domingo, 24 de setembro de 2017
sexta-feira, 22 de setembro de 2017
segunda-feira, 11 de setembro de 2017
sábado, 9 de setembro de 2017
quinta-feira, 7 de setembro de 2017
Brasil: Independência ou morte, seja um brando de fortalecimento dos caminhos democráticos.
Brasil:
Independência ou morte, seja um brando de fortalecimento dos
caminhos democráticos.
Luciano
Capistrano
Especialista
em História e Cultura Afro-brasileira e Africana/UFRN
Professor:
Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador:
SEMURB/Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte
Que
País é Esse?
(Renato
Russo)
Nas
favelas, no Senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
No Amazonas, no Araguaia
Na Baixada Fluminense
No Mato Grosso e nas Gerais
E no Nordeste tudo em paz
Na morte eu descanso
Mas o sangue anda solto
Manchando os papéis, documentos fiéis
Ao descanso do patrão
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Terceiro Mundo se for piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos índios num leilão
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
No Amazonas, no Araguaia
Na Baixada Fluminense
No Mato Grosso e nas Gerais
E no Nordeste tudo em paz
Na morte eu descanso
Mas o sangue anda solto
Manchando os papéis, documentos fiéis
Ao descanso do patrão
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Terceiro Mundo se for piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos índios num leilão
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Na
década de 1980, ventos originários da capital federal, Brasília,
trazia a sonoridade do rock brasileiro, entre os diversos grupos,
“crias” das esplanadas, surgia o Legião Urbana. Do Aborto
Elétrico vinha Renato Russo, com uma das letras, que logo, logo, se
transformaram em hino de uma geração que aspirava por liberdade. O
Brasil, iniciava de forma afirmativa, com as mobilizações de rua, sua caminhada na estrada de restauração
da democracia, perdida durante os 21 anos de governos dos generais
presidentes.
Lembro
da Campanha das Diretas Já.
O
ano 1984, a Emenda a Constituição, apresentada pelo Deputado Dante
de Oliveira, ganha as ruas e praças deste país, o povo na rua,
mobiliza-se a sociedade. Multidões, rompe-se o silêncio, a CNBB, a
OAB, a ABI, e outras Instituições da sociedade se alinham no
discurso em favor da Emenda Dante de Oliveira.
Das
Praças ecoa o grito: Diretas Já! Existia um desejo por democracia a
unir os diversos espectros políticos ideológicos da sociedade
brasileira, como nos diz o historiador Carlos Fico:
[…] No Rio de Janeiro, quando Sobral Pinto iniciou seu discurso citando o artigo primeiro da Constituição (“Todo o poder emana do povo e em seu nome é exercido!”), o povo foi ao delírio. A presença de Sobral era emblemática: nonagenário, ele era um católico liberal, distante do radicalismo da esquerda. Havia defendido o líder comunista Luís Carlos Prestes após a rebelião de 1935 mesmo discordando dele. Representou, naquele momento da Campanha das Diretas, a união da sociedade brasileira em torno do mais básico princípio democrático: os cidadãos devem escolher seu mandatário, independentemente das ideologias políticas que os reunissem em defesa desse pressuposto elementar. (FICO, Carlos. História do Brasil Contemporâneo: da morte de Vargas aos dias atuais. São Paulo: Editora Contexto, p.101, 2015)
Em
abril de 1984, na Praça Gentil Ferreira, vivi com meu pai, Benjamin
Capistrano Filho, um dos momentos mais impactantes, milhares de
pessoas, lotando a Avenida Amaro Barreto, a Avenida Presidente
Bandeira, o Relógio, símbolo do Alecrim, testemunhou a euforia, o
grito, recolhido, proibido, era posto para fora, vi meu pai,
perseguido pelos governos militares, chorar de alegria, alegria em
ver a liberdade se expressar naquela manifestação política, ali,
naquele momento, me convenci mais, e, mais da preciosidade que é
viver em um país democrático.
