domingo, 25 de junho de 2017

De Carvalhos, de Castanheiras, de Golfinhos, de Vovô, de Trump: E lá fora...Dizem de progresso!

De Carvalhos, de Castanheiras, de Golfinhos,  de Vovô,  de Trump: E lá fora...Dizem de progresso!
Luciano Capistrano
Especialista em História e Cultura Afro-brasileira e Africana/UFRN
Pós-graduando em Educação Ambiental / Instituto Kennedy
Professor: Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador: SEMURB/Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte

Caos

Tempos modernos,
progresso sem limites,
chaminés expelem fumaças,
ares poluídos, reflexos,
cinzas descolorem o céu,
rios, mares, lagos,
águas potáveis findas, 
espécies extintas,
natureza finita,
tempo indefinido, 
altas temperaturas,
baixas temperaturas,
confusão climática, 
geadas, secas, chuvas,
estações indefinidas
tempos loucos, 
humanidade finita,
caos ambiental,
Terra, lar em perigo.
(Luciano Capistrano)

Sou movido a escrever. Me permitam uma confissão, escrever me mantem vivo, e, assim, se não causo com meus pecados escritos reflexões em leitores, amigo velho, pelo menos me salvei destes tempos de difíceis atos de viver. Estes escritos, são na verdade, provocações, temos de sairmos do conforto do sofá, sair do "berço esplendido", temos de abrir os "braços" para os desafios dos tempos presentes.
Neste mês de junho, de 2017, ano centenário da Revolução Russa, me pego a pensar sobre duas notícias: "Por que carvalhos e castanheiras salvaram o pequeno sítio do megaincêndio em Portugal?"  e  "Golfinho morre com tira de chinelo presa ao focinho no litoral de São Paulo'. Amigo velho, li essas notícias no site da BBC Brasil,  me invadiu um sentimento misto de esperança e desperança diante do caos moderno. 
Sim, a terra dá seus sinais de esgotamentos  e nós o que estamos fazendo?
A imagem do pequeno sítio em Figueiró dos Vinhos, Portugal, região marcada pela tragédia do incêndio, me fez lembrar do meu avô, Júlio Dantas, homem simples, viveu 104 anos, no município de Extremoz, em uma localidade chamada Capim, ali, traçou sua vida ligada, intimamente a terra. Ao ver os CARVALHOS e CASTANHEIRAS das terras lusitanas a proteger um pequeno sítio das chamas que "engoliu" vidas e formou uma "ilha verde" em um mar cinza, me fez acreditar ainda mais na importância de pensarmos no equilíbrio, necessário, entre o progresso e o meio ambiente. 
Amigo velho, é preciso fazer como os iguais a vovô Julio, e, os donos do sítio em Figueiró, não nos distanciarmos do mundo natural, é fundamental fazer o caminho de volta, aprendermos com os homens e mulheres do mundo rural, dialogarmos com as comunidades rurais, aqueles que sobrevivem da terra, estes sabem a importância da preservação. Como nos alertou James Lovelock:

Precisamos acima de tudo renovar aquele amor e empatia pela natureza que perdemos quando começamos nosso namoro com a vida urbana. Sócrates provavelmente não foi o primeiro a dizer que nada de interessante ocorre fora das muralhas da cidade, mas ele devia estar familiarizado com o mundo natural lá fora.  Mesmo a época de Shakespeare, as cidades eram pequenas o suficiente para que ele passeasse até "um lugar onde floresce o tomilho silvestre, onde prímulas e violetas oscilantes crescem". [...]. Agora a cidade é tão imensa que poucos chegam a conhecer o campo; fica longe demais [...] Blake viu a ameaça de usinas satânicas e sombrias, mas tenho minhas dúvidas se mesmo sua pior visão de pesadelo teria abrangido a realidade atual, a total industrialização da zona rural que ele conhecia. Blake era londrino, mas de sua Londres podia ir a pé até uma perfeita zona rural. Já não produzem feno no interior verde e agradável da Inglaterra; a agricultura é dominada pelo agronegócio mecanizado. (LOVELOCK, James. A vingança de Gaia. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2006, p.21) 

Sim, a terra dá seus sinais de esgotamento e nós o que estamos fazendo?

