quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Profissão: HISTORIADOR/A

 

Profissão: HISTORIADOR/A

Luciano Capistrano

Professor de História: Escola Estadual Myriam Coeli

Mestrando: Profhistória/UFRN

 

            O dia 19 de agosto é o dia do Historiador/a, instituído em 2009, uma homenagem ao nascimento do Pernambucano Joaquim Nabuco, um abolicionista. Viveu nos tempos dos canaviais e usou de sua formação intelectual humanista para se opor a escravização negra. Este 19 de agosto é o dia para celebrar o Profissional responsável para lembrar os “esquecidos”, como a firmou Peter Buker: "A função do historiador é lembrar a sociedade daquilo que ela quer esquecer".

            Gosto de dizer que o desafio maior posto para o profissional do campo da história é enfrentar a legião dos negacionistas dos fatos históricos. Este é o desafio. Uma vigilância diária para aquelas teorias “conspiratórias” que negam a existência dos campos de “concentração” nazista; Negam os “Gulag” Soviéticos, dos tempos do stalinismo; Dizem “ditadurabranda” sobre os crimes cometidos pela ditadura militar/civil no Brasil pós 1964; Chegam a negar a “engrenagem” de moer gente, criada pelos portugueses durante o Brasil colonial, período da escravidão negra... enfim, cabe aos historiadores / historiadoras lembrar dos acontecimentos silenciados em narrativas negacionaistas.

            Nessa função é preciso termos alguns cuidados, o pântano que pisa o profissional da história é um campo minado. Neste sentido vale o alerta do Historiador Eric Hobsbawm: [...] eu costumava pensar que a profissão de historiador, ao contrário, digamos, do físico nuclear, não pudesse, pelo menos, produzir danos. Agora sei que pode. Nossos estudos podem se converter em fábricas de bombas, como os seminários nos quais o Ira aprendeu transformar fertilizante químico em explosivos [...] temos uma responsabilidade pelos fatos históricos em geral e pela crítica do abuso político-ideológico da história em particular. (HOBSBAWM, Eric. Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p. 17/18.

            É a partir deste pressuposto que se pauta o oficio do historiador/a, numa postura profissional com o compromisso social, claro não se deve pensar num ser distante do mundo, o novelo da história não é desenrolado por um ser extraterrestre, são seres humanos, neste sentido o perigo, digamos de contágios existem, mas devem serem fundamentados em evidencias documentais, as fontes são instrumentos imprescindíveis para lastrear de forma firme a narrativa histórica, dirimindo o máximo os jogos ideológicos simulacros de pesquisas históricas.

            Mas enfim, qual o papel deve desempenhar este profissional de história em sua comunidade? Qual deve ser as ações do Historiador/a no tempo presente? Fico com a resposta do Historiador Israelense Yuval Noah Harari: [...] Como historiador, não posso dar às pessoas alimento ou roupas - mas posso tentar oferecer alguma clareza, ajudando assim a equilibrar o jogo global. Se isso capacitar ao menos mais um punhado de pessoas a participar do debate sobre o futuro de nossa espécie, terei realizado minha tarefa [...] ( HARARI, Yuval Noah. 21 LIÇÕES PARA O SÉCULO 21. São Paulo: Companhia das Letras, 2019, p. 11.)

    O Tempo - Foto: Luciano Capistrano

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Historiador é PROFISSÃO: 12 de agosto de 2020, UM GRANDE DIA!

 

Historiador é PROFISSÃO: 12 de agosto de 2020, UM GRANDE DIA!

Luciano Capistrano

Professor de História: Escola Estadual Myriam Coeli

Mestrando: Profhistória/UFRN

 

No mundo de Clio

Entre poeiras do tempo

O olhar do presente

Se fez Historiador!

 

            Nesta quarta-feira, 12 de agosto, o Congresso Nacional derrubou o veto do Presidente Jair Bolsonaro ao Projeto de Lei 368/2009, que regulamenta a profissão de historiador. O Projeto original é do Senador Paulo Paim (PT/RS). Uma luta de muitos anos, desde a década de 1960 a discursão sobre o reconhecimento do profissional da história se arrastava entre idas e vindas no Congresso Nacional. Em 27 de abril deste ano, o Presidente Bolsonaro vetou integralmente o Projeto de Regulamentação da Profissão de Historiador, desde então os diversos setores do campo da história mobilizados através da ANPUH (Associação Nacional de História) ergueram suas vozes e escritas para a derrubada do veto pelos congressistas, o que aconteceu na tarde desse 12 de agosto.

            Faz necessário celebrar este dia, UM GRANDE DIA, não apenas para a ciência histórica e quem dedicou e dedica horas de estudos, desde a graduação em faculdades até os diversos cursos de formação continua ou nas pós graduações. Reconhecer o Profissional da História é reconhecer o conhecimento como instrumento necessário para a atuação a nível profissional nos diversos campos de saberes das atividades humanas. Não se concebe um médico sem ter uma formação na área da ciência médica, não se concebe um historiador sem ser concebido na área da ciência histórica.

            Um alerta importante, no corpo da Lei não se proíbe a pesquisa memorialística ou equivalente, mas se reconhece a importância deste profissional da história em pareceres sobre fatos históricos, assim, o estado brasileiro reconhece a formação acadêmica no campo da história como pré-requisito para o profissional da história.

            A regulamentação da Profissão de Historiador, é para os negacionistas uma pedra no caminho. Um caso clássico de negacionismo histórico é a negação do holocausto. Negaram o genocídio judeu, as câmaras de gás, os campos de concentração nazista. São os simulacros de revisionistas históricos acobertados pelo manto obscuro das teorias conspiratórias, tipo as que dizem, a “terra é plana” ou “o homem nunca foi a lua”, este é o fundamento de quem nega a ciência histórica.

            Em seu artigo 4º a Lei determina o campo de atuação do profissional da história:

Art. 4º São atribuições dos Historiadores:

 

I – magistério da disciplina de História nos estabelecimentos de ensino

fundamental, médio e superior.

II – organização de informações para publicações, exposições e eventos em

empresas, museus, editoras, produtoras de vídeo e de CD-ROM, ou emissoras de Televisão, sobre temas de História;

III – planejamento, organização, implantação e direção de serviços de

pesquisa histórica;

IV – assessoramento, organização, implantação e direção de serviços de

documentação e informação histórica;

V – assessoramento voltado à avaliação e seleção de documentos, para fins

de preservação;

VI – elaboração de pareceres, relatórios, planos, projetos, laudos e trabalhos

sobre temas históricos.

 

            São essas as atribuições do Historiador nos caminhos de Clio, depois de longos anos de formação nas Instituições de Ensino reconhecidas pelo MEC, conforme preconiza a Lei 368/2009. A derrubada do veto fez deste dia 12 de agosto de 2020, UM GRANDE DIA!

A esperança se vestiu de cinza.

  A esperança se vestiu de cinza.               Aqui faço um recorte de algumas leituras que de alguma forma dialogam sobre os efeitos noc...