Cine Nordeste – Para além de uma
saudosa
memória dos cinemas de rua
“No
escurinho do cinema
Chupando
drops de anis
Longe
de qualquer problema
Perto
de um final feliz”.
No
rádio ouço Rita Lee, “Flagra”. Talvez embalado pelo som da nostalgia, nestes
tempos pandêmicos as emoções ficam mais latentes, a flor da pele. Fiquei a
pensar sobre os “cinemas de ruas”, eu que gosto de andar por ruas e becos da urbe,
me vi diante do antigo Cine Nordeste, na rua João Pessoa, nas proximidades da
Praça Kennedy e Praça Padre João Maria, ali, passei várias tardes de domingo.
Hoje o prédio, fechado, tem embaixo de sua marquise a “cama” dos desvalidos,
dos muitas vezes invisíveis sociais. O Cinema Nordeste, empreendimento da
Cireda, foi inaugurado em 20 de dezembro de 1958, um marco na história das
salas de cinemas em Natal. O Cinema Nordeste, foi o primeiro a ter um sistema
de ar condicionado. Durante muitos anos a Sorveteria Oásis, vizinho ao cine,
era o “point” pós filmes. Hoje a edificação guarda para as gerações das décadas
de 1950 á 1980, memórias afetivas das exibições na grande tela aos “flagras”
quando as luzes acendiam. Tempo, tempo, tempo... Hoje não encontramos os “cinemas
de ruas”, mas antigos problemas sociais pulsam. Anchieta Fernandes, em seu
clássico “Écran Natalense”, reproduz uma nota publicada no jornal A República,
assinada por R. X.: “... os mendigos importunavam as pessoas que ali vão tomar
um refrigerante, um sorvete ou outra coisa e, isso recomenda mal a direção da
sorveteria e a própria Cidade.” Cine Nordeste – Para além
de uma saudosa memória dos cinemas de rua, antigos problemas a desafiar a urbe
do tempo presente.
(Referência: CAPISTRANO, Luciano Fábio Dantas.
Divagações: memória, fotografia e história. Natal: Sebo Vermelho, 2019; FERNANDES,
Anchieta. Écran Natalense: Capítulos da história do cinema em Natal. Natal:
Sebo Vermelho, 2007).
Projeto:
Das ruas às redes: Quinta da história.
(Foto
e texto: Professor Luciano Capistrano)