O golfinho encontrado no litoral da São Paulo morto morto com tira de chinelo presa no seu focinho é apenas um dos sinais do que nós estamos fazendo com o meio ambiente. Durante a RIO+20 o Lixo no Mar foi um dos principais problemas apontados naquela conferência. A sociedade industrializada, moderna e movida pelo consumo, não descobriu a necessidade de reutilizar os materiais produzidos.       O exemplo do golfinho, tem de levar todos nós a refletirmos sobre um estilo de vida, do tipo American way of life, a muito esgotado, não podemos descartar no meio ambiente tantas e tantas toneladas de lixo sem o devido cuidado. Faz-se necessário rompermos com os padrões de vida herdados da Revolução Industrial. Tarefa nada fácil, quase utópica, mas necessária.
Tempos complicados estes, quando o Presidente da maior nação, Donald Trump, movimentou as peças do xadrez mundial sobre as questões ambientais. A ação do mandatário dos EUA, levou os americanos do norte a abandonar o tratado que objetivava reduzir as emissões de poluentes na atmosfera. Em nome de um crescimento econômico os Estados Unidos da América joga no cesto do lixo o " Acordo de Paris contra a Mudança Climática".
Faço deste curto artigo, uma reflexão sobre os tempos modernos, tempos que cheiram a fumaça de óleo diesel. Façamos, então, o bom dialogo "De Carvalhos, de Castanheiras, de Golfinhos,  de Vovô,  de Trump: E lá fora...Dizem de progresso!"


Foto: Luciano Capistrano - Capim/Extremoz


Foto: Luciano Capistrano - Gamboa do Jaguaribe


sexta-feira, 23 de junho de 2017

Sebo, livros, Bosco Lopes: algumas reminiscências

Sebo, livros, Bosco Lopes: algumas reminiscências
Luciano Capistrano
Especialista em História e Cultura Afro-brasileira e Africana/UFRN
Pós-graduando em Educação Ambiental / Instituto Kennedy
Professor: Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador: SEMURB/Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte

No início da década de 1980, na rua da Conceição, 617, Cidade Alta, papai, Benjamin Capistrano Filho, inaugurou o sebo Cata Livros. Papai, grande leitor,  se fazia - por forças das circunstâncias, pois lhe faltava aptidão - comerciante de livros usados. Naquele período de Cata Livros, minhas tardes passaram a ser na rua da Conceição e na Praça Padre João Maria. na Praça, ficava com alguns livros expostos a venda, em uma estante e um muro de uma canteiro que existia e servia como uma especie de balcão. Eu, meu cunhado Ronaldo, hoje sebista em Campina Grande, ao lado de tia Rosa, ficávamos a vender livros, revistas, vinis, e, claro, aprender com os "clientes". O sebo, amigo velho, é uma verdadeira escola literária e da vida.

Sebo

Empoeirados livros na estante
Gritam saberes
Numa enxurrada de letras
Vivas
Escritas
Solitários sopros de vidas.
Ecos propagando ondas ao longe
Lugares distantes
Desconhecidos
Perdidos no tempo
Olhares de poetas, cronistas, romancistas
Dizem de humanidade
Pulsar de vidas
Cai a sombra das inquietações
Mundos de tempos presentes
Passados sem fim
Em um entrelace
De ciências caóticas
Exóticas, enfim
Deliciosos encontros
Desencontros
De saberes
Organizados
Desorganizados
Em pleno universo
De empoeirados e 
Saborosos saberes:
Sebo.
(Luciano Capistrano)

