Eu e a fotografia: uma confissão
Luciano Capistrano
Professor de História: Escola Estadual Myriam Coeli
Mestrando Profhistória / UFRN
A fotografia entrou na minha vida através de minha esposa Beth, que chamo carinhosamente de nega. Neste Setembro Amarelo, faço um curto relato de minha história com a fotografia, e, faço isso por dois motivos. Primeiro escrever me ajuda a enfrentar os dilemas da vida e, o segundo motivo, reside em acreditar na partilha de vivências, quem sabe este diálogo não permita a outros refazerem caminhos. Bom, vamos a história.
O ano era 2015, a vida não podia ter sido tão generosa comigo, pai de dois Joãos, casado com uma nega maravilhosa, chefe do Setor de Educação do Parque da Cidade, Professor de História, minha paixão, da Escola Estadual Myriam Coeli, e, para completar este cenário de felicidade, fui aprovado no Mestrado Acadêmico de História da UFRN, um antigo sonho. Tudo perfeito.
Mas a vida amigo velho, tem curvas sinuosas. Durante meu percurso no fabuloso ano de 2015 fui me deixando levar por uma onda de sentimentos não bem compreendidos, dias se passaram e eu como que embalado pelo samba, “... ia deixando a vida me levar…” Não percebia que um fosso de sombrias criaturas se abria diante de mim, não conseguia ver que já estava caminhando por um solo pantanoso. . .
DEPRESSÃO
Às vezes
É uma dor
Silenciosa
Sem ser dor
Chega
Invisível
Aconchega-se
No corpo, na alma
Traiçoeira
Abraça o coração
E a mente
Que não mente
Exprime-se em um mar
De vazios
De um querer viver
Impertinente
Simplesmente feliz!
(Luciano Capistrano)
Nada justificava os dias de tristezas, as insónias, a falta de vontade… Sim, vivi um período de dores silenciosas, do tipo que chega e não sabemos por que e nem como chegaram. Nestes dias de tormentas, vivi meu porto seguro…
Para sempre amar
(para a nega)
Amar para sempre amar
Em dias de sombras
Amar, amar sem dúvidas
Ou amar com todas as dúvidas!
Amar para sempre amar
Em dias de luzes
Amar, amar ao ritmo do vento
Para sempre...
Amar, amar ao perfume das rosas
Amar, para sempre
Amar, por toda a minha vida...
Para sempre amar.
(Luciano Capistrano)
E foi esse porto seguro, a nega, que me fez segurar os dias cinzas.
Foi nestes dias confusos que encontrei a fotografia, um presente dado a mim por minha nega. Ela tinha sido presenteada por uma máquina fotográfica, e lá estava ela toda empolgada com o mundo da fotografia, e sempre me falando com um brilho nos olhos dos clicks. Foi então, assim, me conquistando, através das alegrias da nega, que o ato de fotografar passou a fazer parte do meu viver. Deste momento em diante, minha vida era: um olhar, um celular, uns clicks!
Acredito que fui salvo do abismo da depressão pelo mundo mágico dos clicks, faço deste curto artigo, “ Eu e a fotografia: uma confissão”, uma advertência, neste que é o mês dedicado a prevenção do suicídio, não se deixe levar por um abismo sem fim. Respeite seus sentimentos, o corpo, a alma, dá sinais, alguns silenciosos sangram, nos corroem por dentro, o que devemos fazer? Respeitar, repito, as dores silenciosas, e falar, dizer o que senti, jogar para fora o que nos maltrata nas entranhas da alma, e, procurar ajuda, ninguém é o super homem. Se necessário um apoio psicológico/médico.
Finalizo com uma foto que fiz para lembrar o Setembro Amarelo:
Foto: Luciano Capistrano - Setembro Amarelo - Viver Vale Mais!