sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Carta de um exilado: reflexões!


Carta de um exilado: reflexões!
Luciano Capistrano
(Historiador/SEMURB, Professor/Escola Estadual Myriam Coeli)

EM MEADOS DOS ANOS 1980, li “Cartas de um exilado: Djalma Maranhão”, publicação da editora Clima, edição de 1984. Organizado por Marcos Maranhão, o livro é um testemunho pujante da solidão e do sofrimento, vivido por Djalma Maranhão na distante Montevidéu.
Lembro de ter lido de um “fôlego” só, cada carta lida era o retrato da realidade de quem expulso de sua terra natal passou a viver num lugar estranho, obrigado, feito gado encurralado por um regime autoritário. Em suas cartas encontramos um homem forte, mesmo diante da adversidade.
Cidadão norte-rio-grandense, Djalma Maranhão. Político, foi professor de Educação Física do Colégio Estadual Atheneu, jornalista e esportista. Fundador e diretor de jornais. 
Djalma Maranhão iniciou sua vida política nos primeiros anos da década de 1940, reorganizando as forças populares herdadas do Cafeísmo. Na eleição de 1954, foi eleito Deputado Estadual e na condição de primeiro suplente, assumiu o mandato de Deputado Federal (1959 – 1960). Por duas vezes exerceu o cargo de Prefeito da Cidade do Natal.
O primeiro mandato por nomeação do governador Dinarte Mariz e o segundo mandato, em 1960, por eleição direta, tendo seu nome sufragado por mais de 60% dos votantes.
Em consequência do golpe de Estado de abril de 1964 foi deposto da prefeitura, e esteve preso em quartéis do exército em Natal, na ilha de Fernando de Noronha e no Recife. Morreu no exílio, em Montevidéu, em 30 de julho de 1971, aos 56 anos de idade. Segundo o professor Moacyr de Góes, de saudades de sua terra Natal.
Lembrar o Prefeito dos Folguedos populares, Djalma Maranhão, é preservar a memória das lutas sociais vividas na capital Potiguar.
Em tempos de crise ética, faz necessário registrar exemplo de homens públicos como o do prefeito dos autos populares, o amigo da cultura do povo, Djalma Maranhão.
Não esqueçamos a invasão da Prefeitura e a prisão do Prefeito, da Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler, e de grande parte de sua equipe.
       O famigerado golpe de 1964 Interrompia, através da força, uma das experiências das mais exitosas, em termos de educação e de administração popular.
         Quando em 2009 fiz uma vistoria na antiga residência de Marcos Maranhão, com uma equipe da SEMURB, formada pelos arquitetos João Galvão e Andréia Garcia, fiquei muito feliz, quando João Galvão me entregou uma carta, datilografada, de Djalma Maranhão endereçada a D. Dária, remetida de Berlim.  Encontrada no lixo, aquela Carta era uma representação dos dias de aflição vividos por um dos mais importantes gestores municipais que Natal conheceu. Diante daquele papel sujo, descuidado, fiquei a imaginar a dor sofrida por aqueles que não se dobraram perante o poder autoritário dos Presidentes Generais. Eles passaram,  Djalma Passarinho. 



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