A literatura me foi apresentada por papai, sempre, desde da época da Vila Mauricio, na avenida 12, onde vivi minha infância e início da adolescência, nossa casa tinha um lugar para os livros. Quando me vi no sebo, mesmo que do outro lado do balcão, menino bobo, ouvidos abertos a ouvir diálogos impertinentes/pertinentes, sobre o mundo das letras, bons tempos, apesar de ver fluir entre as mãos, tudo em nome da sobrevivência familiar, dos grandes nomes da literatura brasileira e universal. 
Claro, antes das vendas, folheava, lia, me deliciava com Machado de Assis, Carlos Drummond, José Lins do Rego, Gracilaino Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge Fernandes, Zila Mamede, Fiódor Dostoiévski, Marguerite Yourcenar, enfim, a casa conjugada da Vila Mauricio e o antigo casarão da rua da Conceição, testemunharam minhas aventuras entre linhas e paragrafo.
Um dos frequentadores da sebo era Bosco Lopes, figura magrinha, jeito de eterno boêmio. Faço uma referencia a Bosco, porque recentemente a remexer entre meus livros, encontrei uma coletânea de poetas potiguares e lá esteva entre eles o poeta do Corpo de Pedra. Um Dia, A Poesia, este é o título da coletânea organizada por Ayres Marques, para celebrar o dia 14 de março de 1996. Abro, aqui, um parentese, o 14 de maço, trata-se de uma celebração a poesia, é o dia Nacional da Poesia, criado por poetas em Recife no ano de 1977, para além das polêmicas com relação ao qual é o dia oficial da poesia nacional -  a presidente Dilma Rousseff, instituiu a Lei 13.131/2015 que determina o dia do nascimento de Carlos Drummond de Andrade ( 31 de outubro)  como o Dia Nacional da Poesia no Brasil -, o fato é que temos duas datas a celebrar.
Bem, volto ao poeta Bosco Lopes, para lembrar da importância de dizermos as novas gerações dos nossos poetas, poetisas, escritores, enfim, que fizeram das letras suas trincheiras de observação da vida.
Bosco Lopes, nascido no dia 22 de novembro de 1949, foi funcionário da Fundação José Augusto, participou de diversos movimentos literários da provinciana Natal, em 1973 lançou o 'Projeto Zero" e em 1978 publicou "Corpo de Pedra", viveu a poesia, frequentador dos becos e bares da cidade, faleceu em 30 de junho de 1998. O poeta do RIOGRANDE, precisa sair das bibliotecas empoeiras e cair nas mãos dos natalenses/potiguares do centro á periferia. 
Finalizo, amigo velho, com um dos meus pecados poéticos em homenagem ao poeta Bosco Lopes:

 Poesia
(Poesia, para Boco Lopes que conheci quando papai fundou o sebo Cata-livros e me deliciei no seu Corpo de Pedra)

Ando entre os livros
Folheio
Me encanto
Encontro
Bosco Lopes
E sua poesia
Encantos
Cortantes
Distante
A gritar no tempo
Corpo de Pedra
Como a dizer:
"Não me esqueças
na praia
no bar
no mar..."
Não esqueças
A poesia guardada 
Nas esquinas 
Dos becos e travessas
Da vida...
Ou... no sabor da meladinha do velho Nazi!
(Luciano Capistrano)

terça-feira, 20 de junho de 2017

A Casa do Estudante: Por que não um Memorial?

A Casa do Estudante: Por que não um Memorial?
Luciano Capistrano
Especialista em História e Cultura Afro-brasileira e Africana/UFRN
Pós-graduando em Educação Ambiental / Instituto kennedy
Professor: Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador: SEMURB/Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte

