Fotografia, cidade, história, caminhada
histórica... inquietações!
Luciano Capistrano
Professor de História – Escola Estadual
Myriam Coeli
Mestrando – Profhistória/UFRN
Fiz essa foto durante a
7ª Caminhada Histórica de Natal (2018), promovida pela Viva
Entretenimento. Bela iniciativa que tem a coordenação técnica do historiador
Alexandre Rocha. Bem voltemos a foto, gosto desse click, e, sempre lembro do
texto de Câmara Cascudo, extraído do livro História da Cidade do Natal:
“Do cimo da Torre da História, o
alvissareiro anuncia a passagem, na linha do horizonte, dos velhos e passados
navios que estão no fundo do mar. Sonhos, amores, lutas, ambições, delírios,
mortes, tudo quanto segue na alma do Homem, sempre com ele viveu, como a sombra
ao corpo, muda e teimosa testemunha de sua passagem, reaparece e vive a vida
emprestada pela recordação. Gente do Norte e do Sul. As bandeiras sobem,
contando, de dia e de noite, como os navios passaram, chegaram e partiram para
sempre.” (Luís da Câmara Cascudo – História da Cidade do Natal).
A
fotografia tem sido uma das minhas paixões, sempre faço fotos das ruas e becos
da cidade, talvez tomado pelo desejo, muito ambicioso de minha parte, de fazer parte do grupo do “alvissareiro”,
como apontou Cascudo, aquele com a função de anunciar “... a passagem, na linha
do horizonte, dos velhos e passados navios...” O certo é, de uma alegria
imensa, caminhar por “clicks” a registrar a paisagem da urbe em um dialogo
entre os poetas, cronistas, memorialistas e historiadores a descortinar os “...
passados navios que estão no fundo do mar...” Como no canto de João da Rua:
Natal
de peixe boi à fortaleza
não existe mistério
tudo todo mundo sabe
neste pequeno espaço
deste perímetro urbano
não há segredo no rosto da cidade.
Todo dia a estrela Dalva lumia
no peito desta gente multicor
um velho sentimento índio
que não seja traidor
tudo todo mundo sabe
sob a lua ou sob o sol desta cidade
um velho sentimento índio
resistindo pela eternidade.
( O Canto o colonizador contra o
entregador – João da Rua )
A
cidade surge na escrita, são as narrativas dos fazedores da urbe, neste sentido
gosto dos poetas, sigo os pares de João da Rua para compreender e desvendar os
caminhos e descaminhos de uma Natal
existente na memória e nos seus símbolos erguidos ao longo do tempo. As praças
e seus elementos são narrativas da cidade a dizer de seus habitantes. A foto da
Praça André de Albuquerque apresenta no centro o Monumento erguido em 1917 em
celebração aos potiguares Padre Miguelinho e André de Albuquerque mártires da
Revolução de 1817.
Foto: Luciano Capistrano – Relógio do
Alecrim
A Caminhada Histórica de Natal é uma iniciativa importante na relação da
cidade seus habitantes e o Patrimônio Cultural, ao andar por ruas e becos o
cidadão inicia, digamos, um processo de reconhecimento de sua identidade, neste
sentido, a Educação Patrimonial tem a digital bem nítida neste tipo de evento.
Gosto de realizar feito um “andarilho da história”, em eventos criados nas
redes sociais, a partir do Grupo Gestores do Centro Histórico, do Facebook, e
vejo na Caminhada Histórica de Natal, sua 8ª edição, que será realizada no dia
30 de novembro, mais um instrumento para que se faça conhecida à história de
Natal.
Foto:
Luciano Capistrano – 7ª Caminhada Histórica de Natal/2018.
Este “Fotografia, cidade,
história, caminhada histórica... inquietações!” é um convite para pensarmos a
urbe, o seu Patrimônio Cultural e participarmos da 8ª Caminhada Histórica de
Natal. Pensar políticas de preservação faz necessário, principalmente nestes
tempos de revisão do Plano Diretor, façamos sempre de nossas inquietações um dialogo
democrático.
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