Ao
lembrar da Campanha das Diretas Já, me vem o discurso, dito por
alguns mal intencionados e outros desavisados, que vociferam
“Intervenção Militar já”, amigo velho, o processo de
democratização do Brasil não ocorreu de forma fácil, apesar da
chamada, “Abertura Lenta, Gradual e Segura”, defendida durante o
governo do General Presidente Geisel, os órgãos de repressão
política continuavam em ação, um xadrez político complicado de
ser desarmado era o lado “duro” dos militares que defendiam a
permanência do arcabouço jurídico/repressivo aos moldes do Ato
Institucional 5. Não, esqueçamos do atentado do Rio Center, quando
militares ligados aos setores radicais da direita militar, levavam
explosivos para serem detonados no show do primeiro de maio,
felizmente o artefato explodiu no “colo” de um dos terroristas
“verde-oliva”.
A
crise política, de hoje, guardada as devidas diferenças, tem alguns
fatores que lembram os anos anteriores ao abril de 1964, quando os
militares e civis, filiados aos interesses norte-americano, como
testemunhou o embaixador dos EUA, a época, Lincool Gordon, romperam
o processo democrático e implantaram uma ditadura civil-militar,
1964-1985.
Existe uma crise, sim, mas, como costumo dizer: existe apenas uma saída, e,
a saída, amigo velho, é uma OVERDOSE de DEMOCRACIA.
O
perigo dos momentos de crises, éticas, políticas, econômicas, são
os “salvadores da pátria”, como nos alertou o Deputado Ulisses
Guimarães, quando da proclamação da Constituição de 1988:
"República
suja pela corrupção impune tomba nas mãos de demagogos, que, a
pretexto de salvá-la, a tiranizam.”
Ao aproximar do fim deste curto artigo, sem ser conclusivo, mas apenas um convite ao diálogo, deixo, para as muitas reflexões, um fragmento do “Funk da Lama” de Zeca
Baleiro:
“Tanto
faz se é Demóstenes
ou Palocci
Se é Fabio Melo ou Marcelo Rossi
Você vai ter que responder pelo o que faz,
Você vai ter que responder pelo o que diz ...”
ou Palocci
Se é Fabio Melo ou Marcelo Rossi
Você vai ter que responder pelo o que faz,
Você vai ter que responder pelo o que diz ...”
terça-feira, 29 de agosto de 2017
Redinha: os caminhos de preservação da história para além da Antiga Ponte de Igapó.
Redinha:
os
caminhos de preservação da história para além da Antiga Ponte de
Igapó.
Luciano
Capistrano
Professor:
Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador:
Parque da Cidade
Redinha
II
Nostalgia
ventos livres jangadas ao mar
capelinha
de Nossa Senhora dos Navegantes
olha
a partida, pescadores na madrugada a navegar
ao
longe se distancia da praia, vence o quebra mar
entre
o céu e o mar, as ondas levam os homens a navegar!
Nostalgia
saborear uma ginga com tapioca
no
mercado da Redinha na beira mar
longe
do outro lado do rio, ver a Fortaleza dos Reis Magos,
e
a Ponte Newton Navarro, o antigo e o moderno a dialogar.
Ginga
com tapioca de seu Januário, tradição se fez
de
Dalila a dona Ivanize, põe azeite de dendê,
rala
coco, salga o peixe, como é bom saborear
ginga
com tapioca na beira do mar.
Nostalgia
festa do caju , procissão, barcos ao mar
clube
de pedras domingueiras a bailar,
Os
Cão na lama se fizeram
brincantes
invadem a Redinha velha
folia
de Momo até o Baiacu na vara passar.
Nostalgia
Redinha do rio Doce, da África
à
Redinha Nova, carnavais e verões
marchinhas
e as bandas de metais soprando ritmos
brasilidade
pulsante, nativos e veranistas
amantes
da Redinha dos meus
amores.
(Luciano
Capistrano)
Minha
adolescência, e, início da idade adulta, foi marcada por idas a
praia da Redinha, morador do Conjunto Santa Catarina, desde sempre
fui um frequentador assíduo, cheguei a pular no trapiche, guardo
boas lembranças da terra de Nossa Senhora dos Navegantes. Sim, e,
ainda morei naquela praia da saborosa “GINGA COM TAPIOCA”.
A
praia da Redinha tem, para o povo católico, a proteção de Nossa
Senhora dos Navegantes, padroeira e protetora dos pescadores. Em
1925, foi erguida olhando o mar, a Capelinha, no alto observa
a saída e chegada dos pescadores.
