terça-feira, 10 de dezembro de 2019

O Pac das Cidades Históricas e uma cidade de 420 anos


O Pac das Cidades Históricas e uma cidade de 420 anos
Luciano Capistrano
Professor: Escola Estadual Myriam Coeli
Mestrando: Profhistória/UFRN

                Em dezembro de 2010 o Centro Histórico de Natal, os bairros da Cidade Alta e da Ribeira, precisamente, foram declarados Patrimônio Histórico Nacional. O IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, reconheceu através do instrumento do Tombamento a relevância histórica do conjunto arquitetônico e paisagístico dos dois bairros mais antigos da cidade. Natal entrava, assim, no clube das cidades históricas. Uma área de 28,4ha foram delimitadas no perímetro tombado e um entorno de 62,6 há, compõe o “território” com restrições legais para intervenções urbanísticas.
            A cidade cantada e decantada como Cidade do Sol, voltava-se para sua edificação, suas memórias erguidas e estampadas no seu Patrimônio de “Cal & Pedra”.
            Para além das edificações Natal começa a ter um olhar, de algum modo, mais cuidadoso ou, melhor, atento, para sua história, afinal, tem um rio, o Potengi, cenário dos encontros e desencontros coloniais, Potiguaras, Europeus, Africanos, civilizações  que aqui lutaram, que aqui se fizeram comedores de camarão, que aqui construíram uma cidade subindo e descendo dunas, atravessando rios, e erguendo pontes garantiram muito mais que o titulo de “Cais do Sertão” o de “Capital Potiguar”.
            E a Cidade do Sol é em 2013 inserida no Programa de Financiamento do Governos Federal, O Pac das Cidades Históricas. Um Programa que prevê linhas de financiamento para restauro de Patrimônios Históricos.
Natal tem escolhidos para Restauro as seguintes edificações: Forte dos Reis Magos, Palácio Felipe Camarão, Casarão do Arquivo Arquidiocesano, Casarão da Escola de Danças do Teatro Alberto Maranhão, Antigo Grupo Escolar Augusto Severo (Núcleo de Extensão da UFRN), Antigo Armazém Real da Capitania - Casa do Patrimônio, Edifício da Semut e o Teatro Alberto Maranhão.
Ainda faz parte do pacote de financiamento Projetos de Requalificação das Praças do Centro Histórico, como por exemplo as já concluídas, Praça do Estudante e Praça Sete de Setembro. E por fim a Reabilitação: Antigo Hotel Central - habitação de interesse social.
Bom não desejo fazer desse artigo um rol de obras acabadas ou inacabadas, apenas chamo a atenção para que a sociedade natalense perceba a importância da continuidade dessas ações, que se arrastam desde de 2013, para o desenvolvimento do turismo e me refiro ao turismo cultural, sempre é bom lembrar das particularidades de nossa cidade Natal. Lugar privilegiado do ponto de vista da história da aviação. Desde o início do transporte aéreo que o rio Potengi foi cenário para a amerissagem dos hidroaviões.
Jean Mermoz, Carlos Del Prete, Arturo Ferrarin, Francesco de Pinedo e até o escritor e aviador Antoine de Saint-Exupéry -  dizem que levou das terras natalense a inspiração para escrever O Pequeno Príncipe -, pousaram por essas margens do Atlântico.
Fato é Natal não recebeu de forma aleatória o nome de Cidade Trampolim da Vitória, cidade já conhecida na rota aérea Europa x América do Sul, foi base de apoio aos militares norte-americanos durante a Segunda Guerra Mundial. Uma história ainda por ser ensinada nas escolas e oferecida como atração turística para os visitantes e nativos da terra de Câmara Cascudo.
Finalizo o artigo sem nenhuma pretensão de ser conclusivo, apenas fui movido por uma inquietação referente ao abandono dos “nossos lugares de história”. Deixo aqui duas fotos para refletirmos sobre as Políticas Públicas, tímidas ou ausentes, de preservação do Patrimônio Cultural de Natal. Uma da Fortaleza dos Reis Magos, abro um parênteses para dizer da importância de se tecer uma rede com a Prefeitura de Natal, o Governo do Estado e o Governos Federal, através dos seus órgãos de turismo e de patrimônio cultural para com urgência fazer as obras necessárias no nosso vestígio mais antigo da presença ibérica em nossa cidade, e a outra foto, é do Casarão do Arquivo Arquidiocesano, na espera das obras de restauro, parte do prédio tombou.
Faz urgente ações de resteuro e preservação do Patrimônio Cultural, este é o nosso alerta, neste, O Pac das Cidades Históricas e uma cidade de 420 anos. Eis as fotos...

Forte dos Reis Magos - Foto: Luciano Capistrano


Casarão do Arquivo Arquidiocesano - Foto: Luciano Capistrano

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A esperança se vestiu de cinza.

  A esperança se vestiu de cinza.               Aqui faço um recorte de algumas leituras que de alguma forma dialogam sobre os efeitos noc...