segunda-feira, 27 de abril de 2020

#HistóriaéProfissão


#HistóriaéProfissão
Luciano Capistrano
Professor de História: Escola Estadual Myriam Coeli
Mestrando: Profhistória/UFRN

            Hasteg, História é profissão. Me parece óbvio essa afirmação, mas por que ter de repetir o óbvio? Essa é a questão que nos ecoa como se vivêssemos os tempos sombrios da ascensão nazismo na Alemanha, tempos vividos por Bertolt Brecht. Ainda somos instados diante do tempo presente a reverberar a voz do dramaturgo e poeta alemão e dizermos o óbvio.
            A Regulamentação da Profissão de Historiador é uma reivindicação de muitos anos. Uma longa jornada entre idas e vindas, até o consenso conseguido no Senado Federal para a aprovação do Projeto de Lei 368/2009, do senador Paulo Paim (PT-RS). O Veto do Presidente Jair Bolsonaro, não chega a ser uma surpresa, segue a lógica dos negacionistas.
            E para os negacionistas a ciência histórica é uma pedra no caminho. Um caso clássico de negacionismo histórico é a negação do holocausto. Negaram o genocídio judeu, as câmaras de gás, os campos de concentração nazista. São os simulacros de revisionistas históricos acobertados pelo manto obscuro das teorias conspiratórias, tipo as que dizem, a “terra é plana” ou “o homem nunca foi a lua”, este é o fundamento de quem nega a ciência histórica.
            Em seu artigo 4º a Lei determina o campo de atuação do profissional da história:
Art. 4º São atribuições dos Historiadores:

I – magistério da disciplina de História nos estabelecimentos de ensino
fundamental, médio e superior.
II – organização de informações para publicações, exposições e eventos em
empresas, museus, editoras, produtoras de vídeo e de CD-ROM, ou emissoras de Televisão, sobre temas de História;
III – planejamento, organização, implantação e direção de serviços de
pesquisa histórica;
IV – assessoramento, organização, implantação e direção de serviços de
documentação e informação histórica;
V – assessoramento voltado à avaliação e seleção de documentos, para fins
de preservação;
VI – elaboração de pareceres, relatórios, planos, projetos, laudos e trabalhos
sobre temas históricos.

            São essas as atribuições do Historiador nos caminhos de Clio, depois de longos anos de formação nas Instituições de Ensino reconhecidas pelo MEC, conforme preconiza a Lei. Não existem motivos constitucionais para o veto.  A regulamentação do profissional de história é uma luta desde a década de 1960 conforme nos informa o historiador Bruno Leal:

A regulamentação da profissão de historiador é uma luta antiga dos historiadores brasileiros e da principal associação da classe no país, a Associação Nacional de História (ANPUH), fundada em 1961. A primeira tentativa de normatização ocorreu em 1968, quando um projeto foi apresentado à Câmara Federal pelo então deputado Ewaldo de Almeida Pinto, que acatou por sua vez um anteprojeto de regulamentação que lhe fora proposto pelo jornalista Heródoto Barbeiro, à época presidente da Federação Brasileira de Centros de Estudos Históricos (FBCEH), ligada a União Nacional dos Estudantes (UNE). ( CARVALHO, Bruno Leal Pastor de. Regulamentação da profissão de historiador no Brasil: muitas oportunidades e um risco considerável (Artigo). In: Café História – história feita com cliques. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/regulamentacao-da-profissao-de-historiador-riscos-oportunidades/. Publicado em: 24 fev. 2020. ISSN: 2674-5917. Acesso: [27 / 04 / 2020].

            Finalizo este curto artigo, escrito ainda impactado com o veto presidencial, mas com a certeza histórica de que estou no lugar certo. A Regulamentação da Profissão de Historiador será confirmada no Congresso nacional com a derrubada do veto, os impulsos negacionistas não passarão, pois:
#HistóriaéProfissão



terça-feira, 7 de abril de 2020

Em tempos de Pandemia: a vida requer esperança!