Capelinha dos Pescadores - Praia da Redinha |
A
Redinha da ginga com tapioca é uma tradição que vem de longe,
desde as décadas de 1950 / 1960, com o senhor Geraldo Januário, que
era marchante de peixe e fez essa iguaria, assim, passando para a
família a receita até as gerações atuais:
Para começar a entendê-la, nada melhor do que prepará-la e saboreá-la. Tratar, temperar os peixes com sal, espetá-los em palitos de coqueiros, colocar um pouco de farinha de mandioca para grudar e fritá-lo em azeite de dendê. Para a tapioca, peneirar a goma, colocar sal, ralar o coco, misturá-lo à goma, colocar em frigideira, e por fim colocar o peixe dentro da tapioca, como um sanduíche. Este é o modo de preparo da ginga com tapioca, desde sua origem, e se perpetuar até hoje, conforme nos contou D. Ivanize em entrevista. (DANTAS, Rebekka Fernandes. Ginga com tapioca: de Dalila a Ivanize, das origens à atualidade. Natal: Sebo Vermelho, 2015, p. 33)
A
Redinha, tem uma ocupação que remonta ao século XVII, praia da
região norte de Natal, limita-se
com os bairros Potengi, Salinas e Pajuçara, e, também com o
município de Extremoz. Tem ainda suas terras banhadas pelas águas
do rio Doce, Potengi e o mar. Com uma população de aproximadamente
20 mil habitantes, a Redinha é um lugar de muita beleza.
Redinha
Redinha
dos mares
Da
capelinha
Igrejinha
de pedra
Rogai
Nossa Senhora
Pescadores
Navegantes saem
As
jangadas ao mar
Vento
sopra a vela
Faz
embarcação navegar
Vencer
as ondas
Transpor
o quebra-mar
Cotidiano
de sol
Sobreviventes
jogam a rede
Trazem
peixes do mar
Festa
do caju
Redinha
clube
Saúdam
os pescadores
Trabalhadores
do mar
Nos
dias de folga
Saborear
Ginga
com tapioca
No
mercado
Na
barraca de dona Zefinha
Ao
abrir o baú das minhas memórias
Encontro
a Redinha de tantas
Histórias.
(Luciano
Capistrano)
Da Redinha ver-se ao longe o Forte dos Reis Magos, década de 1920 |
Ao
finalizar, este “curto” artigo, chamo a atenção, amigo velho,
para a importância da preservação da memória deste antigo bairro da urbe: A Redinha, como
diz Câmara Cascudo, em uma de suas Acta Diurna, tem registro no mapa
de Joanes de Laet, de 1633, onde já é indicado, no referido mapa, a
localização de um povoado de pescadores. Este é o desafio, fazer
os caminhos de preservação da história para além da Antiga Ponte
de Igapó.
sábado, 26 de agosto de 2017
quarta-feira, 26 de julho de 2017
Hiroshima e Nagasaki: Little Boy inaugura uma nova ordem
Hiroshima
e Nagasaki: Little
Boy inaugura uma nova ordem
Luciano
Capistrano
Especialista
em História e Cultura Afro-brasileira e Africana/UFRN
Professor:
Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador:
SEMURB/Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte
Hiroshima
e Nagasaki
Mães
choram um agosto
Perdido
Das dores de Hiroshima e
Nagasaki
Sangram
Inocentes
infantis.
Explodem memórias
Little Boy, fez-se cinzas
O
dia 6… no céu voa Enola Gay
De repente…
A bomba
fora da lei
Cai sobre o amanhecer
Cumpre-se as ordens
dos herdeiros
De Auschwitz.
Ao entardecer corpos surgem em
sombras
Na rua... um homem de bengala.
Fez-se noite
Das
cortinas de fumaça
Em
Obscuros tempos de Guerra
Fria.
(Luciano Capistrano)
O
6 de agosto de 1945, parecia ser um dia normal, se é que pode ser
normal um dia em tempos de guerra. Naquele amanhecer a cidade de
Hiroshima, pulsava vidas, crianças, jovens, adultos… gente em suas
casas, nas ruas, chegando a escola ou ao lugar de trabalho, tudo
parecia normal. Até surgi uma aeronave nos céus e um clarão tomar
contar da cidade.
