sábado, 18 de julho de 2020

Feira do Alecrim: Patrimônio Cultural da Cidade de Natal.

Feira do Alecrim: Patrimônio Cultural da Cidade de Natal.

Luciano Capistrano

Professor de História: Escola Estadual Myriam Coeli

Mestrando: Profhistória/UFRN

 

Sábado é dia de feira:

Alecrim cheira jasmim

 

Sábado é dia de ferira, Alecrim cheira jasmim

Multidão em sintonia quase uma arritmia cardíaca

Carros atônitos entopem as ruas/avenidas

Pedestres perdidos ouvem sons de buzinas.

Sinal fechado, cuidado há vozes na esquina

Camelôs aflitos buscam o pão nosso de cada dia

Entrechoque de interesses validos/inválidos

Comerciantes gritam: espaços livres de ambulantes,

Intrusos sobreviventes da economia globalizada.

Corre, corre, gente de todos os lados,

Pois é sábado dia de feira, Alecrim fervilha

É goma peneirada, rolo de fumo, cabeça de porco,

Na feira do Alecrim tem de tudo.

Suor escorre no rosto, corpo cansado, angustiado

Geme sobrevivente do sistema hostil.

Entre as bancas escorre vida,

Simples humanidade pulsando utopias,

Contínuo tempo sem fim, pois ...

Sábado é dia de feira, Alecrim cheira jasmim!!

(Luciano Capistrano)

 

A feira do Alecrim, lugar de sociabilidade tradicional de Natal, logo se transformou num grande centro econômico. Em um domingo, 18 de julho de 1920, João Estevam e alguns amigos, organizaram a venda de suas mercadorias na avenida 1, avenida Presidente Quaresma. Na década de 1940, durante a administração do prefeito Gentil Ferreira, a feira passou para o sábado. Assim, desde então, sábado é dia de feira.

            A Feira do Alecrim é uma pujante geradora de empregos e renda, com quase 400 feirantes e 1000 barracas, gerações inteiras de famílias foram criadas através do trabalho de mulheres e homens, herdeiros dos primeiros comerciantes, empreendedores de uma época em que a rua era um verdadeiro areal. Hoje a rua é asfaltada, mas o cheiro e sabores da feira continuam a sobreviver em tempos dos hipermercados.

            Câmara Cascudo dá a seguinte informação sobre o reconhecimento do fundador da Feira do Alecrim: “A Lei Municipal nº 823, de 12 de junho de 1958, faz soar a palavra oficial sobre o assunto. Consagra a data, 18 de junho de 1920, e o nome do criador, o animador, o sonhador da Feira do Alecrim, o sr. João Estevão de Andrade.” (CASCUDO, Luís da Câmara. O livro das velhas figuras (volume IX). Natal: EDUFRN, 2005, p.157)

            A estes primeiros feirantes devemos a celebração do centenário deste Patrimônio Cultural da cidade de Natal. Nestes tempos “pandêmicos”, entre desesperanças e esperanças, a FEIRA simboliza o esforço de “invisíveis” trabalhadores, feirantes responsáveis por fazer girar a economia, da agricultura à indústria, passando pelo segmento de serviços fato é, faz necessário enxergarmos os fazedores das feiras.

            Que seja este o legado do centenário da Feira do Alecrim!

            Finalizo, essa pequena homenagem aos feirantes, com uma provocação: Por que não oficializar a FEIRA DO ALECRIM como Patrimônio Cultural da Cidade de Natal?

     Feira do Alecrim - Foto Luciano Capistrano.


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