sábado, 10 de outubro de 2020

 


Do álbum de família: tempo eternizado num click.

Luciano Capistrano

Professor de História: Escola Estadual Myriam Coeli

Mestrando: Profhistória/UFRN



Ao folhear um álbum de família encontramos afetos, são cliques a dizerem das alegrias, das dores, das emoções vividas, e, de memórias eternizadas, muitas vezes nas páginas amareladas ou em molduras quebradas. São as fotografias expostas na sala de visitas,  no quarto de dormir, ou perdidas em um canto escuro da casa. Gosto de sentir a emoção ao olhar velhos e empoeirados álbuns. Nestes tempos modernos, o papel fotográfico, virou um “logaritmo”, transformou-se num “objeto” digital, algo solto nas nuvens. São muito os encontros nas redes sociais de fotos antigas, retiradas de antigos álbuns fotográficos, digitalizadas permanecem as memórias afetivas.

Ver essas imagens é uma rica experiência é um:

Exercício fascinante é o de resgatar os nomes, hábitos e o dia-a-dia dos moradores que habitaram determinada casa que vemos nas antigas fotos das cidades; detalhes sobre a arquitetura das edificações, o traçado das ruas, a vegetação ornamental; particularidades acerca das atividades do comércio através das placas das fachadas; os cartazes promocionais anunciando algum produto medicinal ou alguma apresentação teatral; o tipo de transporte urbano; a calma de certas ruas e o burburinho e outras, a moda, o gesto, um certo ritmo no andar, a malícia no olhar… o comum e o suspeito, o explicito e o implícito. É o espetáculo da cidade, identificável pela aparência gravada na imagem fotográfica: precioso documento, que preserva a memória histórica. Trata-se, contudo, de um espetáculo misterioso em sua trama, em seus códigos, em seus símbolos, naquilo que esconde intra-muros, nos seus segredo não revelados […] (KOSSOY, Boris. Realidades e ficções na trama fotográfica. Cotia/SP: Ateliê Editorial, 2012, p.129-130).

O desvendar dos mistérios contidos nas fotos de antigos álbuns é mesmo fascinante, são memórias saídas dos “intra-muros” dos aquivos particulares ou públicos a apresentar um passado que diz das vidas privadas mas dizem da urbe, assim, andar por este mundo de “clicks” é pisar no solo pantanoso da história. 

Finalizo este curto artigo com o registro fotográfico do acervo familiar do poeta Carlos Gurgel. Na foto da esquerda para a direita seus irmãos Fernando, Gerdenia, Sérgio e Carlos, ao centro o seu pai Deífilo Gurgel, em um dia de 1963 ou 1964, nas margens da Lagoa Manoel Felipe. Ao olhar essa imagem, me chama atenção o espaço, o entorno dos personagens, retratados. Claro que a presença do grande pesquisador de nossa cultura, Professor Deífilo Gurgel, ladeado por seus filhos, nos permite também pensar no ser humano despido das vestis do intelectual. Na foto encontramos o pai e os filhos. O “parque ambiental” ou o “central park” da cidade de Natal, ainda com sua cobertura verde, deveria ser agradável brincar ao redor da lagoa embaixo das árvores. Do álbum de família: tempo eternizado num click.


Foto: Acervo Carlos Gurgel - da direita para a esquerda: Fernando, Gerdenia, Sérgio e Carlos, ao          centro o seu pai Deífilo Gurgel,

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