Os
Estados Unidos, davam início ao “jogo” da corrida armamentista,
uma cidade de aproximadamente 350.000 habitantes, foi destruída em
minutos. Os americanos, de maneira terrível,
lançava uma nuvem de fumaça sobre o mundo, um mundo tão castigado
com a Segunda Guerra Mundial, passou a conhecer, então, a
potência das bombas atômicas lançadas sobre as cidades japonesas
do Enola Gay. A bomba atômica:
Além
das mortes imediatas, essas bombas dão início à longa agonia dos
que, atingidos pela radiação, morrerão aos poucos, nos anos a
seguir. De fato, foram constatados efeitos somáticos e genéticos
incontáveis. Entre eles, enfraquecimento geral do organismo, lesões
oculares, deformações irreversíveis decorrentes de queimaduras
profundas, cansaço generalizado, aumento considerável de diferentes
formas de câncer e incontáveis consequências genéticas e
malformações do feto.
[..]
Começava naquele exato momento a corrida atômica que Einstein
tanto temera. Em agosto de 1949, após quatro anos de monopólio
nuclear americano, a [ex] União Soviética também teria sua bomba
atômica, menos de cinco meses após a assinatura do Tratado do
Atlântico Norte […] Começava aí a guerra fria entre as duas
grandes potências vencedoras do conflito: Estados Unidos e União
Soviética, cujo primeiro conflito aparente foi o Bloqueio de Berlim,
já em 1947. (KOLTAI, Catarina. Por que pacifismo? São Paulo:
Editora Moderna, p. 38-39, 1987)
O
mundo do pós Hiroshima e Nagasaki, transformou-se. A
partir daqueles tristes dias, o fantasma de uma hecatombe nuclear
povoou os quatro cantos da terra. A corrida armamentista era um
verdadeiro campo minado, os interesses econômicos e de dominação
territorial das duas potências atômicas não tinham limites e nem
escrúpulos. O
mapa mundi era ditado nos corredores obscuros do Kremlin e
Washington.
Crises
entre os blocos antagônicos marcaram este período, o clima era de
guerra, e, não tinha nada de fria. A questão de Berlim, com a
criação dos dois países: República
Federal da Alemanha
e
a República
Democrática Alemã,
uma nação separada por um muro. O Muro de Berlim, é o símbolo
maior da Guerra Fria, construído em 1961, uma
Alemanha e duas nações, Ocidente
e Oriente
dando o tom da época. Um
mundo dividido e diversos momentos de tensão compondo o cenário da
diplomacia das armas nucleares:
[…]
as duas superpotências aceitavam a divisão desigual do mundo,
faziam todo esforço para resolver disputas de demarcação sem um
choque aberto entre suas Forças Armadas que pudesse levar a uma
guerra e, ao contrário da ideologia e da retórica da Guerra Fria,
trabalhavam com base na suposição de que a coexistência pacífica
entre elas era possível a longo prazo. Na verdade, na hora da
decisão, ambas confiavam na moderação uma da outra, mesmo nos
momentos em que se achavam oficialmente à beira da guerra, ou mesmo
já nela. […]
A Guerra Fria que de fato tentou corresponder à sua retórica de
luta pela supremacia ou aniquilação
não era aquela em que decisões fundamentais eram tomadas pelos
governos, mas a nebulosa disputa entre seus vários serviços
secretos reconhecidos e não reconhecidos, que no Ocidente produziu
esse
tão característico subproduto da tensão internacional, a ficção
de espionagem e assassinato clandestino.(HOBSBAWM, Eric. Era dos
extremos: o breve século XX. São Paulo: Companhia Das Letras, p.
225-226, 2000)
Este
cenário fez surgi guerras regulares com a participação direta das
superpotências, a guerra
da Coreia,
entre 1950 e 1953. As
manifestações
de estudantes da Universidade de Budapeste, de intelectuais e de
trabalhadores exigiam eleições livres, a legalização dos partidos
democráticos e a retirada das tropas soviéticas do país, no
movimento conhecido como sublevação
húngara,
fortemente reprimido pelos tanques soviéticos.
