quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Arquivos corroídos, significa, memórias corroídas.

Arquivos corroídos, significa, memórias corroídas. 

Luciano Capistrano

Professor de História: Escola Estadual Myriam Coeli

Mestrando: Profhistória/UFRN


    O historiador, por seu oficío, dialoga permanentemente com o passado, Este fazer histórico o leva a andar entre arquivos públicos e privados, buscar construir os caminhos e descaminhos das gerações passadas é a tarefa primeira. Um labutar, por entre, poeiras, revirando velhos manuscritos, álbuns, documentos, oralidades, hoje fontes que dizem mais do que uma carta de amor, um balancete comercial, ou uma fotografia. No tempo presente o olhar do historiador, dá voz ao passado através de sua narrativa histórica.

    Uma das minhas maiores alegrias profissionais, foi quando em meados de 2012, pesquisando sobre o Bairro de Lagoa Azul, zona norte da cidade de Natal/RN, me vi diante de diversas fotografias, datadas dos anos de 1970/1980. Eram uma série de fotografias referentes aos conjuntos habitacionais construídos pela antiga COHAB/RN (Companhia de Habitação do Rio Grande do Norte). Um acervo sob aguarda de um funcionário, e foi com este antigo servidor da COHAB que encontrei os caminhos da urbanização eternizados em clicks.

    Feliz encontro.

    Ao mesmo tempo a descoberta nos traz algumas angustias próprias do historiador e de todos aqueles que olham a janela do passado e suas fontes. São frágeis ou ausentes as politicas de preservação dos arquivos públicos e privados, se o patrimônio edificado, erguidos nas ruas e praças, sofrem as intemperes do tempo e o descaso das administrações, os arquivos, estes lugares escondidos em interiores, sobrevivem, em muitos casos, através da ação individual de seus servidores. O acervo da antiga COHAB já não encontrei as fotos, elas estavam nas mãos de um destes servidores, graças a ele tivemos acesso a essa importante documentação sobre a urbe.

    Nestes tempos de eleições municipais, aproveitemos, para questionar dos candidatos (as), as Câmaras Municipais e as Chefias do Executivo Municipal, a gestão de políticas públicas de preservação de nossos acervos, os arquivos públicos municipais precisam serem valorizados, seus servidores, suas estruturas físicas, tem de se pensar nestes lugares com os equipamentos adequados para a conservação documental. 

    A memória da cidade passa por seus arquivos públicos municipais.

    Enfim, deixo uma inquietação em voz alta:

    Nossa cidade de Natal, como as demais cidades brasileiras, raras exceções, carece de uma política de valorização dos arquivos, como espaços guardiões de nossa memória. Nestes lugares, apesar da boa vontade dos seus funcionários, falta infraestrutura e equipamentos adequados para conservação do acervo. 

   Finalizo com uma das fotos encontrada naquela manhã de setembro 2012. A avenida Itapetinga, fotografada em 09/03/1983. Não deixemos, então, as traças devorarem a nossa memória. Arquivos corroídos, significa, memórias corroídas.

     A avenida Itapetinga, fotografada em 09/03/1983.

4 comentários:

  1. Meu tio e minha sogra receberam casas nesse conjunto, todo final de semana eu estava ai, lembro exatamente do inicio do Conjunto Santarém.

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  2. Morei aí nesse ano de 1983, Rua são Lourenço da Serra, caminhava nessa avenida de areia, transportes lotado, muitas vezes andava pendurado na porta do ônibus!

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    1. Amigo você me fez lembrar do smeus tempos do conjunto Santa Catarina, sempre peguei onibus lotados, também ficava na porta.

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