terça-feira, 11 de abril de 2017

E a República segue seus caminhos: Que país é esse?


E a República segue seus caminhos:
Que país é esse?
Luciano Capistrano

Professor: Escola Estadual Myriam Coeli
Historiador: Parque da Cidade



Pátria mal-amada


Pátria mal-amada
Lama no Planalto Central
Enredo dissonante do Hino Nacional

Brasil Res-pública, velhas raposas oligarcas, Estado
Patriarcal, lapidam o tesouro nacional.
Pátria mal-amada
Lama no Planalto Central
Enredo dissonante do Hino Nacional

Ordem e Progresso
Positivismo vão, filhos da Casa Grande e Senzala
Constroem uma nação e lá fora dizem:
Democracia racial.

Pátria mal-amada
Lama no Planalto Central
Enredo dissonante do Hino Nacional

Falsas ilusões, transas não republicanas
Lava Jato, Zelotes, público é privado
Financiamento de campanhas eleitorais,
Ratos saem dos esgotos, e
Transformam em privada nosso pátria amada
Salve, salve, Brasil.

Pátria mal-amada
Lama no Planalto Central
Enredo dissonante do Hino Nacional
(Luciano Capistrano)

           Era 15 de novembro de 1889, quando se deu o grande ato, a ventania vinda das ruas fez balançar os quartéis, a espada é içada, e, a República Proclamada, nasceu, assim, um novo modelo político no Brasil, caminha a nação agora não mais sob as ordens do Império, Dom Pedro II é deposto. Deodoro ordena a prisão do visconde do Ouro Preto, auxiliar do imperador, Ouro Preto, foi uma das últimas cartadas para apaziguar o desejo de mudanças, a elite cafeeira e as camadas medias urbanas, não mais acreditavam no Império, as províncias uma a uma aderem ao movimento republicano.


A Monarquia, cuja índole política era a de não aceitar as medidas tidas como arrojadas, temendo sempre por sua estabilidade, não foi capaz de, durante o processo das transformações por que passava a sociedade do Império, dar respostas às novas exigências de mudanças. Os homens poderosos do regime, recrutados nas províncias cujo prestígio era do passado, não pretendiam correr riscos impostos pelas exigências dos novos segmentos sociais – grandes proprietários de terra, especialmente do Oeste de São Paulo, representantes das classes médias urbanas, etc. (CASALECCHI, José Enio. A proclamação da república. Brasiliense, p.97 – tudo é história).


          A ideia, o desejo de implantação da República não ocorreu, claro, da noite para o dia, a Inconfidência Mineira é um bom exemplo da mobilização de parte da sociedade brasileira havida por novos rumos, transformações sociais e de ações administrativas, o poder centralizador do imperador e seu conservadorismo não atendiam mas as demandas sociais, lembremos das revoltas regenciais, onde vários movimentos já apontavam o descontentamento crescente, dos mais diversos segmentos sociais, com as políticas implantadas por Dom Pedro II. É importante termos conhecimento dos limites de transformação social do movimento republicano, pois:

Em fins do Império, o dado realmente novo não foi o republicanismo, mas sim o fato de esse movimento envolver agora a nata da elite econômica – os fazendeiros de café paulistas -, e também o de ser politicamente moderado e socialmente conservador. (PRIORE, Mary Del; VENANCIO, Renato. Uma breve história do Brasil. Ed. Planeta, p.211/212)


          Decorre deste, digamos, conservadorismo do movimento republicano a manutenção do "status quo". Não ocorreu transformações nas relações sociais significativas, os "donos do poder", antigos apoiadores do regime monárquico, passaram a apoiar a república, muitos assumiram cargos importantes no novo governo, como verificamos as velhas oligarquias se revestiram de novas roupagens. Mantinham-se, deste modo, o mesmo núcleo social a frente do poder político. Como diria Lourival Açucena:

Esses arautos políticos,
Quer de uma, quer doutra grei,
Quando estão de baixo gritam:
"Viva o povo’  "Abaixo o Rei"!
Mas, o sábio Rei,
Que conhece tudo,
Faz que não entende,
Fica surdo e mudo;
E o povo que idéia
Não tem dos negócios
Vai crendo nas loas
Dos tais capadócios...
Já ouviu, Yayá?
(A Política  poesia de Lourival Açucena)

          Nestes anos de república, o Brasil, aos poucos, mudou, mudanças à brasileira, lentas, para utilizar um lema dos famigerados períodos dos governos dos generais presidentes, "lenta, gradual e segura", assim, é a transformação vivida, um movimento de avanços e recuos. Meu amigo velho, finalizo, este artigo, fazendo um convite a reflexão, sobre a República e seus caminhos, uma nação em ebulição constante, se no horizonte surgem nuvens obscuras, vejamos no tremular de nossa bandeira a história de um povo, que se fez brasileiro, e, como cantou os legionários, ainda, procuramos respostas: Que país é esse?

Foto: Luciano / Beth

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