A
Crise
dos Mísseis,
grave
momento de risco para a paz, com a instalação de misseis
soviéticos, 1961-1962, em Cuba. A guerra
do Vietnã,
1965 a 1973, conflito que levou a população americana, em sua
maioria, a ocupar as principais praças e avenidas com o slogan “Faça
o amor e não faça a guerra”. A guerra do Vietnã, foi a mais
sangrenta do período da Guerra Fria, deixou um saldo de 2 milhões
de mortos, daí resulta a mobilização pacifista ter crescido muito
nos Estados Unidos, quando os primeiros marines começaram a voltar
mutilados ou em caixões, e, os relatos da utilização de armas
químicas contra civis vietnamitas por soldados americanos é
descoberto pela sociedade norte-americana, os gastos e envios de
soldados para a zona de conflito, sofre críticas severas da opinião
pública. Derrotados,
os EUA, veem os Russos invadirem o Afeganistão, a denominada Guerra
Afegã-Soviética,
1979-1989, foi o “Vietnã” da ex-União Soviética.
Se Little
Boy inaugura uma nova ordem,
com o fim da Guerra Fria a uma confusão com os países fora do eixo
EUA X URSS, cheios de sentimentos xenófobos e armados com suas
ogivas nucleares. Sobrevivemos a Guerra Fria, o difícil é dizer se
sobreviveremos ao terrorismo, com os “estados islâmicos” ou a
Donald Trump
e Kim
Jong-un, lideres
belicistas do EUA e da Coreia do Norte.terça-feira, 25 de julho de 2017
Diálogos sobre a urbe: Caminhos e Descaminhos da cidade de Natal
Diálogos
sobre a urbe: Caminhos e Descaminhos da cidade de Natal
Luciano
Capistrano
Especialista
em História e Cultura Afro-brasileira e Africana/UFRN
Professor:
Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador:
SEMURB/Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte
Natal
Não
sei se terei a rima perfeita
Para em versos poéticos
Dizer dos caminhos e descaminhos
Das memórias, das histórias
Da terra de nome: Natal.
Para em versos poéticos
Dizer dos caminhos e descaminhos
Das memórias, das histórias
Da terra de nome: Natal.
Lugar
de brancas dunas
Tantas vezes cantadas em versos e prosas
Nos cantos de Açucena
Ao balançar dos coqueirais
A sombra das "praieiras dos meus amores", descortina a urbe: Natal.
Tantas vezes cantadas em versos e prosas
Nos cantos de Açucena
Ao balançar dos coqueirais
A sombra das "praieiras dos meus amores", descortina a urbe: Natal.
Ouço
vozes no tempo
Otoniel Menezes
Ferreira Itajubá
Jorge Fernandes
Palmyra Wanderley
Suas poesias a ecoar nas esquinas
De uma Baby linda.
Otoniel Menezes
Ferreira Itajubá
Jorge Fernandes
Palmyra Wanderley
Suas poesias a ecoar nas esquinas
De uma Baby linda.
Dos
encontros de civilizações
Ibéricos, Africanos, Potiguaras
Forjaram culturas em partos
De dores e alegrias
Se fez uma Fortaleza dos Reis Magos
Ao olhar do alvissareiro
Lá no alto da torre
Via-se como " era grande o Potengi".
Ibéricos, Africanos, Potiguaras
Forjaram culturas em partos
De dores e alegrias
Se fez uma Fortaleza dos Reis Magos
Ao olhar do alvissareiro
Lá no alto da torre
Via-se como " era grande o Potengi".
Dos
limites da Santa cruz da Bica
As margens do Riacho do baldo
Latas d'água na cabeça
Gente ia e vinha, em caminhos de beber água sob as bênçãos de Santo Antônio
Ao canto do galo se fez uma cidade
Devota a Nossa Senhora da Apresentação
E nas margens ergueu-se
A igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
As margens do Riacho do baldo
Latas d'água na cabeça
Gente ia e vinha, em caminhos de beber água sob as bênçãos de Santo Antônio
Ao canto do galo se fez uma cidade
Devota a Nossa Senhora da Apresentação
E nas margens ergueu-se
A igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
E
assim, em versos sem rimas
Vou pautando uma história urbana
Dos vestígios de memórias
Entre rochas e humanos
Descortino a cidade
Da Ribeira, da Cidade Nova
A Cidade Alta , em uma construção
Continua, ditas por poetas e cronistas
Natal, Cidade do Sol
Já foi Trampolim da Vitória...