Em tempos de Pandemia: a vida requer esperança!
Luciano Capistrano
Professor de História – Escola Estadual Myriam Coeli
Mestrando – Profhistória/UFRN

            Não tem sido fácil. Confesso.
            E de repente nos encontramos no meio de um vendaval difícil de compreendermos os significados do porque de tudo isso que de repente se abateu sobre o nosso lar comum: A Terra. Um vendaval como um nome: Covid 19, um ser invisível aos nossos olhos, capaz de provocar uma grave crise de saúde pública e econômica em todos os cantos da terra, nenhuma nação ficou isenta deste “imposto” cobrado a toda humanidade.
            Ao me colocar diante do computador, busco escrever, um vazio me invade o meu ser, olho ao redor e vejo meu pai e mamãe, meu João, o mais novo e minha nega, minha esposa, namorada, amiga... o meu João, o mais velho, vi hoje de longe, a semanas não nos tocamos, não nos abraçamos, ele com sua esposa Cecília, e Flor de Liz, minha primeira neta crescendo no ventre de minha nora. O não abraçar, o não beijar, o não ir ao encontro daqueles que amamos, é dolorido.
            Me pego olhando o “nada”, o pensamento divaga sobre essa humanidade tão “avançada”, diferente do meu tempo de criança na Vila Mauricio, quando em dias de chuva, deixava o barquinho de papel, feito por papai, navegar em águas turvas que desciam a ladeira da avenida 12 e escorria até as imediações da linha férrea. Naqueles dias da Vila meus sonhos eram andar de cavalo na casa dos meus avós, vovô Júlio e vovó Paulina, mergulhar no Bastião e ao anoitecer, sentar na calçada e ver as estrelas no céu do Capim. Bateu saudades...

Bateu saudades

Cuscuz
Leite
Tapioca
Ovos
Tudo de bom!
Ouvir o canto do galo
Lá de cima do imbuzeiro
Correr para o curral
Ver vô Júlio
Ordenhando a vacaria
Tomar um copo de leite
Da hora
Saborear o café
Da matina
Na casa de vovó Paulina
Bateu saudades.
(Luciano Capistrano)


            O mundo de minha infância não existe mais, o Capim de meus avós ficou num baú de minhas memórias afetivas, e, então, qual mundo é este do presente? Não tenho respostas.
            Me preocupo com ondas de ódios que desde antes da pandemia já tomavam as “redes” e as “ruas”, e, hoje me entristece testemunhar o descrédito que determinados grupos sociais e lideres de diversas nações, promovem com relação a ciência e as Instituições, como por exemplo, a OMS (Organização Mundial de Saúde). Me preocupo com determinados setores sociais que evocam preocupação com o “mercado” e esquecem: a urgência do momento é salvar vidas. Me entristece constatar que as grandes nações não têm o básico para enfrentar a Covid 19: UTIs suficientes para os pacientes.
            O Cenário não me anima.
      No momento o Isolamento Social, o Distanciamento Social, é o caminho para preservação.
            Bem, diante do “caos”, vejo sinais de esperança. Grupos de empresas, moradores de comunidades carentes, igrejas, ONGs, governos, a sociedade civil, formam frentes de combate ao inimigo de todos nós: o COVID 19. Ações de solidariedades se espalham nos fazendo acreditar na humanidade. Será uma utopia, essa corrente do bem? Pode ser, mas não existe outro caminho. A humanidade não é o dono da rede de restaurante MADERO. A humanidade são os anônimos, que estão preocupados, sim com vida.
           O amor, a solidariedade e a fé, vencerá!
Chegamos a uma encruzilhada, salvar a economia ou salvar vidas? Fácil resposta, salvar vidas. O mundo tem de efetivamente seguir o que orienta a OMS. Os exemplos são muitos, me doeu ver o depoimento do Prefeito de Milão, ao reconhecer o erro de ter realizado, naquela cidade, uma campanha “Milão, não pode parar”. Milão parou, parou porque o sistema de saúde entrou em colapso com a quantidade de doentes com a Covid 19. Milão parou ao ver caminhões do exército carregando corpos para enterros solitários sem familiares e amigos.
A vida requer fé...

Chove lá fora.
E cá detrás da porta,
Inventamos Deus.
O mais secreto do mundo
De estar com ELE,
Onipotente,
Onipresente,
Inesgotável,
Insondável.
(Francisco Ivan)
           
            Sigo na jornada, se tenho medo? Claro que tenho mas tenho ESPERANÇA e FÉ, muito além do vendaval tenhamos fé no mundo novo que virá, eu acredito. Gosto de um ensinamento cristão: ‘Tudo passa, tudo passará”, e assim seguiremos, pois a ... 

A vida requer ...

A vida requer esperança
Esperanças alimentam o querer viver
A vida requer amar
Amores alimentam o querer viver
A vida requer felicidade
Felicidades alimentam os dias
A vida requer saudade
Saudades alimentam os dias
A vida requer amizade
Amizades alimentam os “eus” “
A vida requer sonho
Sonhos alimentam os “eus”
A vida requer coragem!
(Luciano Capistrano)



A esperança se vestiu de cinza.

  A esperança se vestiu de cinza.               Aqui faço um recorte de algumas leituras que de alguma forma dialogam sobre os efeitos noc...