segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Democracia, este é o caminho... minhas inquietações!


Democracia, este é o caminho... minhas inquietações!
Luciano Capistrano
Professor de História – Escola Estadual Myriam Coeli
Mestrando – Profhistória/UFRN

“... O povo, iludido, lamentavelmente trocou tudo isso por voto ...” (31 de março de 2010, discurso do, então, Deputado Federal Jair Bolsonaro no plenário da Câmara para exaltar os feitos da ditadura militar civil/1964)

            Ao longo dos anos tenho, cada vez de forma mais radical, me posicionado a favor da democracia, costumo inclusive dizer em voz alta: a saída para crise política e econômica é uma Overdose de Democracia. Não existe outro caminho. As soluções totalitárias são abismos de cores fascistas. Início este curto artigo, com um fragmento retirado do discurso do Presidente Jair Bolsonaro, na época Deputado Federal, feito durante uma audiência publica para relembrar o Golpe Militar/Civil de 1964.
            Infelizmente persiste essa narrativa enaltecendo o autoritarismo implantado no Brasil na década de 1960, quando o governo de João Goulart, democraticamente eleito foi derrubado por um movimento golpista articulado por parte dos militares e diversos setores da sociedade civil aliados aos EUA. O contexto da Guerra Fria foi o pano de fundo dessa interrupção da democracia brasileira.
            Penso nos riscos de uma sociedade quando os valores de respeitos à liberdade de expressão e critica são ameaçados ao ponto dos “inimigos invisíveis” serem parte da justificativa para  a evocação de instrumentos de repressão política, por isso, meu caro amigo, minha cara amiga, precisamos evocar sempre os valores da democracia quando vozes teimam em enaltecer o submundo dos porões da ditadura. Falas como a do Presidente Jair Bolsonaro, na época Deputado Federal, em entrevista à rádio Jovem Pan: “... o erro da ditadura foi torturar e não matar...”, devem ser rechaçadas.
            Hoje os senhores bolsonaristas, seguem a narrativa do antes candidato e hoje Presidente da República. O caso mais recente foi do seu filho o Deputado Federal Eduardo Bolsonaro ao se referir as mobilizações ocorridas no Chile disse: “E a resposta, ela pode ser via um novo AI-5...” Não foi uma frase infeliz, dita sem “querer”, a relação do clã Bolsonaro com o lado radical dos golpistas de 1964 vem de longe. Ao citar aqui algumas falas do Presidente, saudosistas dos mecanismos de repressão política criados durante os denominados “anos de chumbo”, faço para reafirmar o risco de termos na Presidência alguém, mesmo eleito, repito, dentro de um regime democrático, que tem como ídolo o torturador Brilhante Ustra . Para não irmos muito longe, relembro da opinião de Jair Bolsonaro durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, afirmando que a ditadura deveria ter matado “... uns trinta mil...”.
            Finalizo essas minhas inquietações com a frase do Deputado Ulisses Guimarães ao Proclamar a Constituição de 1988: “O Estado autoritário prendeu e exilou. A sociedade, com Teotônio Vilela, pela anistia, libertou e repatriou. (Palmas.) A sociedade foi Rubens Paiva, não os facínoras que o mataram.”
           Prefiro  o barulho do povo nas ruas, do que o som sombrio dos tanques,  seja nas Jornadas de Junho de 2013, seja nas Manifestações contra o Corte dos recursos para as Instituições Federais de Ensino de 2019. Façamos, sempre, das nossas inquietações um diálogo democrático.

    Foto retirada do blogger Revolta do Busão - Jornadas de Junho/2013, vista parcial da BR 101 Natal

    Foto: Luciano Capistrano - Manifestação Em defesa da Educação / 2019 
           
           

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A esperança se vestiu de cinza.

  A esperança se vestiu de cinza.               Aqui faço um recorte de algumas leituras que de alguma forma dialogam sobre os efeitos noc...