(Luciano Capistrano)
Vou pautando uma história urbana
Dos vestígios de memórias
Entre rochas e humanos
Descortino a cidade
Da Ribeira, da Cidade Nova
A Cidade Alta , em uma construção
Continua, ditas por poetas e cronistas
Natal, Cidade do Sol
Já foi Trampolim da Vitória...
(Luciano Capistrano)
Falar
em Natal para muitos é apenas discorrer sobre as belezas naturais.
Dizer das belezas de seu litoral e incluir, até praias vizinhas,
como nos versos do poeta “... de Redinha a Genipabu...” Bem
realmente, a mãe-natureza presenteou a cidade do Natal, com uma
paisagem única. Aqui encontra-se belos cartões-postais.
Natal
é bela, isto é fato!
A
cidade surgida neste sítio,
entre dunas, mar e o rio, tem muito a apresentar. Natal tem história.
História que vai além da sua fundação, pois, antes dos
Portugueses foi terra dos Potiguara. A digital dos formadores da urbe
Potiguar, encontra-se em seu Patrimônio Histórico: Material e
Imaterial.
A
Natal moderna, cidade verticalizada, ainda não conseguiu suprimir os
vestígios de seu passado. Claro que um passado, muito mais
preservado quando se refere a “pedra e cal”.
Por
que a Fortaleza dos Reis Magos, conseguiu bem ou mal, ser preservada
e o local da aldeia dos Potiguara, na margem esquerda do rio Potengi,
não recebeu o mesmo tratamento?
Deixemos
a questão, para reflexão, já que não é nosso propósito, neste
momento entrar nesta seara.
O
certo é que ao olharmos os símbolos da presença europeia
em nossa cidade Natal, percebemos também a influência dos indígenas
e dos africanos. Culturas diversas causadoras da construção do
hoje, natalense.
Saberes
e fazeres milenares presentes: quando saboreamos ginga com tapioca,
na praia da Redinha; ao assistirmos uma apresentação do Boi
Calemba,
do saudoso Manoel Marinheiro; ao entrarmos no Museu de Cultura
Popular Djalma Maranhão e presentearmos nossos olhos com as peças
de Xico
Santeiro; na técnica utilizada para construir a Fortaleza dos Reis
Magos, marco da ocupação portuguesa, e por fim, quando das
celebrações de fim de ano presenciamos, junto a estátua de
Iemanjá, as oferendas jogadas ao mar.
Como
preservar, então, o Patrimônio Histórico da Cidade do Natal?
Um
dos primeiros passos a serem dados em direção a preservação do
Patrimônio Histórico é desenvolver ações tendo como meta, fazer
este Patrimônio conhecido por seus cidadãos. Neste sentido a
Educação Patrimonial, exerce um papel preponderante na
concretização do desejo de preservar aquilo que é relevante para a
cultura material e imaterial da capital Potiguar.
Palestra "Educação Patrimonial" - Professor Luciano Capistrano |
A
Educação Patrimonial deve ser a locomotiva, deste processo de
proteção e restauração dos nossos lugares de memória. Conhecer o
passado é um direito de todas e todos os cidadãos, está na
Constituição.
Projetos
que contemple a valorização dos espaços, guardiões, da memória,
são fundamentais. Urge iniciativas, nas três esferas de poder. A
FUNCART, a Fundação José Augusto e o IPHAN, devem promover
políticas além do Tombamento, é preciso construir uma mentalidade
que pense na importância dos vestígios deixados pelos nossos
antepassados.
Hoje,
falo da minha experiência de professor, caminhar por entre nossas
ruas, em busca destes lugares de memória, é muitas vezes, encontrar
museus com acervos danificados, sem guias, monumentos sem nenhum
cuidado em conservação, edificações protegidas pelo Tombamento,
mas em situação de risco quanto aos vândalos e as intempéries do
tempo. E até, mesmo, espaços fechados para a visitação.
Circuito Histórico - Educação Patrimonial - Professor Luciano Capistrano |
Um
bom exemplo, a ser registrado, é o Museu de Cultura Popular Djalma
Maranhão, apesar de não funcionar
aos sábados, domingos e feriados,
pelo menos nas vezes que lá estive, disponibiliza um rico acervo do
nosso Patrimônio Imaterial. Localizado na antiga rodoviária, tem em
seu entorno a praça Augusto Severo, a antiga Escola Domestica, o
antigo Grupo Escolar Augusto Severo, o Teatro Alberto Maranhão e o
Largo Dom Bosco. Lugares de muita história, formando um verdadeiro
convite a quem quer conhecer o passado da cidade Natal.
