguma forma dialogam sobre os efeitos noc...