domingo, 1 de março de 2020

Escrito de Gratidão!

Sou um caminhante neste mundo, entre os caminhos escolhidos, a História foi a escolha primeira, provavelmente nascida em casa, a ouvir papai falar sobre o universo de Clio. Papai estudou na UFRN, por motivos outros não concluiu o curso de graduação em história. Foram as contingências da vida. Bem, mas, recebi dele esse amor pela História. Diz ele, que nossa inclinação historiográfica tem raízes em Manoel Ferreira Nobre, nosso antepassado distante, autor da “Breve Notícia Sobre a Província do Rio Grande do Norte”.
Desde 1995 a sala de aula é o meu “palco”, professor, no início temporário, iniciei minha vida no magistério na Escola Estadual Walter Duarte Pereira. Localizada no conjunto Santa Catarina, essa foi também a escola em que conclui o ensino médio. De lá trago nas minhas memórias afetivas, de aluno, as vozes e os ensinamentos da Professora Alice, dos Professores Wilson e Expedito, cito, estes por terem me feito um ser humano melhor. Minha melhor parte é fruto dos meus professores. Na voz de Leci Brandão, minha declaração de amor:
Professores
Protetores das crianças do meu país
Eu queria, como eu gostaria
De um discurso bem mais feliz
Porque tudo é educação
É matéria de todo o tempo
Ensinem a quem pensa que sabe de tudo
A entregar o conhecimento

Na sala de aula
É que se forma um cidadão
Na sala de aula
É que se muda uma nação
Na sala de aula
Não há idade, nem cor
Por isso aceite e respeite
O meu professor.
(Anjos da Guarda – Leci Brandão)

O ano de 1995 foi um divisor de águas em minha vida. Impossível de esquecer. Ano de minha entrada no mundo do magistério, ano de minha entrada na estatística das famílias vitimas da violência. No mês de março, entrei pela primeira vez como professor, estagiário, na rede estadual de ensino, a minha antiga escola, naquele ano, passei a ser companheiro de trabalho de Alice, Wilson e Expedito, meu coração pulsava de alegria.
Um ano contraditório, entre tristeza e alegria, vivi a experiência de ser acolhido por alunos(as), jovens repletos de sonhos, anjos, sim, os estudantes, são anjos da guarda, invertendo a letra de Leci Brandão, os alunos e alunas, da Escola Estadual Walter Duarte Pereira, foram meus anjos nos dias que se seguiram ao 5 de novembro de 1995, o fatídico dia do assassinato do meu irmão.
Minha gratidão aos meus anjos professores (as), aos meus anjos alunos (as), vivo procurando ser digno de ter tido vocês em minha vida. E assim, vou nos versos da canção:
"Sempre estar lá
E ver ele voltar
O tolo teme a noite
Como a noite vai temer o fogo
Vou chorar sem medo
Vou lembrar do tempo
De onde eu via o mundo azul..."

(O Astronauta de Mármore – Nenhum de Nós)

  Foto: Uma intervenção cênica na Escola Estadual Dom Adelino Dantas - Foto: Professor Almir Ribeiro

6 comentários:

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