Hospital de Caridade (1856), Escola de Aprendizes Artífices (1910), Batalhão Policial Militar (1914), e, finalmente em 1956, CASA DO ESTUDANTE. Ao iniciar este artigo, faço uma relação das diversas funções exercidas ao longo do tempo pelo prédio onde hoje funciona a Casa do Estudante. Apenas, neste preâmbulo, já se percebe a importância dessa edificação para a memória da cidade de Natal.
Lugar de muitas memórias, hoje a Casa do Estudante sofre as intempéries do tempo e a falta de recursos para a manutenção do prédio e dos estudantes vindos do interior do estado. A continuidade da função de acolhimento dos estudantes e a preservação das suas linhas arquitetônicas, estão seriamente comprometidas se não ocorrer uma intervenção com o objetivo de restaurar a apoiar este lugar de memórias de nossa cidade.
A Casa do Estudante é um bem Tombado a nível estadual pela Fundação José Augusto, então, do ponto de vista da legislação patrimonial, está protegido, o que chamo a atenção, amigo velho, é para a necessidade de uma ação efetiva por parte dos órgãos responsáveis pelas políticas de preservação da memória em nosso estado, até cito o DECRETO N° 8.111, DE 12 DE MARÇO DE 1981, que regulamenta a Lei nº 4.775, de 03 de outubro de 1978, que dispõe sobre a proteção do patrimônio histórico e artístico do Estado. Em seu artigo nº 19, deixa claro a obrigação do Estado neste caso em questão, pois:


Art. 19 - Os bens tombados serão mantidos sempre em bom estado de conservação e ao abrigo de possíveis danos por seus proprietários e possuidores, os quais deverão proceder, sem demora, as reparações que se fizerem necessárias, após autorização prévia da Fundação José Augusto.

§1° - Verificada pela Fundação a necessidade de recuperação, o proprietário ou possuidor considerado omisso será notificado para realizá-las em prazo razoável, e, em caso de recusa, o Estado assumirá a responsabilidade de fazê-las, correndo por conta do proprietário ou possuidor as despesas decorrentes.
§2° - As despesas com a recuperação serão pagas pelo Estado, quando ficar comprovado que o proprietário ou possuidor não dispõe de capacidade financeira para o seu custeio.

Localizado na Cidade Alta, com uma das belas visões do rio Potengi, a restauração dessa edificação com a criação de um Memorial, e, a instalação em seu entorno de equipamentos turísticos pode ser uma alternativa viável para a manutenção da Casa do Estudante, tanto do ponto de vista do prédio como também, para os serviços prestados ao s estudante acolhidos.
Poderia citar os diversos fatos históricos, vividos na cidade de Natal, tendo como cenário esta edificação, como descrito no início, os usos da Casa ao longo do tempo, já seriam elementos mais do que justificáveis de sua preservação. Sim, não esqueçamos da geração de renda e emprego,advindo da atividade turística, lembrando, para além dos estudantes "moradores" da Casa do Estudante, a comunidade vizinha do Passo da Pátria, pode ser inserida em projetos de sustentabilidade com a implantação deste Memorial.

Finalizo, este curto artigo, com uma pergunta, provocativa: A Casa do Estudante, Porque não um Memorial?
Foto:Dagmar Nascimento -  Abraço a Casa do ESTUDANTE/ Novembro de 2015

domingo, 18 de junho de 2017

Ordenamento urbano: um olhar sobre a cidade

Ordenamento urbano: um olhar sobre a cidade
Luciano Capistrano
Professor: Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador: Semurb/Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte
Pós-graduando em Educação Ambiental/Instituto Kennedy

O olhar sobre a cidade enquanto objeto de pesquisa, apenas na década de 1980, surgem nas universidades brasileiras programas de pós-graduação com essa temática do território urbano. Antes, preocupação apenas dos memorialistas, ou, profissionais técnicos, engenheiros, urbanistas, médicos, e, outros segmentos ligados ao cotidiano das cidades, principalmente no “fazer” tecnológico como ferramenta de organização espacial da urbe.
A cidade é um conjunto complexo de elementos formadores de territorialidade, assim, pensar a ocupação dos espaços e o desenvolvimento urbano tem de ser um processo dialógico, onde diversos campos de saberes trocam sensações, interpretações sobre os fazedores dos lugares.
Pensar a cidade através dos seus ordenamentos, da sua legislação, também é um exercício necessário na compreensão do processo de ocupação do solo urbano, e, ao tempo que se delimita os fazeres referentes ao cotidiano da urbe ao longo do tempo.

