Antigo Cinema Rio Grande – Igreja Internacional da Graça de Deus
Os caminhos da cidade
trás inquietações múltiplas, seja o vai e vêm de gente, o barulho de automóveis
ou as paisagens construídas/reconstruídas... são gerações de transeuntes de
tempos presentes e distantes a se reconhecerem, ou não, diante de uma urbe e suas
diversas camadas. A urbe é uma sala de aula a céu aberto, seu encandeamento de
saberes nos convida a conhecer a rede urbana tecida ao longo do tempo. “O
patrimônio histórico, por ser uma produção cultural, encerra em si
características que favorecem, facilitam a relação ensino/aprendizagem por
parte de quem utiliza, por parte daqueles que o usam como fonte documental para
obtenção de conhecimentos a respeito de uma determinada época, de determinadas
condições socioeconômicas de produção de determinado bem, das relações de poder
que demonstram que tal móvel ou imóvel, por pertencer a uma determinada parcela
mais abastada da sociedade, então, foi construído com material de melhor
qualidade, pode explicitar continuidades e mudanças ocorridas em determinados
locais, entre várias outras potencialidades que estes documentos apresentam
[...]” (OLIVEIRA, 2011, p. 54). O Antigo Cinema Rio Grande, uma edificação da
década de 1940, conforme Anchieta Fernandes: “No dia 11 de fevereiro de 1949,
às 17 horas, o bispo diocesano Dom Marcolino Dantas, benzeu o novo cinema”. A
grande tela foi substituída pelo altar da Igreja Internacional da Graça de
Deus. Seus fundadores, Otacílio Maia, Rui Moreira Paiva, Raul Ramalho e João
Messena, celebraram o sucesso do empreendimento naquela tarde/noite do 11 de
fevereiro. O cinema contava com sorveteria, bar, bomboniere e nigth-club, este
era o templo da sétima arte idealizado por seus sócios. Com a crise dos anos de
1980 surgiu no mesmo espaço, o Cine Rio Verde 1 e o Cine Rio Verde 2, era o
último “suspiro” de atividade do antigo cinema Rio Grande. Hoje Natal não tem
os cinemas de ruas. As sessões vespertinas e os lanches e encontros na saudosa
Casa da Maçã ficaram guardada no velho baú das memórias afetivas. Sobre
políticas de Preservação do Patrimônio, acredito ser o desafio primeiro: “[...]
manejar essa transformação de maneira que não se rompa a delicada tessitura
entre a tradição e a contemporaneidade, pois, ao intervir no bem patrimonial,
nós o estamos modificando, sempre. Afinal, pela tradição, ele já nos chega
tematizado e, pelo tempo, com sua significação “original” perdida.” (CARSALADE,
2017, p. 145).
(Referência: CAPISTRANO,
Luciano Fábio Dantas. Divagações: memória, fotografia e história. Natal: Sebo
Vermelho, 2019; OLIVEIRA, Almir Félix Batista de. Memória, história e
patrimônio histórico. São Cristovão: Editora UFS, 2010; CARSALADE, Flávio de
Lemos. A preservação do patrimônio. REVISTA DO PATRIMÔNIO, nº 36, 2017, p
136-149).
Projeto: Das ruas às
redes: Quinta da história.
(Foto e texto: Professor
Luciano Capistrano)
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