Democracia, este é o caminho... minhas
inquietações!
Luciano Capistrano
Professor de História – Escola Estadual
Myriam Coeli
Mestrando – Profhistória/UFRN
“... O povo, iludido, lamentavelmente
trocou tudo isso por voto ...” (31 de março de 2010, discurso do, então,
Deputado Federal Jair Bolsonaro no plenário da Câmara para exaltar os feitos da
ditadura militar civil/1964)
Ao
longo dos anos tenho, cada vez de forma mais radical, me posicionado a favor da
democracia, costumo inclusive dizer em voz alta: a saída para crise política e
econômica é uma Overdose de Democracia. Não existe outro caminho. As soluções
totalitárias são abismos de cores fascistas. Início este curto artigo, com um fragmento
retirado do discurso do Presidente Jair Bolsonaro, na época Deputado Federal,
feito durante uma audiência publica para relembrar o Golpe Militar/Civil de
1964.
Infelizmente
persiste essa narrativa enaltecendo o autoritarismo implantado no Brasil na
década de 1960, quando o governo de João Goulart, democraticamente eleito foi
derrubado por um movimento golpista articulado por parte dos militares e
diversos setores da sociedade civil aliados aos EUA. O contexto da Guerra Fria
foi o pano de fundo dessa interrupção da democracia brasileira.
Penso
nos riscos de uma sociedade quando os valores de respeitos à liberdade de
expressão e critica são ameaçados ao ponto dos “inimigos invisíveis” serem
parte da justificativa para a evocação
de instrumentos de repressão política, por isso, meu caro amigo, minha cara
amiga, precisamos evocar sempre os valores da democracia quando vozes teimam em
enaltecer o submundo dos porões da ditadura. Falas como a do Presidente Jair
Bolsonaro, na época Deputado Federal, em entrevista à rádio Jovem Pan: “... o
erro da ditadura foi torturar e não matar...”, devem ser rechaçadas.
Hoje
os senhores bolsonaristas, seguem a narrativa do antes candidato e hoje Presidente
da República. O caso mais recente foi do seu filho o Deputado Federal Eduardo
Bolsonaro ao se referir as mobilizações ocorridas no Chile disse: “E a
resposta, ela pode ser via um novo AI-5...” Não foi uma frase infeliz, dita sem
“querer”, a relação do clã Bolsonaro com o lado radical dos golpistas de 1964
vem de longe. Ao citar aqui algumas falas do Presidente, saudosistas dos
mecanismos de repressão política criados durante os denominados “anos de
chumbo”, faço para reafirmar o risco de termos na Presidência alguém, mesmo
eleito, repito, dentro de um regime democrático, que tem como ídolo o torturador
Brilhante Ustra . Para não irmos muito longe, relembro da opinião de Jair
Bolsonaro durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso,
afirmando que a ditadura deveria ter matado “... uns trinta mil...”.
Finalizo
essas minhas inquietações com a frase do Deputado Ulisses Guimarães ao
Proclamar a Constituição de 1988: “O Estado autoritário prendeu e exilou. A
sociedade, com Teotônio Vilela, pela anistia, libertou e repatriou. (Palmas.) A
sociedade foi Rubens Paiva, não os facínoras que o mataram.”
Prefiro o barulho do povo nas ruas, do que o som sombrio dos tanques, seja nas Jornadas de Junho de 2013, seja nas
Manifestações contra o Corte dos recursos para as Instituições Federais de
Ensino de 2019. Façamos, sempre, das nossas inquietações um diálogo democrático.
Foto retirada do blogger Revolta do Busão - Jornadas de Junho/2013, vista parcial da BR 101 Natal
Foto: Luciano Capistrano - Manifestação Em defesa da Educação / 2019
Nenhum comentário:
Postar um comentário