Do alto da Torre:
Um
Memorial dos Potiguara, por que não?
O
que guardamos da presença dos povos originários? Ao caminhar pela urbe onde
encontramos vestígios dos Potiguara? A um silenciamento sobre os povos
Potiguara, para além do patrono da sede da Prefeitura, Palacio Felipe Camarão,
a cidade cresceu, urbanizou seus espaços, construiu monumentos de “padra e cal”
e os lugares dos aldeamentos ficaram embaixo do tapete de uma vergonha não dita
em sermos herdeiros dos primeiros habitantes da Capitania do Rio Grande. A
conquista dos ibéricos não ocorreu de forma pacifica. Aqui foi cenário de
conflitos violentos, entre portugueses e nativos. “Do aprisionamento dos
Potiguara durante a conquista entre 1597 e 1598, [...] Em apenas uma aldeia nas
proximidades do Forte, os soldados ‘... mataram mais de quatrocentos potiguares
e cativaram oitenta...’”. (LOPES, 2003, p.63). Sobre a localização do último aldeamento
Potiguara nos informa o Professor Olavo de Medeiros Filho: “...na Aldeia Velha,
o Outeiro do Minhoto, à margem esquerda do Potengi ...” Este local é hoje o
Alto da Torre, localizado no bairro Salinas. Uma região repleta de raízes
históricas, cortadas por gamboas, com seus mangues e olheiros a brotar água da
terra. Tem na região da antiga aldeia de Felipe Camarão e Clara Camarão, uma
iniciativa importante para o turismo cultural a “Gamboa do Jaguaribe”. E o que
mais poderia ser realizado em memória dos Potiguara? Cadê o orgulho de ser
descendente dos nativos? Se desmanchou no ar, o “Tal orgulho tão decantado foi
substituído pelo total e mais terrífico e destrutivo dos silêncios: o do
esquecimento. Recusa-se, assim, a memória de antepassados heroicos e dignos de
lembrança, culto, respeito e veneração.” (SPENCER, 2010, p.232). Do alto da Torre: um Memorial dos Potiguara,
por que não?
(Referência:
LOPES, Fátima Martins. Índios, colonos e missionários na Capitania do Rio
Grande do Norte. Mossoró: Fundação Vingt-um Rosado; IHGRN, 2003; MEDEIROS
FILHO, Olavo de. Aconteceu na Capitania do Rio Grande. Natal: Dept. Estadual de
Imprensa, 1997; SPENCER, Walner Barros. Ecos do silêncio. Natal: Sebo Vermelho,
2010).
Projeto:
Das ruas às redes: Quinta da história.
(Foto
e texto: Professor Luciano Capistrano)
Há um completo silenciamento da nossa história, professor. É como se os povos originários e os sequestrados da África não fizessem parte do nosso passado.
ResponderExcluirInfelizmente Patrick, a violência colonizadora tece fios de silenciamentos no tempo. Sigamos, refletindo e nos inquietando com essa narrativa. Obrigado pelo comentário e leitura.
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