Feira do Alecrim: Patrimônio Cultural da Cidade
de Natal.
Luciano Capistrano
Professor de História: Escola Estadual Myriam
Coeli
Mestrando: Profhistória/UFRN
Sábado é dia de feira:
Alecrim cheira jasmim
Sábado é dia de ferira, Alecrim cheira jasmim
Multidão em sintonia quase uma arritmia
cardíaca
Carros atônitos entopem as ruas/avenidas
Pedestres perdidos ouvem sons de buzinas.
Sinal fechado, cuidado há vozes na esquina
Camelôs aflitos buscam o pão nosso de cada dia
Entrechoque de interesses validos/inválidos
Comerciantes gritam: espaços livres de
ambulantes,
Intrusos sobreviventes da economia globalizada.
Corre, corre, gente de todos os lados,
Pois é sábado dia de feira, Alecrim fervilha
É goma peneirada, rolo de fumo, cabeça de
porco,
Na feira do Alecrim tem de tudo.
Suor escorre no rosto, corpo cansado,
angustiado
Geme sobrevivente do sistema hostil.
Entre as bancas escorre vida,
Simples humanidade pulsando utopias,
Contínuo tempo sem fim, pois ...
Sábado é dia de feira, Alecrim cheira jasmim!!
(Luciano Capistrano)
A feira do Alecrim, lugar de
sociabilidade tradicional de Natal, logo se transformou num grande centro
econômico. Em um domingo, 18 de julho de 1920, João Estevam e alguns amigos,
organizaram a venda de suas mercadorias na avenida 1, avenida Presidente
Quaresma. Na década de 1940, durante a administração do prefeito Gentil
Ferreira, a feira passou para o sábado. Assim, desde então, sábado é dia de
feira.
A
Feira do Alecrim é uma pujante geradora de empregos e renda, com quase 400
feirantes e 1000 barracas, gerações inteiras de famílias foram criadas através
do trabalho de mulheres e homens, herdeiros dos primeiros comerciantes,
empreendedores de uma época em que a rua era um verdadeiro areal. Hoje a rua é
asfaltada, mas o cheiro e sabores da feira continuam a sobreviver em tempos dos
hipermercados.
Câmara
Cascudo dá a seguinte informação sobre o reconhecimento do fundador da Feira do
Alecrim: “A Lei Municipal nº 823, de 12 de junho de 1958, faz soar a palavra
oficial sobre o assunto. Consagra a data, 18 de junho de 1920, e o nome do
criador, o animador, o sonhador da Feira do Alecrim, o sr. João Estevão de
Andrade.” (CASCUDO, Luís da Câmara. O livro das velhas figuras (volume IX).
Natal: EDUFRN, 2005, p.157)
A
estes primeiros feirantes devemos a celebração do centenário deste Patrimônio
Cultural da cidade de Natal. Nestes tempos “pandêmicos”, entre desesperanças e
esperanças, a FEIRA simboliza o esforço de “invisíveis” trabalhadores,
feirantes responsáveis por fazer girar a economia, da agricultura à indústria,
passando pelo segmento de serviços fato é, faz necessário enxergarmos os
fazedores das feiras.
Que
seja este o legado do centenário da Feira do Alecrim!
Finalizo,
essa pequena homenagem aos feirantes, com uma provocação: Por que não
oficializar a FEIRA DO ALECRIM como Patrimônio Cultural da Cidade de Natal?