RESOLUÇÃO Nº 25
O Conselho da Intendencia do Municipio do Natal.
Resolve:
Art. 1º O transporte de mercadorias em carros ou animaes de carga,
feito nesta Cidade e seus suburbios, fica sujeito ás seguintes prescripções:
a) Os carros e carroças de quatro rodas, tirados por um só animal, não poderão
condusir carga superior a quarenta arrôbas, si tirados por boi, e a vinte arrôbas, si tirados por cavallo ou muar.
b) [...]
c) [...]
d) [...]
e) É absolitamente proibido aos conductores de carga montarem em animaes carregados.
Art. 2º - É vedado o transito de carros e animaes carregados por becos e travessas de largura inferior a quatro metros.
Art. 3º [...]
Art. 4º [...]
A REPUBLICA, Natal, 15 de jan. 1896.

A normatização das atividades de mobilidade urbana faz parte do cenário urbano, a Natal do século XIX, como bem indica a documentação da Intendência Municipal, já era parte da demanda "civilizatória". Viver na cidade requer uma legislação que regule a convivência entre as pessoas.
Neste exemplo, também se ver uma preocupação com a mobilidade, a circulação de veículos de cargas nas ruas de Natal e também  uma atenção aos animais. O artigo 3º dessa Resolução é bem rigoroso quanto ao seu descumprimento, "Nas contravenções os condutores de animaes e vehiculos soffrerão a multa de cinco mil reis ou treze dias de prisão".
A cidade não é um palco das neutralidades, a legislação urbana, é erguida a depender dos interesses dos diversos segmentos sociais que a compõe, assim se faz necessário a existência dos fóruns de participação na feitura do arcabouço normativo sobre os diversos aspectos da cidade. Se não for dessa forma, prevalecerá os interesses dos grupos sociais partícipes do Poder.
A Constituição de 1988, denominou o Brasil em um "Estado Democrático de Direito", a Constituição Cidadã, criou diversos mecanismos de participação social, os chamados "Conselhos de Direitos", os "Orçamentos Participativos", os "Planos Diretores", são alguns exemplos destas instâncias criadas para serem os fóruns adequados ao debate referente às demandas sociais. O grande desafio é fazer destes lugares  centros plurais, onde prevaleça a participação democrática dos segmentos sociais.
As questões relacionadas a ocupação do solo urbano e seu ordenamento sempre permearam a formação de Natal, na década de 1940, período da Segunda Guerra Mundial, o historiador Câmara Cascudo, já chamava a atenção das autoridades para as questões relacionadas à urbanização, dizia Cascudo em uma de sua Actas Diurnas:
A valorização dos terrenos ergue a vaidade humana pelas orelhas e a leva até perto das estrelas. Pelo gosto natural da burguesia não havia jardim público nem parque, nem alameda, nem miradouro. Tudo era terreno-para-construir. Interessa apenas o individual, o dependente da vontade personalíssima. Quem irá lembrar-se do direito de alguém ter diante dos olhos uma paisagem ridente ou um muro banal? [...]. Essa possibilidade está se firmando como um direito natural, uma das prerrogativas de qualquer criatura humana. [...]. Possa esse direito afirmar-se ao lado do patrimônio natural da cultura, como um fato visível e próprio da cidade moderna. (OLHOS da cidade, Luís da Câmara Cascudo, Diário de Natal, 05 de janeiro de 1947)

A preocupação com o patrimônio natural, encontramos também nas resoluções da Intendência Municipal ainda no século XIX, claro, não sejamos ingênuos, motivados por outras questões diferentes dos fatores de preservação das Zonas de proteção Ambiental de Natal, presentes hoje em dia quando se discute a reformulação do Plano Diretor/2007. Vale, para refletirmos, citar a resolução nº 89:
RESOLUÇÃO 89
A Intendencia Municipal de Natal
Resolve:
Art. 1º [...]
Art. 2º - Nenhuma concessão de terrenos será feita sobre os morros a leste da cidade nos quais fica proibido o corte de madeiras e o plantio de roças; sujeitos os infratores a multa de 50$ a 200$000 e cinco dias de prisão.
Art. 3º [...]
A REPUBLICA, Natal, 26 de nov. 1903.

