quarta-feira, 26 de julho de 2017

Hiroshima e Nagasaki: Little Boy inaugura uma nova ordem

Hiroshima e Nagasaki: Little Boy inaugura uma nova ordem
Luciano  Capistrano
Especialista em História e Cultura Afro-brasileira e Africana/UFRN
Professor: Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador: SEMURB/Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte



Hiroshima e Nagasaki
Mães choram um agosto

Perdido
Das dores de Hiroshima e Nagasaki
Sangram
Inocentes infantis.
Explodem memórias
Little Boy, fez-se cinzas
O dia 6… no céu voa Enola Gay 
De repente…
A bomba fora da lei
Cai sobre o amanhecer 
Cumpre-se as ordens dos herdeiros
De Auschwitz.
Ao entardecer corpos surgem em sombras
Na rua... um homem de bengala.
Fez-se noite
Das cortinas de fumaça
Em
Obscuros tempos de Guerra Fria.
(Luciano Capistrano)




           O 6 de agosto de 1945, parecia ser um dia normal, se é que pode ser normal um dia em tempos de guerra. Naquele amanhecer a cidade de Hiroshima, pulsava vidas, crianças, jovens, adultos… gente em suas casas, nas ruas, chegando a escola ou ao lugar de trabalho, tudo parecia normal. Até surgi uma aeronave nos céus e um clarão tomar contar da cidade.
            Os Estados Unidos, davam início ao “jogo” da corrida armamentista, uma cidade de aproximadamente 350.000 habitantes, foi destruída em minutos. Os americanos, de maneira terrível, lançava uma nuvem de fumaça sobre o mundo, um mundo tão castigado com a Segunda Guerra Mundial, passou a conhecer, então, a potência das bombas atômicas lançadas sobre as cidades japonesas do Enola Gay. A bomba atômica:
Além das mortes imediatas, essas bombas dão início à longa agonia dos que, atingidos pela radiação, morrerão aos poucos, nos anos a seguir. De fato, foram constatados efeitos somáticos e genéticos incontáveis. Entre eles, enfraquecimento geral do organismo, lesões oculares, deformações irreversíveis decorrentes de queimaduras profundas, cansaço generalizado, aumento considerável de diferentes formas de câncer e incontáveis consequências genéticas e malformações do feto.
[..] Começava naquele exato momento a corrida atômica que Einstein tanto temera. Em agosto de 1949, após quatro anos de monopólio nuclear americano, a [ex] União Soviética também teria sua bomba atômica, menos de cinco meses após a assinatura do Tratado do Atlântico Norte […] Começava aí a guerra fria entre as duas grandes potências vencedoras do conflito: Estados Unidos e União Soviética, cujo primeiro conflito aparente foi o Bloqueio de Berlim, já em 1947. (KOLTAI, Catarina. Por que pacifismo? São Paulo: Editora Moderna, p. 38-39, 1987)


          O mundo do pós Hiroshima e Nagasaki, transformou-se. A partir daqueles tristes dias, o fantasma de uma hecatombe nuclear povoou os quatro cantos da terra. A corrida armamentista era um verdadeiro campo minado, os interesses econômicos e de dominação territorial das duas potências atômicas não tinham limites e nem escrúpulos. O mapa mundi era ditado nos corredores obscuros do Kremlin e Washington.
          Crises entre os blocos antagônicos marcaram este período, o clima era de guerra, e, não tinha nada de fria. A questão de Berlim, com a criação dos dois países: República Federal da Alemanha e a República Democrática Alemã, uma nação separada por um muro. O Muro de Berlim, é o símbolo maior da Guerra Fria, construído em 1961, uma Alemanha e duas nações, Ocidente e Oriente dando o tom da época. Um mundo dividido e diversos momentos de tensão compondo o cenário da diplomacia das armas nucleares:
[…] as duas superpotências aceitavam a divisão desigual do mundo, faziam todo esforço para resolver disputas de demarcação sem um choque aberto entre suas Forças Armadas que pudesse levar a uma guerra e, ao contrário da ideologia e da retórica da Guerra Fria, trabalhavam com base na suposição de que a coexistência pacífica entre elas era possível a longo prazo. Na verdade, na hora da decisão, ambas confiavam na moderação uma da outra, mesmo nos momentos em que se achavam oficialmente à beira da guerra, ou mesmo já nela. […] A Guerra Fria que de fato tentou corresponder à sua retórica de luta pela supremacia ou aniquilação não era aquela em que decisões fundamentais eram tomadas pelos governos, mas a nebulosa disputa entre seus vários serviços secretos reconhecidos e não reconhecidos, que no Ocidente produziu esse tão característico subproduto da tensão internacional, a ficção de espionagem e assassinato clandestino.(HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX. São Paulo: Companhia Das Letras, p. 225-226, 2000)


            Este cenário fez surgi guerras regulares com a participação direta das superpotências, a guerra da Coreia, entre 1950 e 1953. As manifestações de estudantes da Universidade de Budapeste, de intelectuais e de trabalhadores exigiam eleições livres, a legalização dos partidos democráticos e a retirada das tropas soviéticas do país, no movimento conhecido como sublevação húngara, fortemente reprimido pelos tanques soviéticos. A Crise dos Mísseis, grave momento de risco para a paz, com a instalação de misseis soviéticos, 1961-1962, em Cuba. A guerra do Vietnã, 1965 a 1973, conflito que levou a população americana, em sua maioria, a ocupar as principais praças e avenidas com o slogan “Faça o amor e não faça a guerra”. A guerra do Vietnã, foi a mais sangrenta do período da Guerra Fria, deixou um saldo de 2 milhões de mortos, daí resulta a mobilização pacifista ter crescido muito nos Estados Unidos, quando os primeiros marines começaram a voltar mutilados ou em caixões, e, os relatos da utilização de armas químicas contra civis vietnamitas por soldados americanos é descoberto pela sociedade norte-americana, os gastos e envios de soldados para a zona de conflito, sofre críticas severas da opinião pública. Derrotados, os EUA, veem os Russos invadirem o Afeganistão, a denominada Guerra Afegã-Soviética, 1979-1989, foi o “Vietnã” da ex-União Soviética.
          Se  Little Boy inaugura uma nova ordem, com o fim da Guerra Fria a uma confusão com os países fora do eixo EUA X URSS, cheios de sentimentos xenófobos e armados com suas ogivas nucleares. Sobrevivemos a Guerra Fria, o difícil é dizer se sobreviveremos ao terrorismo, com os “estados islâmicos” ou a Donald Trump e Kim Jong-un, lideres belicistas do EUA e da Coreia do Norte.


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