Carta de um exilado: reflexões!
Luciano Capistrano
(Historiador/SEMURB, Professor/Escola
Estadual Myriam Coeli)
EM MEADOS DOS ANOS 1980,
li “Cartas de um exilado: Djalma Maranhão”, publicação da editora Clima, edição
de 1984. Organizado por Marcos Maranhão, o livro é um testemunho pujante da
solidão e do sofrimento, vivido por Djalma Maranhão na distante Montevidéu.
Lembro de ter lido de um
“fôlego” só, cada carta lida era o retrato da realidade de quem expulso de sua
terra natal passou a viver num lugar estranho, obrigado, feito gado encurralado
por um regime autoritário. Em suas cartas encontramos um homem forte, mesmo
diante da adversidade.
Cidadão
norte-rio-grandense, Djalma Maranhão. Político, foi professor de Educação
Física do Colégio Estadual Atheneu, jornalista e esportista. Fundador e diretor
de jornais.
Djalma Maranhão iniciou
sua vida política nos primeiros anos da década de 1940, reorganizando as forças
populares herdadas do Cafeísmo. Na eleição de 1954, foi eleito Deputado
Estadual e na condição de primeiro suplente, assumiu o mandato de Deputado
Federal (1959 – 1960). Por duas vezes exerceu o cargo de Prefeito da Cidade do
Natal.
O primeiro mandato por
nomeação do governador Dinarte Mariz e o segundo mandato, em 1960, por eleição
direta, tendo seu nome sufragado por mais de 60% dos votantes.
Em consequência do golpe
de Estado de abril de 1964 foi deposto da prefeitura, e esteve preso em
quartéis do exército em Natal, na ilha de Fernando de Noronha e no Recife.
Morreu no exílio, em Montevidéu, em 30 de julho de 1971, aos 56 anos de idade.
Segundo o professor Moacyr de Góes, de saudades de sua terra Natal.
Lembrar o Prefeito dos
Folguedos populares, Djalma Maranhão, é preservar a memória das lutas sociais
vividas na capital Potiguar.
Em tempos de crise ética,
faz necessário registrar exemplo de homens públicos como o do prefeito dos
autos populares, o amigo da cultura do povo, Djalma Maranhão.
Não esqueçamos a invasão da Prefeitura e a
prisão do Prefeito, da Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler, e de
grande parte de sua equipe.
O famigerado golpe de 1964 Interrompia, através
da força, uma das experiências das mais exitosas, em termos de educação e de
administração popular.
Quando em 2009 fiz uma vistoria na antiga
residência de Marcos Maranhão, com uma equipe da SEMURB, formada pelos
arquitetos João Galvão e Andréia Garcia, fiquei muito feliz, quando João Galvão
me entregou uma carta, datilografada, de Djalma Maranhão endereçada a D. Dária,
remetida de Berlim. Encontrada no lixo,
aquela Carta era uma representação dos dias de aflição vividos por um dos mais
importantes gestores municipais que Natal conheceu. Diante daquele papel sujo,
descuidado, fiquei a imaginar a dor sofrida por aqueles que não se dobraram
perante o poder autoritário dos Presidentes Generais. Eles passaram, Djalma Passarinho.
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