Ao recorrer às resoluções da Intendência e ao artigo de Câmara Cascudo, meu objetivo é de suscitar o debate com relação ao ordenamento urbano de Natal, nestes tempos de revisão do Plano Diretor/2007.
Lembro dos projetos da avenida Roberto Freire, o Terminal Pesqueiro, as Estações de Tratamento de Esgoto do Guarapes  e de Salinas, as Zonas de Proteções Ambientais a serem regulamentadas, enfim, amigo velho, muito se tem para dialogarmos sobre a Natal. Este é o caminho, dialogarmos sobre a cidade que queremos.

Um olhar sobre a cidade

Uns ventos do além-mar
Sopram vozes do poeta lusitano
“Navegar é preciso, viver não é preciso”.
E o rio de minha aldeia
Corre ao mar
Levando vidas e sonhos
Das comunidades ribeirinhas
Barquinhos a navegar
Passo da Pátria, Cais da Tavares de Lyra
Portos de uma cidade
A olhar o Alto da Torre
Testemunha ocular de uma expansão urbana
E seus conflitos
Em uma urbe viva
Onde não existe neutralidade
Entre o mar, dunas e o rio
Planos tradutores da cidade que temos
E da cidade que queremos
Desejos.

(Luciano Capistrano)

Foto: Luciano Capistrano/Celular - Natal vista da UFRN

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Uns clicks - Detalhes



Clicks

Clicks instantes
Registra-se
Eterniza-se momentos
Inspira-se
Exprime-se
Emoções
Em uma objetiva
Olhares capturam
O belo
O feio
Transformam-se
Em clicks de pura poesia.
(Luciano Capistrano)



Foto: Luciano Capistrano - Detalhe / Instituto Câmara Cascudo



Foto Luciano Capistrano - Detalhe / Banda de Musica da PM/RN


Foto: Luciano Capistrano - Detalhe/Glomus 2017

Foto: Luciano Capistrano - Detalhe/Nossa Senhora da Apresentação

Foto: Luciano Capistrano - Detalhe/Pôr do Sol no Parque da Cidade


Foto: Luciano Capistrano - Detalhe/Feira de Nova Natal

terça-feira, 6 de junho de 2017

Felinos: uma homenagem aos gatos!!

Foto: Luciano Capistrano - Gatos  na UFRN



Felino

Meigos felinos,
 Gemidos
Sons
Ecoam em mansidão
Ronronar angustiado, aflito, dolorido
Em estado de calma, prazer ou satisfação
Nas madrugadas
Quentes
Frias
Andar em muros, telhados
Instinto caçador
Avesso às correntes, amante da liberdade
Livres correm dias e noites
Caem sempre de pé
Em passadas precisas
Sempre irão voltar ao aconchego do
 Lar
Abraços
Carinhos Dengosos
Felinos, amorosos amantes.
(Luciano Capistrano)


Foto: Luciano Capistrano - Gatos na UFRN

Foto: Luciano Capistrano - Gatos na UFRN


sábado, 3 de junho de 2017

Dos tempos de hoje



Praça André de Albuquerque - Cidade Alta / Foto: Luciano Capistrano




Dos tempos de hoje
Saudades
Das praças
Dos coretos
Dos domingos
Dos tempos de outrora.
(Luciano Capistrano)





Beco da Lama - Cidade Alta / Foto: Luciano Capistrano




Foto: Luciano Capistrano - Ao longe vejo o rio Potengi
OBS: Fotos de celular!

A esperança se vestiu de cinza.

  A esperança se vestiu de cinza.               Aqui faço um recorte de algumas leituras que de alguma forma dialogam sobre os efeitos noc...