Lembremos,
então, Câmara Cascudo, quando em uma de suas actas
afirmou: “Errariam menos os homens se lessem mais a história”.
Neste sentido, erraríamos menos se preservássemos mais o nosso
Patrimônio Material e Imaterial.Professor Luciano Capistrano |
sexta-feira, 21 de julho de 2017
sexta-feira, 7 de julho de 2017
Natal: Cidade Memória
Natal: Cidade Memória
Luciano Capistrano
Especialista em História e Cultura Afro-brasileira e Africana/UFRN
Pós-graduando em Educação Ambiental / Instituto kennedy
Professor: Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador: SEMURB/Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte
“Não te esquecerei, Natal!
A Ribeira subindo em direção à Cidade,
Os teus primeiros bairros Rocas e Alecrim,
O Grande Ponto dos dias de hoje,
Convergência de todos os encontros
E foco de todos os boatos.
Os bairros novos:
Tirol, Petrópolis, Quintas, Conceição,
Lagoa Seca, Juruá, Guarita, Carrasco,
(Que aqui em Montevideo, onde estou exilado,
É nome de uma praia chic),
E como estava falando em praia,
Vem a saudade de Ponta Negra e Redinha,
Areia Preta, do Meio e Circular”
(Djalma Maranhão)
Em sua evocação à Natal, o prefeito dos folguedos populares, Djalma Maranhão expressou toda a saudade, vivida na distante Montevideo. Exilado, banido de sua querida Natal. Na cidade Uruguaia, Djalma Maranhão e sua esposa Dária, vivenciaram a dor daqueles que não podem estar junto à “coisa” amada.
A memória evocada pelo ex-prefeito, num primeiro instante é resultado da individualidade. Mas o fenômeno da memória está presente na coletividade, o imaginário social forma as lembranças da sociedade. Neste sentido, a memória social, reflete os sentimentos herdados de gerações, ou seja, existe um elo, atemporal, entre os membros de uma mesma sociedade. Digamos que o sentido de inserção quando cidadãos, do hoje, se reconhecem na paisagem do ontem. Como afirmou o professor Mesentier (2005, p.168):
Diferente da memória individual, a memória social se constrói ao longo de muitas gerações de indivíduos mergulhados em relações determinadas por estruturas sociais. A construção da memória social implica na referência ao que não foi presenciado. Trata-se de uma memória que representa processos e estruturas sociais que já se transformam. A memória social é transgeracional e os suportes da memória contribuem para o transporte da memória social de uma geração a outra.
A memória não é algo pacífico, em sua construção estão implícitas escolhas, pode-se afirmar, não existe neutralidade quando o assunto é memória coletiva. Os suportes da memória, citados pelo professor Mesentier, são os monumentos, os lugares de sociabilidade, ou seja, tudo aquilo que a sociedade preserva como meio de guardar seu passado.
A cidade presente guarda lugares de memória, símbolos cheios de significados, porque dependentes de quem olha ou conforme a perspectiva deste olhar. Os suportes da memória estão espalhados pela urbe, readquirindo vida, ganhando novas funções a partir do tempo moderno. Conforme a historiadora e professora Brescianni (2003, p.237):
As cidades são antes de tudo uma experiência visual. Traçado de ruas, essas vias de circulação ladeadas de construções, os vazios das praças cercadas por igrejas edifícios públicos, o movimento de pessoas e a agitação das atividades concentradas num mesmo espaço. E mais, um lugar saturado de significações acumuladas através do tempo, uma produção social sempre referida a alguma de suas formas de inserção topográficas ou particularidades arquitetônicas.
A cidade de Natal descrita por Djalma Maranhão, não existe mais. Aquela cidade da década de 1960 transformou-se, expandiu seus limites, sua topografia e muitos de seus topônimos modificaram. Hoje à encontramos na memória dos contemporâneos do antigo prefeito, nos museus, arquivos e nos traçados urbanos que continuam, como testamento da cidade, que a cada dia se verticaliza.
