Hiroshima
e Nagasaki: Little
Boy inaugura uma nova ordem
Luciano
Capistrano
Especialista
em História e Cultura Afro-brasileira e Africana/UFRN
Professor:
Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador:
SEMURB/Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte
Hiroshima
e Nagasaki
Mães
choram um agosto
Perdido
Das dores de Hiroshima e
Nagasaki
Sangram
Inocentes
infantis.
Explodem memórias
Little Boy, fez-se cinzas
O
dia 6… no céu voa Enola Gay
De repente…
A bomba
fora da lei
Cai sobre o amanhecer
Cumpre-se as ordens
dos herdeiros
De Auschwitz.
Ao entardecer corpos surgem em
sombras
Na rua... um homem de bengala.
Fez-se noite
Das
cortinas de fumaça
Em
Obscuros tempos de Guerra
Fria.
(Luciano Capistrano)
O
6 de agosto de 1945, parecia ser um dia normal, se é que pode ser
normal um dia em tempos de guerra. Naquele amanhecer a cidade de
Hiroshima, pulsava vidas, crianças, jovens, adultos… gente em suas
casas, nas ruas, chegando a escola ou ao lugar de trabalho, tudo
parecia normal. Até surgi uma aeronave nos céus e um clarão tomar
contar da cidade.
Os
Estados Unidos, davam início ao “jogo” da corrida armamentista,
uma cidade de aproximadamente 350.000 habitantes, foi destruída em
minutos. Os americanos, de maneira terrível,
lançava uma nuvem de fumaça sobre o mundo, um mundo tão castigado
com a Segunda Guerra Mundial, passou a conhecer, então, a
potência das bombas atômicas lançadas sobre as cidades japonesas
do Enola Gay. A bomba atômica:
Além
das mortes imediatas, essas bombas dão início à longa agonia dos
que, atingidos pela radiação, morrerão aos poucos, nos anos a
seguir. De fato, foram constatados efeitos somáticos e genéticos
incontáveis. Entre eles, enfraquecimento geral do organismo, lesões
oculares, deformações irreversíveis decorrentes de queimaduras
profundas, cansaço generalizado, aumento considerável de diferentes
formas de câncer e incontáveis consequências genéticas e
malformações do feto.
[..]
Começava naquele exato momento a corrida atômica que Einstein
tanto temera. Em agosto de 1949, após quatro anos de monopólio
nuclear americano, a [ex] União Soviética também teria sua bomba
atômica, menos de cinco meses após a assinatura do Tratado do
Atlântico Norte […] Começava aí a guerra fria entre as duas
grandes potências vencedoras do conflito: Estados Unidos e União
Soviética, cujo primeiro conflito aparente foi o Bloqueio de Berlim,
já em 1947. (KOLTAI, Catarina. Por que pacifismo? São Paulo:
Editora Moderna, p. 38-39, 1987)
O
mundo do pós Hiroshima e Nagasaki, transformou-se. A
partir daqueles tristes dias, o fantasma de uma hecatombe nuclear
povoou os quatro cantos da terra. A corrida armamentista era um
verdadeiro campo minado, os interesses econômicos e de dominação
territorial das duas potências atômicas não tinham limites e nem
escrúpulos. O
mapa mundi era ditado nos corredores obscuros do Kremlin e
Washington.
Crises
entre os blocos antagônicos marcaram este período, o clima era de
guerra, e, não tinha nada de fria. A questão de Berlim, com a
criação dos dois países: República
Federal da Alemanha
e
a República
Democrática Alemã,
uma nação separada por um muro. O Muro de Berlim, é o símbolo
maior da Guerra Fria, construído em 1961, uma
Alemanha e duas nações, Ocidente
e Oriente
dando o tom da época. Um
mundo dividido e diversos momentos de tensão compondo o cenário da
diplomacia das armas nucleares:
[…]
as duas superpotências aceitavam a divisão desigual do mundo,
faziam todo esforço para resolver disputas de demarcação sem um
choque aberto entre suas Forças Armadas que pudesse levar a uma
guerra e, ao contrário da ideologia e da retórica da Guerra Fria,
trabalhavam com base na suposição de que a coexistência pacífica
entre elas era possível a longo prazo. Na verdade, na hora da
decisão, ambas confiavam na moderação uma da outra, mesmo nos
momentos em que se achavam oficialmente à beira da guerra, ou mesmo
já nela. […]
A Guerra Fria que de fato tentou corresponder à sua retórica de
luta pela supremacia ou aniquilação
não era aquela em que decisões fundamentais eram tomadas pelos
governos, mas a nebulosa disputa entre seus vários serviços
secretos reconhecidos e não reconhecidos, que no Ocidente produziu
esse
tão característico subproduto da tensão internacional, a ficção
de espionagem e assassinato clandestino.(HOBSBAWM, Eric. Era dos
extremos: o breve século XX. São Paulo: Companhia Das Letras, p.
225-226, 2000)
Este
cenário fez surgi guerras regulares com a participação direta das
superpotências, a guerra
da Coreia,
entre 1950 e 1953. As
manifestações
de estudantes da Universidade de Budapeste, de intelectuais e de
trabalhadores exigiam eleições livres, a legalização dos partidos
democráticos e a retirada das tropas soviéticas do país, no
movimento conhecido como sublevação
húngara,
fortemente reprimido pelos tanques soviéticos.
A
Crise
dos Mísseis,
grave
momento de risco para a paz, com a instalação de misseis
soviéticos, 1961-1962, em Cuba. A guerra
do Vietnã,
1965 a 1973, conflito que levou a população americana, em sua
maioria, a ocupar as principais praças e avenidas com o slogan “Faça
o amor e não faça a guerra”. A guerra do Vietnã, foi a mais
sangrenta do período da Guerra Fria, deixou um saldo de 2 milhões
de mortos, daí resulta a mobilização pacifista ter crescido muito
nos Estados Unidos, quando os primeiros marines começaram a voltar
mutilados ou em caixões, e, os relatos da utilização de armas
químicas contra civis vietnamitas por soldados americanos é
descoberto pela sociedade norte-americana, os gastos e envios de
soldados para a zona de conflito, sofre críticas severas da opinião
pública. Derrotados,
os EUA, veem os Russos invadirem o Afeganistão, a denominada Guerra
Afegã-Soviética,
1979-1989, foi o “Vietnã” da ex-União Soviética.
Se Little
Boy inaugura uma nova ordem,
com o fim da Guerra Fria a uma confusão com os países fora do eixo
EUA X URSS, cheios de sentimentos xenófobos e armados com suas
ogivas nucleares. Sobrevivemos a Guerra Fria, o difícil é dizer se
sobreviveremos ao terrorismo, com os “estados islâmicos” ou a
Donald Trump
e Kim
Jong-un, lideres
belicistas do EUA e da Coreia do Norte.