domingo, 8 de novembro de 2020

Avenida 10: De um canto se fez Patrimônio Imaterial.

Avenida 10: De um canto se fez Patrimônio Imaterial. 

Luciano Capistrano 

Professor de História: Escola Estadual Myriam Coeli 

Mestrando: Profhistória/UFRN 



“...Quando não era possível ter sonho 

A gente tinha um 

E ele girava em torno 

Da Avenida 10...” 

(Avenida 10 – Babal Galvão) 



    Fui menino de calças curta na avenida 12, morei na Vila Maurício. Guardo na memória afetiva imagens, sons, sabores, deste período tão significativo para minha formação. Lembro das noites de chuva. Quantas vezes não acordei com meus pais nos levantando da rede com a casa cheia de água, era uma agonia. As brincadeiras, na vila meu mundo, o som do trem ao anunciar sua passagem. A frustação de não poder andar nos carrinhos de rolimã nos trilhos da ferrovia, mamãe nunca permitiu tal travessura. 

    Cresci e meu mundo expandiu-se. A avenida 12 me levou ao Alecrim, bairro da feira, do meu primeiro emprego na Livraria Independência. Dos cinemas, do teatro Jesiel Figueiredo, das igrejas, São Pedro e São Sebastião, vi e vivi o Alecrim, da infância a adolescência. 

      Faço este preambulo, apenas para dizer da alegria de saber do reconhecimento da música Avenida 10 como Patrimônio Imaterial da cidade de Natal. Através do Projeto de Lei nº 194/2019, de autoria da vereadora Divaneide Basílio (PT), a composição de Babal Galvão, conhecida nacionalmente na voz de Geraldo Azevedo recebe o reconhecimento do poder público através do PL aprovado na Câmara Municipal. Bravo, bravissímo. 

      A música de Babal nos remete as nossas memórias afetivas, as nossas brincadeiras de infâncias, a nossa identidade cultural. Poderia dizer, ser sua poesia um elo com os “lugares de memórias”, assim entendo: “A memória coletiva se transmite oralmente e por meio de textos, momentos, rituais, festas, comemorações na família, na rua, na escola.” (GIL, Carmem Zeli de Vargas. Memória in FERREIRA, Marieta de Moraes; OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de. Dicionário de ensino de História. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2019, p.156). 

“... Minha casa bananeira o jardim 

Os meus amigos, eu, 

Quinho, Bonfim, Nelson, 

Neguinho e Moisés, 

Galvão, Fernando, João e Omar 

Todos irmãos Eris 

Hoje nós somos saudades 

Da Avenida 10...” 

(Avenida 10 – Babal Galvão) 


      Avenida 10: De um canto se fez Patrimônio Imaterial, e nossas memórias traduzidas em versos ecoa nos acordes e vozes a eternizar a identidade do Alecrim para além da cidade de Natal. Finalizo com o convite para irmos ao Alecrim nas vozes de Geraldo Azevedo e Babal Galvão, apresentação no Riachuelo. “Desde o tempo de menino eu brincava / Com ar de sonhador.”


Geraldo Azevedo com a participação especial de Babal Galvão - Avenida 10 - Teatro Riachuelo - Natal - RN - 30/03/2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A esperança se vestiu de cinza.

  A esperança se vestiu de cinza.               Aqui faço um recorte de algumas leituras que de alguma forma dialogam sobre os efeitos noc...