O professor Deífilo Gurgel, pesquisador da cultura Potiguar, em seu “Romance da cidade do Natal”, também recorda a cidade do seu tempo de rapaz. Em seus versos expressa a saudade de um tempo passado. Uma certeza apenas, tem o poeta, a velha urbe não volta mais, pois:
Depois o tempo passou,
O bonde não voltou mais,
Não voltou mais a cidade
Do meu tempo de rapaz.
Agora, a cidade antiga
Cresce no tempo e no espaço
E o progresso a moderniza,
A cada dia que passa.
( Gurgel, 2005, p.135 )
A cidade de Natal, de tempos passados, vive não somente na memória individual, ela, como já foi dito, está presente nos diversos lugares de memória. Construir este passado é caminhar por entre os ditos lugares de memórias. Andar pelos museus, pelas ruas, olhar as edificações antigas, “remexer” ou “vasculhar” as gavetas e estantes empoeiradas dos nossos arquivos, enfim, buscar os vestígios da paisagem urbana de outrora.
Um destes lugares de memória é o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, templo da nossa história. O IHGRN, entre seu vasto acervo, guarda imagens da cidade de Natal do passado, documento “vivo” de sua evolução urbana. São fotos de João Galvão, Bruno Bourgard, Manoel Dantas e outros não identificados. Nestas imagens pode-se imaginar a Natal do bonde puxado a burro, época em que acompanhar um cortejo fúnebre não era tarefa fácil, e, em muitos casos quando o morto residia na Ribeira havia necessidade de ir de trem até o antigo Oitizeiro. Vê estas fotos é para a geração atual um convite à reflexão, sobre os caminhos e descaminhos da cidade dos Potiguaras.
Olhar as imagens de Natal antiga é como caminhar em uma “Cidade Memória”. Verificar as transformações ocorridas, aquela rua ou aquela edificação que não mais estão presentes na paisagem urbana, sinais de novo tempo e das intervenções ocorridas ao longo dos anos. Estes “clicks” ouvidos, alguns a mais de cem anos passados, registraram um cenário, hoje, apenas existente em “velhos e empoeirados álbuns”.
Do alto da torre da Igreja Matriz Bruno Bougard vê uma cidade a descortinar-se - Natal na primeira década do século XX - Acervo HIGRN |
Imagens que expressam além das aparências, pois, apresentam a cultura de nossos antepassados, seja nos estilos arquitetônicos ou no conjunto representativo do Patrimônio Imaterial. A professora Ecléa Bosi, referência no estudo da memória, bem afirmou:
[...] Ao lado da história escrita, das datas, da descrição de períodos, há correntes do passado que só desapareceram na aparência. E que podem reviver numa rua, numa sala, em certas pessoas, como ilhas efêmeras de um estilo, de uma maneira de pensar, sentir, falar, que são resquícios de outras épocas. Há maneiras de tratar um doente, de arrumar as camas, de cultivar um jardim, de executar um trabalho de agulha, de preparar um alimento que obedecem fielmente aos ditames de outrora.
(BOSI, 1998,p. 75)
Esta é a Cidade Memória, viva nas fotos do ontem a representar a evolução urbana da Cidade de Natal, assim, como sentenciou Dr. Manoel Dantas, em sua famosa conferência de 1909, "Natal D'Aqui a Cinquenta Anos":
O’ tu, cidade bendita, que soubeste viver sob o
sudário de areia, sem blasfemar a vida;
O’ tu, que escreveste a primeira epopéia da
coragem guerreira de Felipe Camarão;
O’ tu, que engendraste a alma forte de
Miguelinho e o espírito varonil de André de Albuquerque;
O’ tu, que presidiste a eclosão da atividade
industrial de Juvino Barreto e da caridade cristã de João Maria;
Tu foste o berço onde se aninhou o
sonho alado de Severo e a Crisálida donde partiu o
gênio criador de Pedro Velho;
Tu, que Auta de Souza purificou com a
prece imaculada de seus versos e Segundo
Wanderley enalteceu com arroubos de
sua inspiração;
Surge et ambula!
(Manoel Dantas)
Do mirante ver-se uma comunidade a descortinar-se - Conjunto Gramoré - década de 1980 - Acervo Datanorte |
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